O ex-presidente do PSD Rui Rio disse hoje que “os desenvolvimentos” na pré-campanha eleitoral, com averiguações judiciais em curso, mostram que “a Justiça não aprendeu nada” e não acredita em coincidências.
À margem da apresentação do livro que reúne textos dos subscritores do Manifesto dos 50, lançado para assinalar um ano de atividade em defesa de uma reforma da Justiça, visando nomeadamente a atuação do Ministério Público, logo após o caso ‘Influencer’ ter provocado a queda do Governo, Rui Rio disse que a pré-campanha já demonstrou que “a Justiça não aprendeu nada”.
“Sinceramente, se há diferenças, são minúsculas, tem de se ver com uma lupa”, disse o ex-líder social-democrata, que também não acredita em coincidências no caso das averiguações preventivas ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, e ao líder do PS, Pedro Nuno Santos.
“Eu não acho que seja coincidência, (…) eu não quero criar polémica sobre isto agora tão em cima das eleições, (…) não me posso esquecer que fui, durante muitos anos, e fui ainda o anterior líder do PSD, duas vezes candidato a primeiro-ministro, tenho de ter algum recato nestas leituras nesta altura. Depois das eleições eu posso dar a minha visão sobre porque é que tudo isto aconteceu ou está a acontecer. De qualquer maneira, posso dizer aquilo que já disse, se aprenderam alguma coisa foi muito pouco”, disse Rui Rio.
O ex-presidente do PSD disse também que nunca achou que “a simples mudança do Procurador-Geral da República (PGR) alterava profundamente alguma coisa” e, ainda sobre Amadeu Guerra, que avisou perto do início da sessão o seu impedimento para estar presente no lançamento do livro, Rui Rio disse que o aviso à última hora “não é um mau sinal”, mas a presença “teria sido um bom sinal”.
Rui Rio disse que o papel de sensibilização da opinião pública para as questões que o Manifesto aponta foi conseguido e reiterou que nunca foi objetivo ver concretizada uma reforma da justiça no espaço de um ano, que só acontecerá quando a sociedade pressionar o poder político nesse sentido.
“Enquanto o poder político não achar que fazer a reforma da Justiça dá votos, enquanto achar que é um tema que não dá votos, com a preocupação que tem, não de reformar o país, mas de ganhar votos para as próximas eleições, vão sempre adiar o tema e não vão fazer nada de fundamental, não tenho dúvida nenhuma sobre isso”, disse.
Para Rui Rio, o poder político “não tem consciência profunda da gravidade da situação” na Justiça e insiste em dar prioridade a temas como Saúde ou os impostos por entender que são “votos mais diretos”.
“Quando há eleições a curto prazo preocupam-se com as eleições que vai haver, quando não há preocupam-se com o telejornal da noite, e portanto estão sempre a dizer aquilo que entendem que é popular e que dá votos”, disse.
O livro ‘Pela Reforma da Justiça. O Grupo do Manifesto dos 50’ foi hoje apresentado na Fundação Champalimaud pelas impulsionadoras e subscritoras do Manifesto, a socialista e ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, e a vice-presidente do PSD Leonor Beleza, pelo ex-presidente do Tribunal Constitucional João Caupers e pelo jornalista e subscritor do Manifesto Miguel Sousa Tavares.
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