A ausência da TAP na discussão no contexto do novo aeroporto foi o ponto que mais surpreendeu Rui Quadros, especialista em gestão aeronáutica com experiência na Iberia, PGA e Grupo SATA e professor no ISEC, em entrevista ao JE.
Esta terça-feira, a Comissão Técnica Independente (CTI) deu por concluído o seu trabalho de análise às várias soluções propostas e deu o seu aval à solução Alcochete, através de uma combinação Aeroporto da Portela + Campo de Tiro de Alcochete.
Como recordou o JE a 26 de abril, o Campo de Tiro de Alcochete foi a localização escolhida pelo Governo de José Sócrates em 2009. No entanto, este projeto nunca saiu do papel, tendo sido interrompido na altura devido à crise económica.
Note-se que esta opção prevê duas pistas, com a capacidade para 80 movimentos por hora e possibilidade de expansão até quatro pistas. 5.550 pessoas expostas ao ruído. Fica a 40 quilómetros de Lisboa, cerca de 40 minutos. Sem ferrovia. Inicialmente, previa a construção da terceira travessia sobre o Tejo para a ligação ferroviária. Uma das vantagens é que os terrenos pertencem ao Estado.
Ao JE, este especialista começa por elogiar “a qualidade do trabalho realizado por especialistas altamente qualificados”, enaltecendo o trabalho da CTI. Rui Quadros destaca que “é comum que estas avaliações devam dar mais prioridade à infraestrutura, impacte ambiental, viabilidade técnica e financeira, deixando de lado considerações mais específicas sobre empresas de transporte aéreo envolvidas numa operação aeroportuária”.
“A ausência de discussões sobre a TAP, no contexto do novo aeroporto, como principal companhia aérea no hub de Lisboa, é notável e merece atenção. Acredito que, ao tomar uma decisão deste calibre, é fundamental considerar o potencial de crescimento e desenvolvimento da TAP (passageiros, tráfego aéreo e impacte económico são cruciais para a decisão sobre o novo aeroporto)”, lamenta o especialista em aeronáutica.
Para Rui Quadros, “a TAP desempenha um papel vital no desenvolvimento do hub de Lisboa, e a falta de uma menção detalhada à sua influência no contexto político atual, pelos próprios políticos, é surpreendente. O poder político deve ponderar cuidadosamente o papel da TAP, independentemente da sua potencial situação de privatização, já que isso implicaria gastos significativos para o erário público quando se escolher o novo aeroporto”.
“Com a recente reorganização das companhias aéreas na Europa (companhias de baixo custo e das Full service), incluindo fusões, aquisições e alianças, é preocupante realizar um investimento substancial sem ter a certeza sobre o futuro e a estabilidade da TAP, e o que esta representa para o nosso turismo”, conclui.
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