Os bancos Santander Totta, Novobanco e Montepio registaram em conjunto lucro anual de 1,6 mil milhões de euros, após a apresentação dos resultados de 2023 apresentados na última semana. No caso do Santander Totta e Novobanco os lucros representaram um crescimento homólogo de 57,3% e 32,5, respetivamente, impulsionados pelo ambiente favorável das taxas de juro, enquanto o Montepio verificou uma quebra de 16,4%.
O Santander Totta registou lucros de 894,6 milhões de euros em 2023, que se traduziu numa rentabilidade de 23,4%. A margem financeira disparou 90,5% para 1.491 milhões de euros, devido à conjuntura de rápida subida dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE).
O produto bancário cresceu 51,5% e atingiu quase os 2.000 milhões de euros (1.956,2 milhões), graças à receita de juros, já que as
outras componentes registaram uma diminuição, com destaque para as comissões líquidas que caíram 2,8% para 457,0 milhões. Os resultados em operações financeiras ascenderam a 23,9 milhões de euros, um decréscimo de 27,4% face a 2022.
Os custos operacionais cresceram 7,0% relativamente ao mesmo período de 2022, refletindo o contexto inflacionista que caraterizou a maior parte do ano. Mas a subida dos custos deve muito ao crescimento da massa salarial que subiu 8%. Pedro Castro e Almeida, CEO do banco, elogiou a importância da rentabilidade da banca para a economia do país.
Os resultados dos bancos devem-se à subida rápida das taxas de juros, depois de uma década de taxas negativas. “Tivemos uma rápida subida das taxas de juro do ativo (crédito) e um aumento gradual da taxas de passivo (depósitos)”, disse.
As taxas subiram muito rapidamente e o malparado não subiu por causa do pleno emprego, e não foi só por causa da poupança Covid, disse o CEO que sublinhou que as provisões são subiram significativamente porque o malparado não subiu expressivamente.
Por sua vez, o Novobanco reportou lucros de 743,1 milhões de euros em 2023, com uma rentabilidade dos capitais próprios tangíveis (ROTE) de 20,4%. A Margem Financeira ascendeu a 1.142,6 milhões de euros, mais 83% face aos 625,5 milhões de euros, um ano antes, em resultado, do “ambiente favorável das taxas de juro, e da gestão criteriosa das taxas de juro dos ativos e do custo de financiamento”.
As comissões ascenderam a 296,1 milhões, o que traduz um aumento de 0,9% face a 2022, com o impacto das alterações legislativas a condicionarem, em parte, a evolução positiva deste agregado.
Os resultados de operações financeiras foram positivos em 14,7 milhões, incluindo uma perda líquida de 12 milhões de euros com a
alienação de títulos parcialmente compensada por ganhos excecionais com cambiais e coberturas. “As reservas de justo valor da carteira de títulos registaram um aumento de 37,9 milhões durante o ano de 2023”, lê-se no comunicado.
A subida dos lucros decorre da melhoria do produto bancário de 28,0% para 1.442,3 milhões, apesar dos custos operativos terem aumentado 6,9% (+6,2% excluindo os itens de natureza excecional) para 479,2 milhões e da normalização do nível de provisionamento.
No último trimestre do ano, os resultados de operações financeiras incluem uma perda na alienação de títulos “parcialmente compensada por ganhos excecionais com cambiais e coberturas (30,6 milhões), reduzindo as perdas potenciais da carteira de custo amortizado para 105 milhões (líquido de coberturas e impostos)”. O Novobanco regista uma redução de 130 milhões de euros na carteira de dívida pública portuguesa em 2023 para 851 milhões.
Já no caso do Montepio registou um lucro de 28,4 milhões de euros, com a rentabilidade dos capitais próprios a fixar-se em 9,3%. No comunicado o banco destaca que no ano em que celebra 180 anos de existência, “divulga um resultado líquido consolidado de 28,4 milhões de euros e recorrente de 144,5 milhões de euros com referência ao exercício de 2023, representando este último a melhor rendibilidade alguma vez obtida pela instituição e traduzindo um aumento de 110,7 milhões face aos 33,8 milhões registados no final de 2022”.
Este seria o lucro de 2023 “excluindo o efeito da reclassificação da reserva cambial no valor de 116,1 milhões de euros, na sequência da desconsolidação do Finibanco Angola no 1º semestre de 2023, sem qualquer impacto na situação líquida ou nos rácios de capital”.
A evolução favorável dos resultados foi determinada pelo aumento do produto bancário, suportado no crescimento da margem financeira e das comissões líquidas.
A receita de margem financeira subiu 62,3% para 408,1 milhões de euros e as comissões foram 5,4% superiores ao registado em 2022 ao cifrarem-se em 127 milhões de euros.
Do lado dos custos houve um agravamento de 3,8% para 255,8 milhões. As imparidades para crédito aumentaram 36,3 milhões de euros num ano, para 49,6 milhões.
Os custos operacionais incluem o aumento dos custos com pessoal em 1,1 milhões, (que incluem a contabilização de 8,2 milhões, de encargos extraordinários no âmbito do programa de ajustamento do quadro de colaboradores, em comparação com 10,5 milhões, em 2022).
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