[weglot_switcher]

Salário ganha ênfase nos últimos dois anos para reter talento por causa da inflação

Diante dos desafios estruturais, as empresas optam por medidas mais controladas nos aumentos salariais, procurando garantir a sustentabilidade a longo prazo e a capacidade de continuar a investir em áreas essenciais para o crescimento e inovação.
4 Novembro 2024, 16h29

A WTW, empresa internacional especializada em consultoria, corretagem e soluções, apresenta as principais conclusões do seu estudo de remunerações e benefícios dedicado ao mercado geral.

Segundo a consultora, o salário continua a ser a prioridade para atrair e reter colaboradores e a sua importância ganhou maior ênfase nos últimos dois anos, motivado pelo ambiente inflacionista.

Imediatamente a seguir, apresenta-se a segurança do emprego e, se por um lado a flexibilidade do trabalho é o terceiro elemento que mais atrai os colaboradores às empresas, o que os faz ter vontade de ficar são as relações interpessoais.

A WTW, através dos resultados preliminares do seu estudo Salary Budget Planning Report, refere que os empregadores estão a planear um aumento de 3,8% em 2025, ligeiramente acima das últimas projeções em julho deste ano.

Apesar destes resultados poderem ainda ser alterados na edição de dezembro de 2024 deste estudo, o cenário atual indica que a inflação de 2025 a descer aos 1,7%, este aumento salarial traduzir-se-á num aumento real de 2,1%, superior em 1% ao que havia sido projetado em julho.

O estudo diz ainda que “a economia portuguesa tem demonstrado uma resposta positiva desde a pandemia, beneficiado de uma combinação de fatores, incluindo o consumo privado, a recuperação do turismo, a descida da inflação e a redução do desemprego. No entanto há ainda um caminho exigente pela frente. Existem desafios estruturais como a baixa produtividade, o envelhecimento populacional e o investimento moderado, que é preciso ultrapassar”.

Diante desses desafios estruturais, as empresas optam por medidas mais controladas nos aumentos salariais, procurando garantir a sustentabilidade a longo prazo e a capacidade de continuar a investir em áreas essenciais para o crescimento e a inovação.

No estudo do mercado geral, observa-se que 46% dos colaboradores portugueses se encontram na carreira profissional, ou seja, desempenham funções que requerem o domínio de um campo de especialização normalmente relacionado com qualificação profissional e/ou formação académica, tendo sido nesta carreira que as empresas mais profissionais contrataram em 2024.

Também foram nessas funções que os salários mais cresceram para aqueles que foram promovidos, explica a WTW.

Se a mediana dos aumentos salariais em 2024 é de 3,6%, a percentagem para os colaboradores promovidos alcançou, em média, os 6% em funções de produção, 7% em funções de suporte técnico e administrativo ao negócio, profissionais e gestores, ainda segundo o mesmo estudo.

Os Executivos promovidos nas suas funções foram os que receberam percentagens de aumento salarial inferiores, na ordem dos 4%.

Segundo Sandra Bento, Associate Director da WTW, “as empresas reconhecem a importância de valorizar os seus colaboradores, especialmente aqueles que demonstram desempenho excecional e são promovidos a posições de maior responsabilidade. Essa valorização reflete-se em aumentos salariais mais significativos”.

“Ao oferecer aumentos salariais maiores, as empresas reforçam a mensagem de que o desempenho e a dedicação são recompensados”, acrescenta.

“Como o talento é essencial para o sucesso de qualquer organização, aumentos salariais superiores ajudam a reter esses talentos, reduzindo a rotatividade e a garantir que a empresa mantém uma equipa experiente e motivada”, conclui Sandra Bento.

Na secção de benefícios deste estudo, é observada a prática de 84% das empresas a atribuir cuidados de saúde através de planos privados, 81% benefícios de bem-estar, 72% benefícios de risco e apenas 36% benefícios de reforma.

Se, em 2017, 28% dos colaboradores diziam que o seu pacote de benefícios foi a razão pela qual tomaram a decisão de trabalhar para a empresa, em 2024 esse número alcança 42% das empresas.

Numa perspetiva de retenção, 48% referem que o seu pacote de benefícios é uma razão importante pela qual permanecem no seu empregador atual.

O estudo de remunerações e benefícios do mercado geral é da responsabilidade das áreas de Rewards Data Intelligence e Health and Benefits, a área de investigação e pesquisa de mercado da WTW, responsável pelos surveys que permitem caracterizar o mercado português no que toca às suas práticas salariais e de benefícios, combinando os inputs do mercado com tecnologia e um profundo conhecimento dos setores de atividade.

A primeira versão do estudo já publicada contou com a participação aproximada de 350 empresas, com dados de 57.000 colaboradores, o que permitiu conhecer as práticas de mercado de 387 especialidades em 49 famílias de funções.

A nível mundial, a investigação teve a participação de mais de 12 mil organizações e dados individuais de 32 milhões de colaboradores.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.