‘Retiro’. Esta será uma das formas de o presidente do Conselho Europeu, António Costa, organizar as tropas europeias. O primeiro destes encontros, realizado em Bruxelas, Bélgica, foi na segunda-feira, e teve como tema a Defesa.
E na área da defesa foram diversas as posições demonstradas por vários líderes europeus. Destacaram-se a importância que a guerra entre Ucrânia e Rússia teve no “despertar” do bloco europeu.
O retiro serviu para vários dirigentes políticos europeus também transmitirem a importância da Europa manter um relacionamento com os Estados Unidos na área da Defesa.
A reunião deu conta ainda de divergências entre vários países. Há quem defenda empréstimos conjuntos da União Europeia (UE), na área da Defesa, e por outro lado quem rejeite essa possibilidade.
E ainda existiram reações às tarifas impostas pelos Estados Unidos a Canadá, México e China.
O presidente de França, Emmanuel Macron, em declarações à comunicação social, citado pelo “Reuters”, na chegada ao ‘retiro’ identificou a pandemia da Covid-19 e o conflito entre Rússia e Ucrânia como momentos que levaram a UE a “despertar”.
Macron afirmou que a situação que se vive na Ucrânia, bem como as posições que têm sido tomadas pela administração do novo presidente norte-americano, Donald Trump, “empurraram” os europeus “a serem mais unidos” e mais ativos na resposta a assuntos ligados à sua “segurança coletiva”. O líder francês defendeu também um reforço na indústria da Defesa e na compra de mais armas europeias.
Este mesmo ‘retiro’ europeu, convocado por António Costa, levou a que o primeiro-ministro da Polónia, Donald Tusk, defendesse a não imposição de restrições à compra de armas.
O governante polaco colocou a segurança como sendo “a maior prioridade” para a Polónia, afirmando, citado pela “Reuters”, que as relações com os Estados Unidos, o Canadá e a Noruega em termos de defesa devem “manter-se na linha da frente”.
Por outro lado o primeiro-ministro da Bélgica, Bart De Wever, considerou que a Europa estava “um pouco preguiçosa” no que diz respeito à Defesa, e defendeu que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, acabou por “acordar” a Europa.
O governante belga defendeu que é preciso “manter o relacionamento” com os Estados Unidos, e proceder a um reforço da defesa europeia, e que a aliança transatlântica “é o caminho a seguir”.
Os Estados Bálticos, assinalou a “Reuters”, defenderam empréstimos conjuntos da União Europeia para despesas de defesa, uma medida a que Alemanha e Países Baixos deram o seu “não”. A agência noticiosa assinalou que em 2024 os países da União Europeia gastaram uma média de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a 326 mil milhões de euros, mais 30% face a 2021. Donald Trump considerou que os membros europeus da NATO deveriam gastar 5% do seu PIB em defesa.
Anunciando este retiro, António Costa, salientou que esta é a primeira vez, que os 27 líderes da União Europeia, se vão reunir para discutir em exclusivo à defesa.
“Mas não estamos a começar do zero. O nosso esforço vai no sentido da continuação do trabalho que foi iniciado durante a cimeira em Versalhes, em Março de 2022, quando decidimos que a União Europeia precisava de assumir uma maior responsabilidade pela sua própria defesa”.
O objetivo de Costa com este retiro passava por existir uma discussão “franca, aberta e livre” à volta de três pontos principais: “Quais são as prioridades que se precisa de desenvolver de forma colaborativa? Como podemos assegurar o financiamento necessário? Como podemos reforçar as nossas parcerias existentes?”.
António Costa tinha a expetativa que este retiro, entre os líderes europeus, desse à Comissão Europeia e à Alta Representante para a Política Externa, Kaja Kallas, a “orientação política” para o próximo Livro Branco sobre a Defesa.
Este encontro teve também a presença do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Mark Rutte, e do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.
Num fim-de-semana marcado pelo avançar das tarifas dos Estados Unidos, a México e Canadá de 25% e à China de 10%, e com um ‘retiro’ europeu na segunda-feira, já existiram reações quer de líderes políticos europeus como também de responsáveis políticos da União Europeia a este anúncio das tarifas por parte dos Estados Unidos.
A responsável da União Europeia para a política externa, Kaja Kallas, citada pela “Reuters”, disse que se existir uma guerra comercial entre Estados Unidos e Europa, “quem se fica a rir” é a China.
Kaja Kallas considerou que os Estados Unidos e a União Europeia “estão interligados”, pelo que a comunidade precisa dos Estados Unidos e os Estados Unidos precisam da União Europeia.
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