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Rio considera que Pinto Balsemão “sofreu imensas traições”

O presidente do PSD afirmou ter testemunhado que Francisco Pinto Balsemão “sofreu imensas traições” no tempo em que foi primeiro-ministro, sem querer nomear ninguém. Marcelo Rebelo de Sousa associou-se ao evento de homenagem ao antigo primeiro-ministro por apenas alguns instantes.
2 Setembro 2021, 20h55

O presidente do PSD afirmou ter testemunhado que Francisco Pinto Balsemão “sofreu imensas traições” no tempo em que foi primeiro-ministro, sem querer nomear ninguém, mas considerou que em termos absolutos “hoje é muito mais duro”.

Rui Rio falava nos jardins da residência oficial de São Bento, no final de uma cerimónia de homenagem ao VII Governo Constitucional, chefiado por Francisco Pinto Balsemão, em 1981, há 40 anos, promovida pelo primeiro-ministro, António Costa.

Durante esta cerimónia, o antigo presidente do Governo Regional dos Açores e da Assembleia da República, João Bosco Mota Amaral, apontou Balsemão como alguém que fez “política com ‘P’ grande” e que foi vítima do “mais intenso e menos fundamentado” ataque ‘ad hominem’ e de “traições mesquinhas” dentro do partido que fundou, o PSD.

Questionado sobre a intervenção de Mota Amaral, o presidente do PSD concordou que Balsemão “sempre fez política com ‘P’ grande” e referiu que “se dizia que era demasiado evoluído para um país na altura tão atrasado quanto Portugal, que ‘seria um bom primeiro-ministro na Noruega, aqui tem mais dificuldade'”.

“Na altura ele sofreu imensas traições e imensa oposição, e de que maneira. Eu estava lá, vi isso, mas estive sempre do lado dele”, afirmou Rio Rio, recordando que nesse período fez parte do Conselho Nacional do PSD e depois da direção nacional de Balsemão.

Escusando-se a “fazer uma lista e enumerar aqueles que eram os principais adversários do doutor Balsemão”, o presidente do PSD disse que foram “dificuldades no relacionamento com o CDS e dificuldades mesmo dentro do próprio partido”.

Comparando esse tempo com o presente, acrescentou: “Hoje a informação é muito diferente, os comentários, os jornais, tudo funciona de forma muito diferente, a internet. Na altura era muito diferente. Em termos relativos, não sei se ele foi alvo de mais ataques do que aquilo que hoje eu possa ser, mas em valor absoluto não tenho dúvidas de que hoje é muito mais duro”.

Rui Rio disse que nesta sessão de homenagem pôde “reviver muitas situações do passado” e escusou-se a fazer quaisquer leituras sobre eventuais críticas indiretas a Marcelo Rebelo de Sousa no discurso de Mota Amaral ou sobre a relação do atual Presidente da República com Francisco Pinto Balsemão.

Já antes, o primeiro-ministro destacara a ação política e empresarial de Pinto Balsemão, que liderou os VII e VIII governos constitucionais (1981/1983), na “libertação da sociedade civil”, visando especialmente a criação de uma “plena” democracia representativa em Portugal.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, marcou presença no início da homenagem. Chegou pouco antes das 17h00 e esteve reunido numa sala do Palacete de São Bento com Francisco Pinto Balsemão e a sua mulher, Mercedes Balsemão, com o antigo presidente do Governo Regional dos Açores Mota Amaral, Ferro Rodrigues e António Costa, tendo saído pouco depois.

António Costa disse que o motivo de se estar a homenagear dois governos que, no conjunto, duraram apenas dois e meio, e porquê homenagear governos sujeitos a elevadas dificuldades no quadro económico e ao nível da estabilidade política.

“O teste sobre a dificuldade da governação foi bem demonstrado na dificuldade da sucessão de Pinto Balsemão. Por paradoxal que possa parecer, a dificuldade da substituição demonstra bem a dificuldade que exigia a governação”, sustentou, apontando aqui que o atual presidente do grupo Empresa apresentou a sua demissão em dezembro de 1982 do cargo de primeiro-ministro.

“E manteve-se em funções por mais seis meses, aguardando a falhada tentativa de uma nova solução interna, depois da dissolução da Assembleia da República, a realização de novas eleições, e o longo período de negociação” para a formação do executivo do Bloco Central”, PS/PSD, justificou.

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