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Santos Silva: “Temos de olhar para Angola como se fosse o nosso próximo Brasil”

Num discurso proferido na conferência “O lugar de África na política externa de Portugal”, promovida pela Abreu Advogados, o ministro afirmou que Angola tem “um lugar central” na política portuguesa, que pode complementar a política europeia.
29 Novembro 2018, 07h33

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, defendeu esta quarta-feira que Angola representa uma série de potencialidades para Portugal e que pode mesmo vir a tornar-se “o próximo Brasil”. Num discurso proferido na conferência “O lugar de África na política externa de Portugal”, promovida pela Abreu Advogados, o ministro afirmou que Angola tem “um lugar central” na política portuguesa, que pode complementar a política europeia.

“Temos de olhar para Angola como se fosse o próximo Brasil”, afirmou o governante. “O país vai crescer e prevê-se que a sua população cresça bastante, talvez duplique até meados do século ou quadruplique até ao fim do século. Vai ser, juntamente com Moçambique, o navio almirante da língua portuguesa no mundo e no final do século, o número de falantes será maior em África do que é hoje no Brasil e os níveis de crescimento dessas economias serão também assinaláveis”.

Augusto Santos Silva defendeu que o relacionamento de Portugal com Angola deve focar-se, não só no setor energético, mas ir de encontro a outras áreas que vão ganhar uma importância maior com o crescimento económico destes países. “Estes países vão lidar com dores de crescimento, que podem ir desde a segurança e às exigências que o crescimento demográfico vai impor ao sistema de ensino e sistemas de saúde. É nessas áreas que nos devemos focar”, salientou.

O governante destacou ainda as potencialidades e desafios que uma parceria com África traria para a Europa, nomeadamente no que toca às migrações, segurança e comércio internacional. No entanto, segundo Augusto Santos Silva, essa eventual parceria traria também outras vantagens para o crescimento e afirmação geopolítica da Europa e crescimento democrático.

“Não esquecendo a dimensão de desenvolvimento e da cooperação, esta devia ser uma parceria entre igual e não na lógica, hoje obsoleta, do existencialismo, da ajuda, do paternalismo e da condescendência”, defendeu Augusto Santos Silva.

Apesar da tendência acentuadamente decrescente que se tem vindo a registar nos últimos anos, em 2017, havia em Angola 5.838 empresas portuguesas a operar no país. Em apenas cinco antes, saíram do país 3.559 empresas. Desde 2013, o crescimento médio anual de Angola foi de 2,8%. Para o período 2018-2022, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) projeta-se que a economia angolana cresça a uma média anual de 2,7%.

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