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“Salários dos avaliadores têm de subir urgentemente”

Numa altura em que o setor imobiliário cresce de forma expressiva em Portugal, o responsável máximo da associação explica que o mesmo não se aplica ao vencimento dos peritos avaliadores.
24 Novembro 2018, 09h00

Fundada em 2010, a Associação Profissional das Sociedades de Avaliação (ASAVAL) representa fundamentalmente as sociedades de avaliação que operam em Portugal. Atualmente, o grupo engloba cerca de dois terços das avaliações que são realizadas para o setor financeiro, sendo membro e representando o TEGoVA (The European Group of Valuers’ Associations), que agrega 76 associações de 37 países, num total de mais de 70 mil avaliadores.

O TEGoVa regista duas acreditações profissionais, reconhecidas a nível europeu: o REV (Recognised European Valuer) e o TRV (TEGoVA Residential Valuer), com a ASAVAL a atribuir também esse reconhecimento em Portugal, tendo já 40 peritos acreditados.

Paulo Barros Trindade é o presidente desta associação que realiza cerca de 150 mil avaliações anuais para a área financeira. Em entrevista ao Jornal Económico, o perito avaliador fala no papel da empresa que “representa peritos avaliadores de imóveis, onde fazemos as avaliações na sua maioria para o setor financeiro, que é o nosso principal cliente”.

Para garantir a total independência dessa avaliação, a ASAVAL “tem um código de ética e deontologia que define todas as questões de conflitos de interesse, de isenção, de imparcialidade”, explicando em que situações a empresa é chamada a intervir. “Pode ser na fase da aquisição do imóvel e, antes da pessoa tomar uma decisão, quer ter uma opinião avalizada e fundamentada. Podemos entrar numa fase posterior, onde a pessoa vai fazer o seu empréstimo ao banco para adquirir o imóvel, e nós entramos para efeito de uma garantia que vai ser constituída desse empréstimo, que está a adquirir junto de um banco”, afirma.

Sobre o elevado preço atual das casas, o presidente da ASAVAL destaca a importância do perito avaliador saber “traduzir aquilo que se passa no mercado”, até porque “se o mercado está numa perspetiva de evolução positiva de valores, temos de estar por dentro de como é que essa evolução se está a proceder, para podermos atribuir o valor correto ao imóvel”, afirma o responsável, que vê no mercado nacional uma “preocupação”, no sentido dos portugueses saberem avaliar o seu património da melhor forma.

“Há neste momento uma preocupação de quem tem património em tentar perceber quanto é que ele vale, tentar colocá-lo, ou pelo menos uma parte, no mercado para aproveitar a dinâmica que ele tem”, sublinha. Apesar desta ser uma área de atividade considerável, Paulo Barros Trindade não vê a necessidade da criação de uma Ordem dos Avaliadores Imobiliários. “Não temos dimensão para a existência de uma ordem de avaliadores. É importante que as associações continuem a fazer o trabalho que têm estado a desenvolver, no sentido de criar melhores condições no desenvolvimento da atividade e dela poder ser exercida”, refere.

Uma das queixas apresentadas por esta associação prende-se com o tempo definido para a realização de uma avaliação. “Com esta aceleração que houve no setor financeiro, começou-se novamente a reduzir os prazos de entrega das avaliações para 48 horas. Esse tempo não é compatível com um trabalho decente e de qualidade para ser feito por um perito. Defendemos que devemos ter pelo menos um prazo de quatro a cinco dias para fazer uma avaliação”, destaca Paulo Barros Trindade, que revela um sentimento de injustiça face às remunerações que um perito avaliador recebe.

“Numa fase em que estamos a recuperar em termos económicos (os preços das casas sobem), mas na área dos avaliadores ainda não existe essa retoma (salarial). Os salários têm que acompanhar essa responsabilidade e têm de ser urgentemente atualizados”, dando como exemplo o trabalho “mais básico” de um apartamento, onde “o valor de referência de 150 euros seria justo e neste momento andará por metade (por avaliação)”, afirma o secretário-geral da ASAVAL, Carlos Calvário.

Uma situação que, para ser alterada, depende, na sua opinião, das “sociedades de avaliação começarem a vincar que, para fornecermos um serviço de qualidade, temos de ser ressarcidos do mesmo e de forma compatível. E passa também pelos clientes do setor financeiro reconhecerem, que se querem qualidade, tem de ser paga, e que já passámos o período da pior crise dos últimos anos”, sublinha o perito avaliador, que na sua profissão assegura fornecer quatro elementos: conhecimento, qualificação, confiança e responsabilidade.

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