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Rússia e Ucrânia próximos de um acordo de neutralidade, diz Sergey Lavrov

Em mais um dia de negociações entre os dois países, a Rússia insiste na neutralidade da Ucrânia e a sua não entrada na NATO, mas o governo de Zelensky continua a dar mostras de pouca convicção num desfecho positivo.
Russian Foreign Minister Sergei Lavrov speaks during a news conference after a meeting with his counterparts Walid al-Muallem from Syria and Mohammad Javad Zarif from Iran in Moscow, Russia, October 28, 2016. REUTERS/Sergei Karpukhin
16 Março 2022, 18h25

Em entrevista a órgãos de comunicação social acreditados na Rússia, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, disse que os dois países “estão perto de chegar a acordo” com um quadro mediador das suas relações em que a Ucrânia assumirá um estatuto de neutralidade semelhante àquele que têm, para já, países como a Suécia e a Áustria.

A ser verdade – até ao fecho desta edição não havia qualquer notícia que desse conta da concordância nesse sentido da parte do governo de Volodymyr Zelensky – a proposta seria um primeiro passo para o fim dos combates no terreno, ao mesmo tempo que cumpriria um dos três itens que o Kremlin considera não-negociáveis: a não entrada da Ucrânia na NATO.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia disse que este estatuto está a ser “seriamente discutido” entre os dois países, mas na frente das negociações os ucranianos não parecem estar tão entusiasmados: essa “é apenas a posição solicitada pelo lado russo”, disse o chefe da equipa negociadora ucraniana, Mykhailo Podolyak.

No encontro desta tarde foi debatido um esboço de um plano de paz de 15 pontos, que prevê a renúncia da Ucrânia à adesão à NATO e uma limitação de suas Forças Armadas – em troca de um cessar-fogo e da retirada das tropas russas.

Volodymyr Zelenski destacou na noite de terça-feira que as reuniões continuarão nos próximos dias e que “as posições parecem mais realistas”, mas não se referiu em concreto a nenhum dos itens em debate.

Por seu turno, Lavrov destacou que ambas as partes estão agora mais perto de aceitar alguns compromissos, entre os quais o da neutralidade da Ucrânia: “sou guiado pelas avaliações dos nossos negociadores. Dizem que as conversas não são fáceis por razões óbvias. No entanto, há esperança de se chegar a um compromisso”.

Alguns dos pontos em debate têm a ver com o uso da língua russa na Ucrânia e a liberdade de expressão. Mas nem todas as matérias são do conhecimento público. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que é ainda muito cedo para divulgar qualquer conjunto de possíveis acordos entre Moscovo e Kiev.

Mesmo assim, Lavrov disse que “há uma série de formulações dos acordos com a Ucrânia sobre o estatuto de neutralidade e garantias de segurança que estão prestes a serem alcançadas”, mas lamentando que o seu homólogo ucraniano, Dimitro Kuleba, “não tenha apresentado novas ideias” durante o encontro que ambos mantiveram na Turquia.

Lavrov disse ainda que os Estados Unidos têm um papel decisivo na definição da posição das autoridades ucranianas nesta matéria, mas não vê por parte da administração Biden qualquer interesse em resolver o conflito “rapidamente”.

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