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Resultados enfrentam a cautela da inflação

A pressão derivada do aumento dos salários retira qualquer espaço para um adiamento do prazo para a subida dos juros.
  • 1 – Estados Unidos (8,1 mil toneladas)
11 Outubro 2021, 11h25

Depois dos non-farm payrolls de sexta-feira, que deixaram os investidores a coçar a cabeça à procura de um caminho para o curto-médio prazo da economia dos EUA, Wall Street acorda para mais uma semana que terá o adoçante do início da época de resultados, onde os olhos estarão mais direccionados para os outlooks do que propriamente para o resultado das empresas no trimestre que terminou, isto porque começa a ser mais evidente a probabilidade da inflação estar para ficar nas principais economias, para além do tempo inicialmente previsto, muito por causa do aumento dos custos energéticos e de algumas matérias-primas, ao que se junta a escassez de produtos e subprodutos para o sector da manufactura, como por exemplo no caso dos chips.

Se à primeira vista a desilusão no número de empregos criados, muito por causa de uma contracção no mercado laboral do Governo dos EUA em contraciclo com a expansão no privado, podia levar a um cenário ligeiramente mais dovish para a mentalidade dos membros da Fed nos próximos tempos, o certo é que a pressão derivada do aumento dos salários retira qualquer espaço para um adiamento do prazo para a subida dos juros, uma vez que com um crescimento de 0,6% no mês de Setembro e de 4,6% em termos anuais, a massa salarial das empresas está a sofrer uma pressão ascendente significativa, com a tentativa de angariarem mão de obra, que também ela escasseia, aliás a queda na taxa de desemprego para os 4,8% nos EUA em vez dos 5,1% antecipados, foi principalmente pela redução da oferta de 183.000 trabalhadores, que está agora em menos três milhões do que havia antes da Covid.

Portanto se por um lado existem indícios de uma possível redução da actividade económica por causa da escassez de recursos materiais e humanos, por outro a escalada dos preços não tem para já fim à vista, o que começa a criar um cenário hipotético, mesmo que temporário, daquilo que o mercado menos gosta, “stagflation“, ou seja um crescimento económico mais reduzido, mesmo anémico, ao mesmo tempo que a inflação é persistentemente elevada.

É esta possibilidade que pode vir a complicar o trabalho dos bancos centrais, nomeadamente a Fed, pois não podem apertar o cinto da política monetária para não correr o risco da inflação subir ainda mais, mas também têm de manter um nível mínimo de estímulos para suportar a economia, é este o tema que poderá vir a dominar as atenções nas próximas semanas e que terá a época de resultados como interveniente, dado que podem surgir indicações das empresas sobre os impactos da inflação nas perspectivas.

O gráfico de hoje é do S&P500, o time-frame é diário.

 

 

O principal índice continua “preso” entre a média móvel dos 50 dias (laranja) e a dos 100 dias (vermelho), ou seja, numa fase de indecisão.

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