O economista Nouriel Roubini, que antecipou a crise financeira de 2008 e trabalhou como consultor de Bill Clinton e Barack Obama, defendeu a necessidade dos estímulos orçamentais, mas alerta que Portugal, a par dos outros países do Sul da Europa, irão precisar de consolidação orçamental no médio prazo.
“O ano passado e este ano é o momento dos estímulos orçamentais”, disse em conferência de imprensa, após o Warm Up do QSP Summit, esta quinta-feira, no Porto, com transmissão online. No entanto, advertiu que Portugal, Itália, Espanha e Grécia “eventualmente irão precisar de consolidação orçamental”.
O macroeconomista norte-americano argumentou que “são precisos estímulos agora, mas com o tempo irá precisar de consolidação orçamental”, recordando que o quantitative easing do Banco Central Europeu “não irá durar para sempre”.
“O governo a médio prazo tem que reduzir o défice e a dívida”, vincou, ainda que realçando que este caminho deve ser gradual, num cenário que durante a intervenção que fez à tarde já tinha assinalado: “o défice orçamental vai continuar a aumentar e Portugal corre o risco de que o défice se torne insustentável”.
Realçando que antes da chegada da pandemia, a economia portuguesa apresentava uma boa performance, frisou que, contudo, “há receio que 2/3 dos postos de trabalho criados nos últimos quatro anos possam desaparecer”, salientando como o peso do turismo no PIB e como este setor foi “muito atingido”.
Apesar de considerar que a resposta do país à primeira vaga do vírus foi bem sucedida, também assinalou que “a reabertura foi exagerada”, sobretudo em novembro e dezembro e no Natal, provocando uma nova vaga, que obriga “a um confinamento muito restritivo e que vai levar à recessão”.
Ainda assim, destaca que se a pandemia voltar a estar controlada e o plano de vacinação corra bem, poderá haver recuperação económica a partir do verão, mesmo que seja preciso “chegar até 2021 para vermos os níveis de PIB que tínhamos antes da pandemia”.
“Estou preocupado a curto prazo, mas a médio prazo ainda temos boas perspetivas”, vincou, dando nota de que Portugal continua a ser atrativo para o investimento directo estrangeiro.
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