O advogado e assumido candidato à presidência do SL Benfica (eleições estão marcadas para outubro deste ano) considera que o recente aumento do empréstimo obrigacionista, de 35 para 50 milhões, deverá servir para pagar o ordenado de Jorge Jesus e para contratar um ou mais jogadores.
Em entrevista ao “Jornal Económico”, Rui Gomes da Silva critica a utilização de meios do clube para defender a recandidatura de Luís Filipe Vieira, coloca em causa o projeto desportivo da Benfica SAD e, a poucos dias da eventual confirmação do título por parte do FC Porto, o advogado questiona como é que “um clube intervencionado pela UEFA” quase ganha três títulos consecutivos ao Benfica que, de acordo com os seus responsáveis, tem apresentado resultados financeiros “do outro mundo”.
A recandidatura de Luís Filipe Vieira é uma fuga para a frente perante a contestação e a notícia do desenvolvimento do processo referente à Operação Lex?
O presidente do Benfica será a melhor pessoa para responder a isso. Historicamente, as recandidaturas são anunciadas em alturas muito favoráveis ou em momentos de grave crise onde se procura uma “onda de apoio” que sustente o poder em exercício e que o conduza a mais um mandato. O atual presidente anda em fuga para a frente desde que começou a antecipar receitas de futuros mandatos. Também podemos pensar que o faz quando vemos a utilização de meios do Benfica para promover a sua candidatura como foram as declarações do vice presidente com grande destaque nos meios de comunicação do clube.
O Benfica prepara-se para contratar um treinador que já tinha contratado em 2009. O que é que esta eventual decisão diz do projeto desportivo do Benfica?
Que projecto? A marca de água na governação de Luís Filipe Vieira neste último mandato foi o depauperar da qualidade do plantel em nome do “Benfica negócio”. É o único “projecto” que conheço neste Benfica 2016-2020. Infelizmente para todos nós benfiquistas, que olhamos para o clube com a paixão e a ambição a que fomos habituados no passado.
O Benfica encontra-se fragilizado ao insistir na contratação de um treinador que entrou em rota de colisão com esta direção?
O Benfica está fragilizado por resultados desportivos medíocres com o segundo título do FCP (que se adivinha) em três possíveis. Num mandato em que nos apresentaram resultados financeiros “do outro mundo” afinal quase que perdíamos até três títulos seguidos para um clube intervencionado pela UEFA e desesperado por qualquer cêntimo de receita.
Que futuro para os jovens da Academia do Seixal com Jesus a tomar conta do futebol do Benfica?
Não sei se Jorge Jesus será mesmo treinador do Benfica. Não posso responder por quem lá está ou por quem estará até eu tomar posse como presidente do Benfica, como assim espero que aconteça. O que lhe garanto é que, presidindo ao Benfica, o Seixal será um meio para alimentar a equipa principal e não uma plataforma de transferências. Qualquer treinador do Benfica, quando eu for presidente, saberá que terá jogadores experientes e de qualidade para construir uma equipa, mas também terá que valorizar e utilizar os melhores valores jovens do clube.
Como interpreta o aumento do empréstimo obrigacionista para 50 milhões de euros?
Não compreendo para que será. Domingos Soares de Oliveira dizia no final de Abril que mesmo após o reembolso do empréstimo obrigacionista 2017-2020, o Benfica continuaria “com uma posição de caixa extremamente favorável e positiva”. A pandemia não explica nada, até porque o Benfica nem sequer sentiu necessidade de reduzir temporariamente vencimentos no futebol. Provavelmente parte deste montante servirá para pagar os valores absurdos que Jorge Jesus pede para voltar, e mais um ou outro jogador. A minha equipa financeira está preparada para encontrar qualquer cenário no Benfica, e temos soluções para lidar com surpresas desagradáveis, se for o caso.
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