É hoje o dia “D”. Sete anos depois do início do sonho que envolveu estudantes e professores do Instituto Superior Técnico, o nanostélite ISTSat-1 vai para o espaço, a bordo do Ariane 6, o novo lançador espacial europeu, com partida marcada para esta terça-feira, 9 de julho. Entre as 14h e as 17h da estação espacial francesa em Kourou, na Guiana Francesa (18h – 21h na hora de Lisboa), um pequeno cubo português será lançado para o espaço para testar a capacidade de deteção da presença de aviões em zonas remotas.
O primeiro satélite universitário totalmente desenvolvido e fabricado em Portugal leva dentro muitas horas de trabalho e o contributo de cerca de 50 pessoas, deu origem a mais de 20 dissertações de mestrado, e a superação de várias e exigentes etapas de desenvolvimento, depois de ter sido um dos projetos escolhidos pela Agência Espacial Europeia (ESA).
“Estamos certos que o lançamento deste ISTSat-1 será um momento histórico, será lembrado no futuro como um momento fundacional de tudo o que aprendemos na construção de um satélite em Portugal”, afirma o presidente do Técnico, Rogério Colaço. “É um momento de grande alegria para o Técnico e para o nosso país”, salienta.
O Técnico revela que o nanosatélite entrará em órbita baixa circular – vai estar a 580 km da Terra. A sua equipa vai estar a receber as informações do satélite na estação-terra do polo de Oeiras e a verificar, comparando os dados recebidos com dados de referência, se o satélite cumpre a missão científica e a tecnologia desenvolvida detecta a presença de aviões em zonas remotas. O satélite enviará dados de vários tipos, entre eles dados do posicionamento dos aviões, que não são visíveis da Terra e só se conseguem ver através de uma vista do espaço.
Uma vez no espaço, o ISTSat-1 será projetado e seguirá o seu caminho sozinho. Depois de lançado e identificada a sua posição enviará dados sobre os aviões para algumas estações terrestres habilitadas pelo projeto. Os sinais enviados pelo satélite são enviados em canal aberto, podendo ser recebidos por radioamadores de todo o mundo. No entanto, apenas da estação-terrestre do Técnico conseguirá transmitir para o satélite e apenas a equipa do Técnico conseguirá configurar necessidades que surjam ou pedir diagnósticos mais finos da missão para além dos que poderão ser descodificados em canal aberto. Ficará no espaço durante cinco anos (previsivelmente), até arder ao voltar a entrar na atmosfera, adianta o Técnico.
“Este projeto apresenta um sistema de engenharia que envolve várias componentes, desde engenharia eletrotécnica, engenharia mecânica, , comunicações, protocolos e software. É um projeto multidisciplinar ótimo para ajudar a formar bons profissionais de engenharia e, portanto, algo que deve ser acarinhado na escola”, explica Rui Rocha, professor do Técnico e coordenador do projeto. “Eu se tivesse dinheiro, comprava um satélite feito. Mas não é isso que nós queremos, nós queremos aprender fazendo, nós queremos dominar a tecnologia. E desse ponto de vista, este projeto, com a opção que nós tomamos de fazer tudo, foi extraordinariamente importante”, acrescenta.
Integralmente feito por estudantes e professores do Técnico, com exceção dos painéis solares, este cubo de 10x10x10 – com arestas com 10cm – tamanho uniformizado internacionalmente para este tipo de aparelhos – explora o potencial da nanotecnologia na eletrónica e leva a bordo cinco placas. Quatro delas são aquilo que se designa por plataforma e que tem de existir em todos os satélites. Todas têm um processador, uma delas é a chamada carga útil do satélite – a placa responsável pela missão – e o resto faz parte da plataforma, incluindo o computador de bordo que controla tudo e o subsistema de comunicações.
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