O tema é complexo e sensível, e está relacionado com diversos aspetos. Um contexto organizacional onde a saúde mental está presente permite ao colaborador explorar as suas habilidades, lidando com níveis normais de stress e trabalhando de forma produtiva para contribuir com os objetivos organizacionais.
A segurança psicológica é um fator que sustenta a saúde mental, estando relacionado com um ambiente de confiança e respeito, que consequentemente diminui o stress nas relações interpessoais no local de trabalho. Os colaboradores que se sentem psicologicamente seguros têm maior predisposição para assumir riscos, proporcionando à organização maiores índices de criatividade, inovação e competitividade. Num contexto de trabalho onde a segurança psicológica está presente, as pessoas sentem que podem falar abertamente sobre aspetos relevantes para o trabalho.
Garantir a segurança psicológica no local de trabalho não é apenas uma responsabilidade dos managers, todos têm um papel a desempenhar. São muitos os fatores de risco para a saúde mental, vão desde as interações entre colaboradores, o ambiente de trabalho, o suporte que lhes é dado, entre outros. O sentimento de stress e tristeza decorrente de situações frustrantes é comum, mas o stress e depressão crónica não podem ser normalizados nem desantendidos.
O stress é uma reação normal à vida quotidiana e, dentro dos limites normais, não é necessariamente negativo. No entanto, quando o stress se torna crónico, pode conduzir à ansiedade, depressão, raiva e problemas de concentração. O trabalho é um lugar onde as pessoas geralmente experimentam níveis elevados de stress que podem, se não forem controlados, resultar em efeitos negativos para o colaborador, nomeadamente entrando em burnout.
A depressão é também um problema de saúde mental comum, com implicações na vida pessoal e profissional, tornando o trabalho numa tarefa difícil. A depressão é um transtorno de humor que causa sentimentos de perda e tristeza, com sintomas que incluem humor deprimido, dificuldade de concentração, fadiga, alterações no apetite e distúrbios do sono. Deste modo, as implicações podem incidir sobre todos os aspetos da vida do individuo, levando até mesmo a um efeito adverso nas relações interpessoais e familiares.
A Organização Mundial de Saúde define o burnout como uma síndrome resultante de um nível crónico de stress relacionado com o local de trabalho. Os efeitos percetíveis do esgotamento são sentimentos aumentados de exaustão e ausência de energia; aumento da distância mental do seu trabalho ou sentimentos negativos ou de cinismo relacionados com o trabalho.
A relevância da saúde mental tem levado as organizações a implementar medidas para melhorar a saúde mental e o bem-estar nos seus locais de trabalho. Embora se procure encontrar o que melhor resulta na organização, não existe um método único para criar um local de trabalho saudável. A responsabilidade de criar um ambiente de trabalho psicologicamente seguro é guiada pelos líderes, mas torna-se realidade quando todos na organização sentem que têm um papel ativo a desempenhar.
Contribuir para um local de trabalho saudável e que apoie quem possa padecer de um problema de saúde mental, não é apenas responsabilidade dos managers. Um ambiente de trabalho saudável só existe, se for apoiado por todos. As organizações que se preocupam com a segurança psicológica dos seus colaboradores procuram que esse espaço de trabalho saudável proporcione uma experiência positiva. Mas atenção, quando as organizações começam a priorizar a construção de um ambiente de trabalho saudável, devem ter cuidado para não cair numa cultura de positividade tóxica.
A positividade tóxica tem implícito uma resposta aos sentimentos negativos de outra pessoa de uma forma não empática. Isto porque, geralmente, desvaloriza as emoções negativas em vez de racionalizá-las, priorizando o sentimento de felicidade acima de tudo. Criar uma cultura positiva em torno das emoções pode promover uma expetativa exaustiva de que todos devem estar felizes permanentemente. Experienciar sentimentos negativos é perfeitamente normal e constitui um elemento necessário à aprendizagem. Por isso, estigmatizar esses sentimentos, não é nem útil nem positivo.
Como os colaboradores e colegas de trabalho podem ajudar?
As organizações e os líderes devem:
Trabalhar para combater o estigma em torno de questões de saúde mental e incentivar uma discussão aberta sobre questões que os colaboradores possam ter.
Muitas organizações estão a dar maior ênfase, ao impacto e riscos que o ambiente de trabalho tem sobre a saúde mental dos seus colaboradores. As organizações Top Employers, têm promovido programas de saúde mental específicos sobre como reduzir o stress relacionado com o trabalho, e melhorar a saúde mental e física.
Aproximadamente 95% dos Top Employers em 2022 indicaram o bem-estar como uma prioridade, sendo que 78% destas organizações têm já desenvolvida uma estratégia de bem-estar. Estes números mostram que a saúde mental do colaborador e a sua estreita relação com o bem-estar estão a considerados cruciais na experiência do colaborador na organização.
Iniciativas e políticas para promover o bem-estar e a saúde mental
Medidas preventivas de bem-estar dos Top Employers
À medida que muitos Top Employers tentam adotar uma atitude holística para abordar as preocupações dos seus colaboradores em relação à saúde mental e bem-estar, muitos tentam encontrar formas de prevenir o problema. Embora não estejam igualmente implementadas entre todos os Top Employers, algumas ofertas preventivas incluem:
Mudar a cultura do local de trabalho para melhorar a saúde mental
As organizações que adotam estas medidas preventivas de bem-estar, estão a dar os primeiros passos para responder às necessidades da sua equipa. No entanto, é importante saber que não basta promover uma mudança real e duradoura numa organização. Para realmente atender às necessidades em constante mudança dos seus colaboradores, as organizações precisam priorizar a criação e manutenção de uma cultura de segurança psicológica e de bem-estar holístico.
Criar uma cultura em torno de uma determinada crença exige que as estruturas de liderança e os colaboradores se unam para trabalhar e criar uma perspetiva partilhada em torno da saúde mental e do bem-estar.
É portanto, um trabalho que precisa ser construído, reconstruído e desconstruído à medida que as necessidades das pessoas continuam em mudança. Embora esse trabalho seja orientado pelos líderes da organização, as organizações mais bem-sucedidas trabalharão com colaboradores de toda a organização para apoiar as suas iniciativas.
Entre os Top Employers certificados em 2023, identificámos que 92% dos Top Employers tinham uma comunicação contínua sobre os programas de bem-estar, 84% dos responsáveis pela comunicação pertenciam a altos cargos, e 88% tiveram iniciativas para aumentar a consciencialização sobre o bem-estar emocional.
As organizações que criem e nutram uma cultura que prioriza a segurança psicológica, constatarão benefícios significativos no desempenho das suas equipas, na medida em que a performance será mais focada e produtiva. Quando os colaboradores sentem segurança psicológica, enfrentam as incertezas com maior capacidade de relativização, tornando-se mais criativos. Se sentirem a sua saúde mental protegida e confiarem na organização, o seu comprometimento e motivação serão significativamente maiores.
Conteúdo publicado no suplemento comercial Top Employers, distribuído com a edição do Jornal de Económico de 17 de fevereiro
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