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Russos e sauditas prometem controlo eficiente da cotação do petróleo em 2021

O ministro saudita da Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman teve conversas, em Riade, no sábado, com o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, em que acordaram realizar diversas reuniões ao longo do ano para ajustarem decisões sobre o débito da produção petrolífera mundial. A próxima reunião será já a 4 de janeiro.
David M. Parrott/Reuters
19 Dezembro 2020, 20h57

Ano novo, vida nova e mais eficiente a controlar a cotação do petróleo. É assim que o cartel alargado dos países exportadores de petróleo – a “OPEP+” -, encara o mercado internacional em 2021, introduzindo maior dinamismo no processo de decisões que ajustem a produção petrolífera mundial, tantas vezes quantas for necessário ao longo do ano, de forma a monitorizarem coordenadamente a evolução das cotações.

Nesse sentido, russos e sauditas aproximaram entendimentos sobre a forma como analisam a evolução do mercado e já formalizaram uma agenda mútua com muitas reuniões ao longo do ano.

Isto significa que a “OPEP+” vai reagir mais rapidamente às mudanças e terá uma abordagem mais prática do mercado de petróleo em 2021, graças à sua agenda acelerada de reuniões mensais, refere a agência Bloomberg, citando contactos marcados pelo cartel petrolífero alargado com os representantes da Rússia e da Arábia Saudita, que são os líderes deste grupo informal.

O objetivo do cartel petrolífero alargado da Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais os países seus aliados – a “OPEP+” –, é programar conferências mais frequentes da “OPEP+”. Se esta agenda “sobrecarregada” for concretizada, vários tecnocratas do mundo petrolífero e líderes das políticas energéticas em países produtores de petróleo terão condições para “orientarem” o mercado do petróleo nos próximos meses, sobretudo “não especuladores”, segundo referiu à Bloomberg o ministro saudita da Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman.

O ministro saudita manteve contactos com os jornalistas precisamente depois de ter tido conversas exploratórias, em Riade, no sábado, com o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak.

“Estamos a fazer reuniões mensais porque acreditamos que o mercado ainda não recuperou e ainda está extremamente volátil”, explicou, por seu turno, Alexander Novak, admitindo que a “OPEP+” precisa de “rotinar uma abordagem mais prática para ser capaz de reagir mais rapidamente”.

Depois de uma difícil ronda de negociações realizada no início de dezembro, a “OPEP+” concordou em agendar reuniões todos os meses, aumentando de forma significativa a sua programação bianual tradicional. A próxima reunião ocorrerá já a 4 de janeiro, para tomarem a decisão sobre um possível aumento de até 500 mil barris diários a colocar no mercado internacional.

Mesmo assim, os dois ministros reafirmaram seu compromisso com a estratégia de cortes da produção para travar eventuais quedas de cotação do petróleo. Paralelamente, as relações económicas Rússia-Arábia Saudita têm vindo a aumentar, dinamizando o crescimento do comércio bilateral e promovendo investimentos conjuntos dos fundos soberanos dos dois países.

“Estamos unidos no mesmo compromisso” de garantir a estabilidade do mercado de petróleo, declarou o príncipe Abdulaziz. As conversas presenciais em Riad serão seguidas por uma outra reunião em março, e constituem um passo sólido em direção a um relacionamento fortalecido, comentou Alexander Novak.

Concluída a sua viagem à Arábia Saudita, o líder russo terá uma reunião já na próxima segunda-feira com o ministro do petróleo iraniano, Bijan Namdar Zanganeh, em Moscovo, revelaram à agência Bloomberg os assessores russos. Bijan Namdar Zanganeh tem agendados contactos com o seu recém-nomeado homólogo russo Nikolay Shulginov, para discutir os últimos desenvolvimentos ocorridos no mercado petrolífero, confirmaram quer o ministério iraniano, quer o porta-voz de Shulginov.

O Irão pretende duplicar a sua produção petrolífera para cerca de 4,5 milhões de barris por dia em 2021, o que, aparentemente, conflitua com os esforços da “OPEP+” em estabilizar o débito da produção petrolífera, evitando grandes aumentos da quantidade de petróleo entregue aos principais traders internacionais de petróleo.

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