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Schroders analisa desempenho do Top 10 do mercado e alerta para perigo de olhar para “ganhadores passados”

Ducan Lamont, Head of Strategic Research da Schroders, analisou os dados que mostram os perigos de seguir os vencedores passados no mercado bolsista.
9 Setembro 2024, 21h40

A gestora de ativos Schroders analisou desempenho do Top 10 do mercado bolsista. Na sequência dessa análise concluiu que em 13 dos últimos 18 anos, não houve nenhuma ação norte-americana que conseguisse manter-se entre as 10 melhores num ano e mantivesse esta posição no Top 10 no ano seguinte.

Em quatro dos outros cinco anos, apenas uma conseguiu esse feito. No outro ano, apenas três ações conseguiram repetir o desempenho. Mesmo a permanência no top 100 é rara.

Ducan Lamont, head of strategic research, da Schroders, analisou os dados que mostram os perigos de seguir os vencedores passados no mercado bolsista.

A Schroders diz que há uma média de 15 empresas por ano que conseguiu estar entre as 100 primeiras durante dois anos consecutivos. As probabilidades de uma presença repetida no top-10 ou no top-100 dois ou três anos mais tarde são igualmente baixas.

A análise conclui que não te trata do facto de continuarem a ter um bom desempenho, mas de deixarem de estar no topo da classificação.

Em 14 desses 18 anos, as 10 primeiras classificadas passaram, em média, para a metade inferior das classificações de desempenho no ano seguinte. Era mais provável que estivessem entre as ações com pior desempenho do que entre as melhores. A sua descida típica na classificação tem sido drástica.

Existem tendências semelhantes noutros mercados, avança a Schroders. Tanto no Japão como no Reino Unido, em 11 dos 18 anos, o desempenho médio do top 10 caiu para a metade inferior da distribuição de desempenho no ano seguinte. Na Alemanha, verificou-se um cenário idêntico todos os anos, exceto em quatro dos últimos 18 anos.

A gestora de ativos alerta que os dados mostram porque é que os investidores devem ser cautelosos na procura de desempenho. “Ganhos fortes tendem a aumentar as avaliações em relação a fatores fundamentais como os lucros. Os preços das ações começam a incorporar expectativas cada vez mais otimistas.”, alerta a que cita o caso da Tesla que a certa altura foi negociada a um valor superior a 200 vezes as previsões de consenso para os lucros dos 12 meses seguintes (hoje está a 77x).

“O antigo grupo Magnificent-7* está, coletivamente, duas vezes mais caro do que o resto do mercado, em termos de um múltiplo dos lucros dos próximos 12 meses”, segundo a análise.

“Algumas empresas podem ser capazes de corresponder a essas expectativas (identificar quais é a parte difícil). Muitas não o conseguirão fazer e basta um pequeno desvio nos lucros ou uma pequena mudança no ambiente externo — como aconteceu no passado mês de agosto — para provocar uma reação exagerada no preço das ações das hot stocks”, acrescenta a gestora de ativos.

A Schroders diz que as empresas que vencem a longo prazo não são, muitas vezes, as que apresentam melhores desempenhos num determinado ano, mas sim as que conseguem crescer de forma sustentável a longo prazo (ou seja, conseguem manter esse crescimento, não numa referência à sustentabilidade no sentido ESG, embora esses conceitos possam estar relacionados).

“Vários anos de bons resultados e desempenho podem facilmente ser combinados ao longo do tempo para proporcionar melhores retornos de investimento, de uma forma menos instável, do que se estiver tentado a perseguir os melhores desempenhos”, conclui.

Por exemplo, 100 dólares investidos numa ação que sobe 10% ao ano durante três anos valerão 133 dólares no final. A rendibilidade média anual (aritmética) de uma ação que sobe 20%, desce 10% e sobe 20% é também de 10%. Mas 100 dólares investidos nesta ação só valeriam 130 dólares ao fim de três anos.

O “momentum” tem sido uma estratégia de investimento popular nos últimos anos, “mas seguir ingenuamente o sucesso é provável que resulte em custos elevados e retornos medíocres. Citando as superestrelas do hip-hop, os Public Enemy: não acreditem em tudo o que dizem”, refere a gestora de ativos.

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