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Rio de Janeiro recebe BRICS focados na defesa do multilateralismo

Vladimir Putin, alvo de um mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), por suspeita de deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia, participará apenas por videoconferência.
6 Julho 2025, 08h26

A cidade brasileira do Rio de Janeiro acolhe a partir de hoje a cimeira de líderes do grupo BRICS, num primeiro dia centrado na ambição das economias emergentes em reformar as instituições internacionais e na defesa do multilateralismo.

“Eu acho que a mensagem principal é essa: no momento de tantas crises internacionais, conflitos, a gente está vivendo uma sucessão de conflitos que só aumentam de ano para ano, ter um conjunto de países reafirmando o poder da diplomacia, da cooperação, da necessidade de atuar de forma conjunta, para resolver os problemas da população e não para gerar mais destruição, como os conflitos, é uma oportunidade que a gente sempre tem de aproveitar”, disse o embaixador Mauricio Lyrio, guia das discussões e acordos dos chefes de Estado na conferência, designado pela presidência brasileira dos BRICS.

Ao todo estarão presentes cerca de 30 países e uma dezena de 9 organizações internacionais, com o chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva a liderar a reunião, que deverá contar com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, do Presidente de Angola e da União Africana, João Lourenço, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, entre outros.

As principais ausências são as dos chefes de Estado russo e chinês, dois países fundadores dos BRICS.

Vladimir Putin, alvo de um mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), por suspeita de deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia, participará apenas por videoconferência.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, serão os representantes daqueles dois países fundadores do grupo, que representa mais de 40% da população global e mais de 35% do produto interno bruto (PIB) mundial.

No primeiro dia, os chefes de Estado e de Governo dos BRICS têm agendadas duas sessões plenárias, a primeira sobre “Paz e Segurança e Reforma da Governança Global” e a segunda relativa ao Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Económico-Financeiros e Inteligência Artificial”.

Nesta última, deverá ser discutida a revisão das participações acionárias no Banco Mundial, o realinhamento de quotas do FMI e o aumento da representação dos países em desenvolvimento em posições de liderança nas instituições financeiras internacionais e a importância de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU.

Para além disso, e tal como tem vindo a acontecer durante as reuniões ministeriais dos BRICS ao longo dos últimos meses, deverá ser feita uma denúncia ao aumento de medidas protecionistas unilaterais injustificadas, numa referência às medidas anunciadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump; assim como um apelo ao reforço da utilização de moedas locais no comércio entre os países do bloco.

No último dia, na segunda-feira, sessão plenária será sobre “Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global”.

Termo criado por um analista da Goldman Sachs sobre economias emergentes, o BRIC, constituído inicialmente pelo Brasil, Rússia, Índia e China, reuniu-se pela primeira vez ao nível de chefes de Estado em 2009, e alargou-se à África do Sul em 2011. Atualmente, inclui ainda o Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irão e Indonésia, bem como a Arábia Saudita, que foi convidada mas ainda não confirmou a sua adesão, para além de mais de uma dezena de países parceiros convidados.

Esta é a primeira reunião que congrega a nova configuração do grupo com 11 países membros.

O Brasil mobilizou cerca de 20 mil militares, além de caças com mísseis, sistemas anti-drone e atiradores de elite para garantir a segurança do evento, que decorre na “cidade maravilhosa” hoje e segunda-feira.

A operação de segurança, denominada Comando Operacional Conjunto Redentor, prevê ainda a utilização de 300 viaturas, 38 veículos blindados, 18 barcos e oito helicópteros.

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