O atual presidente do PSD, Rui Rio, anunciou nesta terça-feira que não irá participar na campanha interna para as eleições diretas em que os militantes sociais-democratas escolherão o próximo presidente do partido, dizendo que prefere concentrar-se na preparação de um “programa eleitoral sério e exequível” e de uma “campanha eleitoral eficaz” que permita derrotar António Costa nas legislativas marcadas para 30 de janeiro de 2022.
Sem se referir ao rival Paulo Rangel, que procura evitar a sua reeleição enquanto presidente do PSD – sendo que na semana passada foi ainda confirmada a candidatura do militante Nuno Miguel Henriques -, Rio sublinhou que o seu mandato só termina em fevereiro, muito embora o Conselho Nacional deste sábado tenha decidido que as eleições diretas irão realizar-se a 27 de novembro e o congresso do partido tenha sido antecipado para 17, 18 e 19 de dezembro.
“Enquanto presidente do PSD no pleno exercício das funções compete-me preparar o partido para as eleições nacionais e não para a disputa interna”, disse Rio, voltando a insistir em que a disputa interna concede “uma vantagem enorme” a um PS “fortemente comprometido com a extrema-esquerda”. E ainda que, com a sua recusa em envolver-se na disputa interna, contribuirá para “reduzir a conflitualidade interna inerente a um processo eleitoral interno”.
Rio disse que não irá participar em qualquer debate com Paulo Rangel, defendendo que estes “até podem ser prejudiciais” para o PSD, contrapondo o “interesse do partido” ao “espetáculo interessante” que em sua opinião teriam para a comunicação social.
Abriu, no entanto, uma exceção na campanha interna para a Região Autónoma da Madeira, onde Paulo Rangel se deslocou na véspera, justificando o “contacto exclusivo com militantes do partido” por não se ter deslocado a essa parte do território nacional durante a campanha eleitoral para as autárquicas.
Admitindo que as eleições internas de 27 de novembro vão escolher o candidato do PSD a primeiro-ministro, definindo-o como “aquele que mais depressa vai poder conquistar o voto dos portugueses”, Rio defendeu que os militantes do partido saberão que é ele a escolha indicada. “Se eu perder a liderança é tempo perdido para o PSD”, disse o atual líder social-democrata, recusando, entre risos, que tema enfrentar o eurodeputado. “Medo de quê? Quantos debates eu já fiz na vida? Com quantas pessoas já debati?”, disse.
Rui Rio começara a sua declaração, na sede do PSD no Porto, reiterando que considera “totalmente desadequada” a antecipação do congresso para antes das legislativas. “Durante quase dois meses o partido vai estar concentrado numa disputa interna quando deveria estar focado no país e na preparação das eleições”, disse, acrescentando que os sociais-democratas se irão “enredar numa trapalhada político-administrativa que irá provocar mais divisões e mais confusões” e lembrando que as listas de candidatos a deputados terão de ser entregues nos tribunais na segunda-feira imediatamente a seguir ao congresso.
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