Ao mesmo tempo que, na passaada semana, Juan Guaidó, visto como o presidente interino da Venezuela por cerca de 60 países – entre os quais os Estados Unidos – o poderoso chefe da diplomacia de Mocovo, Sergey Lavrov (um dos ministros mais próximos de Vlamdimir Putin), fazia uma rápida visita à América Latina.
Lavrov esteve precisamente na Venezuela, onde voltou a manifestar total apoio ao regime de Nicolás Maduro, a quem visitou no Palácio Miraflores, sede do governo. A Rússia é agora o principal apoio estrangeiro do regime Maduro: nos últimos anos, Moscovo apoiou a Venezuela com milhões de dólares em acordos comerciais e linhas de financiamento, a pontos de se tornar no segundo parceiro de negócios e credor, logo a seguir à China. Caracas deve cerca de 5.600 milhões de euros à petrolífera russa Rosneft, que está a pagar pouco a pouco com petróleo.
A dívida garante a Moscovo acesso às interessantes reservas venezuelanas, com o país da América Latina comprador de produtos agrícolas e de saúde da Rússia, para além de ser um bom cliente da indústria de defesa russa.
Lavrov anunciou que os acordos comerciais seriam estendidos: “é importante desenvolver a nossa cooperação técnica militar, para aumentar a capacidade de defesa da Venezuela contra ameaças externas”, afirmou o ministro russo, num quadro em que, se nada mudou na Casa Branca, a opção militar para resolver o problema do regime de Maduro continua em cima da mesa.
Os analistas observam que para além da questão comercial e do petróleo, é importante para a Rússia manter uma presença sólida no ‘quintal’ dos Estados Unidos em termos estratégicos e geopolíticos. Aliás, Moscovo está interessado em assumir ali o papel de moderador e de fator de ligação para uma solução política da crise venezuelana. Para todos os efeitos, Moscovo está interessado em que nada ali se faça sem o seu acordo.
O ministro das relações externas esteve também por estes dias no México e em Cuba – a ilha continua a ser um dos regimes mais generosamente apoiados por Moscovo, enquanto que o México, bem às portas dos Estados Unidos, assume também uma importância geoestratégica fundamental. Será de recordar que o México nunca esteve nos radares russos, mas a chegada de Andrés Manuel López Obrador ao poder mudou um pouco as coisas. Nesse sentido, a posição do México em relação à Venezuela, que busca um caminho de diálogo, tem sido fundamental.
A viagem de Lavrov serve também de resposta a uma viagem que recentemente levou o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo à Ucrânia, Bielorrússia, Cazaquistão e Uzbequistão, ou seja, ao ‘quintal’ russo.
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