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Robótica e automação podem gerar retorno sobre investimento de 200%

As empresas procuram aumentar a eficácia e diminuir custos com a utilização da Robotic Process Automation, que tem uma aplicação transversal, segundo as consultoras Deloitte e PwC.
  • FILE PHOTO: People look at a RoboThespian humanoid robot at the Tami Intelligence Technology stall at the WRC 2016 World Robot Conference in Beijing, China, October 21, 2016. REUTERS/Thomas/File Photo
23 Março 2019, 14h00

Mais do que roubar tarefas humanas, os robôs e a inteligência artificial podem fazer com que as empresas repensem os seus métodos de trabalho e melhorem a produtividade. A PricewaterhouseCoopers (PwC) estima que a aplicação da tecnologia Robotic Process Automation (RPA) nos centros de serviços partilhados possa gerar retornos de investimento na ordem dos 200%. Logo, prevê-se que, por cada euro investido, as organizações recuperem um euro e ainda poupem outros dois euros nos custos de operação.

Contudo, ainda reside a dúvida sobre se estes sistemas são o “bicho-papão” do mercado laboral. Segundo um estudo da consultora britânica, as mulheres serão as mais afetadas no trabalho durante a próxima década, enquanto os empregos masculinos estarão mais em risco a longo prazo. Em Portugal, a robótica e a automação tornarão desnecessários 1,1 milhões de trabalhadores e criarão outros 1,1 milhões de empregos até 2030, de acordo com a conclusão da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, McKinsey e Nova SBE. Muitas vezes, os especialistas referem que os colaboradores de uma empresa – neste caso, os humanos (mesmo os de carne e osso) – devem trazer valor acrescentado para não serem substituídos pelas máquinas. Como? A solução pode passar por criar um sistema automático de apoio a técnicos que estejam a atender os clientes, instalar centros de excelência internos de robótica ou comprar software RPAaaS (RPA as a Service).

Apesar de estes investimentos estarem mais associados a empresas de maior dimensão, dada a sua exigência orçamental, qualquer organização deve aproveitar esta oportunidade de mudança para “rever, normalizar e melhorar os processos”, conforme sugere Nelson Fontainhas, sócio da Deloitte. Para este partner, as benesses da robótica extravasam a redução de custos, inclusive nos recursos humanos, e abarcam também a melhoria na absorção de picos de trabalho e o aumento da rastreabilidade, qualidade e compliance. “Ao nível de eficiência, tanto conseguimos racionalizar 20% a 30% de um backoffice como automatizar quase em mais de 95% um processo. Com base na nossa experiência de mais de 400 processos automatizados por estas tecnologias em Portugal, podemos dizer que com baixos investimentos as empresas conseguem benefícios bastante significativos”, explica ao Jornal Económico. De entre 478 empresas inquiridas pela consultora sediada em Nova Iorque, 37% disseram que a RPA ainda se encontrava em prova de conceito/valor e 31% admitiram que nem a tinha implementado. Daí o alicerce de uma equipa de TI formada ser “fundamental” e tenha quase duplicado no último ano, de 31% em 2017 para 58% em 2018.

Miguel Dias Fernandes, sócio da PwC, acredita que a RPA marca a diferença em termos de eficiência operacional. “Há alguns anos vimos as organizações a externalizar os seus processos de suporte para offshores, em que os custos de mão de obra eram significativamente inferiores. Estamos agora a assistir ao movimento inverso, em que essas mesmas organizações estão novamente a internalizar processos, tentando conjugar uma maior proximidade entre as áreas de suporte e o negócio com os consequentes benefícios que daí advêm”, refere ao semanário. O consulting partner diz que a aplicação desta tecnologia é transversal a todos os segmentos de atividade, uma vez que se foca essencialmente nos processos de suporte e administrativos. “Todas as componentes de um processo que podem ser parametrizadas, que são repetitivas e com regras e passos totalmente definidos, são passíveis de robotização”, garante. A natureza colateral da RPA é uma ideia partilhada por Nelson Fontainhas, que afirma ter clientes de quase todas as indústrias (entre as quais telecomunicações, energia, banca e seguros, construção, retalho, transportes, entre outras) na base de dados nacional.

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