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Rui Rio disponível para viabilizar governo minoritário do PS (com áudio)

Entrevistado pela RTP3, o atual líder social-democrata afastou hipótese de ser vice-primeiro-ministro de António Costa e disse esperar que também os socialistas lhe permitam governar se vencer as legislativas. Quanto ao rival que antes disso terá de derrotar nas diretas para a presidência do PSD, Rio foi taxativo: “Paulo Rangel não está preparado para ser primeiro-ministro”.
  • Rui Rio em entrevista à RTP
11 Novembro 2021, 01h58

O atual presidente do PSD, Rui Rio, disse estar disponível para viabilizar um governo minoritário socialista e espera igual abertura por parte do PS se vier a vencer as legislativas marcadas para 30 de janeiro de 2022. “O meu PSD está disponível para conversar com o PS depois das eleições. Não posso andar a criticar António Costa por se ter encostado ao PCP e ao Bloco de Esquerda e depois fazer a mesma coisa”, disse o líder social-democrata numa entrevista à RTP3 em que voltou a defender que a realização de eleições diretas no seu partido a dois meses da ida dos portugueses às urnas é “um completo absurdo” e disse que o seu rival Paulo Rangel não está preparado para ser primeiro-ministro.

No final da entrevista, conduzida por Vítor Gonçalves, Rio garantiu que se o PSD ganhar sem maioria absoluta – sendo essa uma fasquia que considerou dificilmente alcançável tanto pelo seu partido como pelos socialistas – estará na disposição na negociar à sua esquerda, com o PS, e à sua direita, com o CDS-PP e a Iniciativa Liberal. Com a diferença de que admite integrar elementos dos dois últimos partidos num governo liderado por si, afastando tal hipótese no caso do PS, pois isso constituiria um Bloco Central que favoreceria os extremos – razão pela qual também disse que nunca aceitaria ser vice-primeiro-ministro de um executivo de António Costa, limitando-se a viabilizar a sua governação.

“Aquilo que o país exige é não ficarmos com um governo em gestão por uns meses até à Assembleia da República ser dissolvida outra vez. Em termos de interesse nacional tenho que reconhecer que o outro ganhou se for isso o que acontecer”, disse Rui Rio, ressalvando que terá uma posição diferente se o PSD for o segundo partido mais votado mas houver deputados à direita suficientes para garantir maioria parlamentar. “Teria a obrigação de procurar fazer isso com o CDS e a Iniciativa Liberal”, acrescentou, recordando ter concordado com a solução que permitiu ao social-democrata José Manuel Bolieiro tornar-se presidente do Governo Regional dos Açores.

Mas apesar de a solução governativa nessa região autónoma envolver apoio parlamentar do Chega, Rio afastou que esse partido possa integrar uma eventual maioria de centro-direita saída das próximas legislativas, meses depois de admitir repensar a sua estratégia caso o partido fundado por André Ventura se moderasse. “O Chega não se moderou e isso não interessa para o caso, pois sempre disse que nunca haveria coligação pré ou pós-eleitoral. E como o Chega diz que não participa sem ter ministros a questão está resolvida”, sentenciou.

Resultado “muito positivo” em 2019

Já o início da entrevista foi dedicada a novas críticas ao processo eleitoral em curso no PSD, com o atual líder social-democrata a insistir em que a participação na campanha para as diretas, da qual se excluiu na terça-feira, “não é compaginável com ser candidato a primeiro-ministro”.

“Tenho que ganhar as legislativas, mas em primeiro lugar tenho que estar preparado”, disse Rui Rio antes de afirmar que Paulo Rangel “não está preparado para ser primeiro-ministro”. “Quando lançou a candidatura achava que tinha dois anos para se preparar para as eleições de 2023”, defendeu o incumbente com que o eurodeputado disputará a liderança do partido nas diretas, antecipadas para 27 de novembro pelo Conselho Nacional do PSD reunido no sábado passado, tendo os militantes ainda a opção de votarem em Nuno Miguel Henriques.

“Sempre que alguém se propôs a dois ou três meses das eleições acabou por perder”, reforçou o atual líder social-democrata, recordando os casos do seu correligionário Mota Pinto em 1983 e dos socialistas Almeida Santos em 1985 e Ferro Rodrigues em 2o2.

Rui Rio defendeu que o balanço dos seus dois mandatos à frente do PSD permitia “uma forte hipótese de ganharmos as legislativas, mais até do que agora”, referindo-se à manutenção do governo regional da Madeira, ao regresso ao governo regional dos Açores, à reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa para a Presidência da República e à conquista da Câmara de Lisboa como exemplos disso.

Recordado pelo entrevistador da omissão do resultado das legislativas de 2019, quando o PSD não foi além de 27,9% dos votos, Rio defendeu que este “foi muito positivo”, nomeadamente por o PS não ter obtido maioria absoluta, “ao contrário do que as sondagens diziam”.

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