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Reunião de Paris: Ucrânia influenciará segurança europeia “por gerações”

Na cimeira de Paris, a segunda – que parece ter sido organizada para dar a conhecer de viva voz o que se passou na primeira – ficou mais uma vez claro o apoio à Ucrânia por parte da União Europeia.
20 Fevereiro 2025, 07h00

O resultado da guerra na Ucrânia moldará a segurança europeia para as “gerações vindouras”, disse o primeiro-ministro sueco Ulf Kristersson após a reunião de emergência de líderes europeus, mais uma vez convocada pelo presidente francês Emmanuel Macron. “Na Ucrânia, a Europa e o mundo estão numa encruzilhada. O fim da guerra na Ucrânia afetará e moldará a segurança de toda a Europa nas próximas gerações. Levamos isso muito, muito a sério”, disse.

O encontro parece ter servido – e de outra forma não podia ser – para colocar os países europeus que não foram convocados para o anterior encontro de emergência (na passada segunda-feira, também em Paris) a par e de viva voz com o que foi acordado no primeiro encontro. Talvez por isso, o contingente de notícias sobre o assunto foi muito parco – dado que, em substância, do encontro não saiu nada que fosse diferente do que sucedeu antes. O primeiro-ministro português esteve no encontro – por videoconferência, segundo a Renascença.

De substancial ficou a saber-se que Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer viajarão para Washington na próxima semana. Starmer já tinha feito saber que tinha viagem marcada para Washington, mas ser acompanhado por Macron é novidade – dada a conhecer pelo conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Michael Waltz, em entrevista à Fox News, e que a imprensa francesa não conseguiu confirmar (até à hora do fecho deste jornal) junto da presidência francesa.

Waltz acrescentou que a administração Trump está a envolver-se com “todas as partes” com o objetivo de conseguir um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia – o que, para todos os efeitos, não é verdade, dada a dupla cimeira de Paris esta semana. A visita dos líderes francês e britânico faz parte das reuniões organizadas por Washington para encontrar uma solução para o conflito, disse ainda. E acrescentou: “Nem todos entenderam que a era das guerras sem fim, com morte e destruição de todos os lados, custando centenas de bilhões e centenas de milhares, até mesmo milhões de vidas, acabou”.

Mas nem todos nos Estados Unidos alinham com Trump. Mesmo alguns republicanos: Mike Pence, vice-presidente de Trump durante o primeiro mandato, disse em mensagem publicada nas redes sociais que “a Ucrânia não ‘começou’ esta guerra. A Rússia lançou uma invasão brutal e injustificada que custou centenas de milhares de vidas. O caminho para a paz deve ser baseado na verdade”. Pence – que se desentenderia com Trump depois das eleições ganhas por Joe Biden (uma vez que aceitou a derrota do ‘seu’ presidente) – afastou-se do partido republicano e da política em geral.

Entretanto, o chanceler alemão Olaf Scholz, que não estava convocado para a cimeira parte II, disse em Berlim que “é simplesmente errado e perigoso negar ao presidente Zelensky a sua legitimidade democrática”, respondendo assim aos comentários de Trump, que acusou o seu homólogo ucraniano de ser um “ditador não eleito”. O chanceler lembrou que foi a Rússia de Vladimir Putin que iniciou a guerra na Ucrânia: “a Ucrânia vem-se defendendo há quase três anos contra uma implacável guerra de agressão russa. Dia após dia”.

Do seu lado, o secretário-geral da NATO, que também não estaria em Paris, prometeu a Zelensky o apoio inequívoco da organização, incluindo dos Estados Unidos, apesar das críticas feitas por Donald Trump. “Acabei de atualizar Volodymyr Zelensky sobre boas impressões que troquei com Keith Kellogg [responsável do Departamento de Estado dos EUA para a Rússia e Ucrânia] sobre as negociações de paz”, escreveu Mark Rutte nas redes sociais. Qualquer coisa aqui, evidentemente, não bate certo: a conversa entre o secretário-geral da NATO e Zelensky ocorreu na mesma altura em que Trump o apelidou de “ditador não eleito”.

O secretário-geral da NATO acrescentou que também conversou com o presidente ucraniano sobre as reuniões em Paris entre os líderes dos países da União Europeia sobre “como é que podem contribuir para uma paz duradoura, e como é que podem fazer com que a Ucrânia seja forte”.

Entretanto, António Costa, presidente do Conselho Europeu (que também não esteve em Paris), disse que “a paz e a segurança da Europa estão também nas comunidades locais. A paz e a segurança da Europa são também da vossa responsabilidade. A União Europeia será mais forte e bem-sucedida apenas se nós, vocês, todos, agirmos de mãos dadas. Porque a situação exige urgência. Precisamos de uma mentalidade de defesa europeia a todos os níveis na Europa”, disse durante a 164.ª sessão plenária do Comité Europeu das Regiões.

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