O Crédit Suisse em Portugal assiste a uma saída em bloco dos quadros da unidade de wealth managment. Ao todo, dez elementos da equipa da gestão de fortunas pediram a demissão e anunciaram que vão sair em agosto, soube o Jornal Económico.
Depois de em fevereiro ter saído José Maria Cazal-Ribeiro – que foi o fundador da sucursal do banco suíço, em 2013, sendo substituído como Head of Portugal por Gonçalo Maleitas Correia -, é a vez deste último anunciar também a saída. Com Gonçalo Maleitas Correia saem mais nove membros da equipa de gestão de fortunas: Gonçalo Pinto Basto, Salvador Roque de Pinho, Francisco Sampaio Pimentel, Luís Barata, Gonçalo Viana de Sousa, Luís Barreto Xavier e três assistentes.
Fontes do mercado asseguram que os 10 quadros do Credit Suisse e José Maria Cazal-Ribeiro poderão rumar a Madrid para integrarem uma equipa de gestão de património que irá acompanhar o mercado português no rival suíço Julius Baer.
O Julius Baer está muito interessado em reforçar o acompanhamento do mercado português, mas para já irá fazê-lo a partir de Madrid e não conta abrir, no curto prazo, uma sucursal em Lisboa.
O Julius Baer International tem estado a apostar na gestão de fortunas e a recrutar equipas de banqueiros aos rivais UBS e Credit Suisse.
Esta debandada do Crédit Suisse Portugal ocorre numa altura em que o responsável a nível mundial da gestão de fortunas do Credit Suisse, Iqbal Khan, anunciou a sua saída do segundo maior banco suíço, liderado desde 2015 pelo CEO Tidjane Thiam. O que poderá ter gerado incerteza na área do International Wealth Management (IWM). Mas, segundo as nossas fontes, a razão da saída em bloco em Portugal prende-se mais com a necessidade de manter a equipa de IWM em Portugal unida, o que, aparentemente, só é possível num novo projeto.
Segundo notícias da Reuters e do “Financial Times”, a saída do CEO do International Wealth Management resultou de uma disputa de poder no topo do banco suíço, com o presidente-executivo Tidjane Thiam.
O banqueiro de 43 anos, que foi responsável pelos sólidos ganhos de crescimento e rentabilidade no Credit Suisse e pôs a área de Wealth Management a liderar os resultados do banco, poderá mudar-se para o rival suíço UBS, uma vez que para o Julius Baer International, para onde chegou a ser dado como certo, acaba de ser nomeado Philipp Rickenbacher como CEO.
Já em agosto de 2018, Cláudio de Sanctis, então CEO da International Wealth Management Europe, tinha abandonado o Credit Suisse na sequência de uma reestruturação da área.
O Credit Suisse em Portugal anunciou recentemente que Miguel Seabra, o até agora Head of Portugal Front Office, assumiu o cargo de Market Leader do Credit Suisse Portugal, que acumulará com o de co-Branch Manager da sucursal portuguesa do Credit Suisse (Luxembourg), posição que já desempenhava anteriormente.
O banco suíço tem estado a recrutar em Portugal depois dos dez elementos terem pedido a demissão num curto espaço de tempo. O Credit Suisse anunciou entretanto a contratação de quatro novos elementos para a equipa. Um deles é Carlos Santos Lima que é o novo Head of Portugal Front Office e assumirá, também, o cargo de co-Branch Manager da sucursal portuguesa do Credit Suisse (Luxemburgo). Carlos Santos Lima era, até ao momento, o responsável pelo Private Wealth do Santander Portugal.
Entram também Francisco Guedes de Sousa e Paulo Tapada dos Santos que se juntam à equipa portuguesa como Relationship Managers do Credit Suisse Portugal.
O Credit Suisse Portugal, que se dedica à gestão de fortunas de muito alto rendimento (ultra-high net-worth individual), normalmente acima de 50 milhões de dólares, tem sido uma das sucursais com um crescimento mais rápido, desde que abriu, em julho de 2013.
Gonçalo Maleitas Correia, que lidera a equipa que está em debandada, juntou-se ao Credit Suisse em 2013, quando foi nomeado Portugal Branch Manager e a partir de 1 de janeiro de 2019 assumiu a função de Head of Portugal, com responsabilidade pelas equipas em Londres, Genebra e Lisboa.
A Península Ibérica é da maior importância para o Credit Suisse, sendo um dos seus três principais mercados estratégicos na Europa. O Credit Suisse foi eleito o melhor banco de Wealth Management em 2018 pela “Euromoney” em quatro regiões: Europa Ocidental, Europa Central e Oriental, Oriente Médio e América Latina.
Artigo publicado na edição nº 1997, do dia 12 de julho, do Jornal Económico
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