A gestora de ativos Schroders analisou desempenho do Top 10 do mercado bolsista. Na sequência dessa análise concluiu que em 13 dos últimos 18 anos, não houve nenhuma ação norte-americana que conseguisse manter-se entre as 10 melhores num ano e mantivesse esta posição no Top 10 no ano seguinte.
Em quatro dos outros cinco anos, apenas uma conseguiu esse feito. No outro ano, apenas três ações conseguiram repetir o desempenho. Mesmo a permanência no top 100 é rara.
Ducan Lamont, head of strategic research, da Schroders, analisou os dados que mostram os perigos de seguir os vencedores passados no mercado bolsista.
A Schroders diz que há uma média de 15 empresas por ano que conseguiu estar entre as 100 primeiras durante dois anos consecutivos. As probabilidades de uma presença repetida no top-10 ou no top-100 dois ou três anos mais tarde são igualmente baixas.
A análise conclui que não te trata do facto de continuarem a ter um bom desempenho, mas de deixarem de estar no topo da classificação.
Em 14 desses 18 anos, as 10 primeiras classificadas passaram, em média, para a metade inferior das classificações de desempenho no ano seguinte. Era mais provável que estivessem entre as ações com pior desempenho do que entre as melhores. A sua descida típica na classificação tem sido drástica.
Existem tendências semelhantes noutros mercados, avança a Schroders. Tanto no Japão como no Reino Unido, em 11 dos 18 anos, o desempenho médio do top 10 caiu para a metade inferior da distribuição de desempenho no ano seguinte. Na Alemanha, verificou-se um cenário idêntico todos os anos, exceto em quatro dos últimos 18 anos.
A gestora de ativos alerta que os dados mostram porque é que os investidores devem ser cautelosos na procura de desempenho. “Ganhos fortes tendem a aumentar as avaliações em relação a fatores fundamentais como os lucros. Os preços das ações começam a incorporar expectativas cada vez mais otimistas.”, alerta a que cita o caso da Tesla que a certa altura foi negociada a um valor superior a 200 vezes as previsões de consenso para os lucros dos 12 meses seguintes (hoje está a 77x).
“O antigo grupo Magnificent-7* está, coletivamente, duas vezes mais caro do que o resto do mercado, em termos de um múltiplo dos lucros dos próximos 12 meses”, segundo a análise.
“Algumas empresas podem ser capazes de corresponder a essas expectativas (identificar quais é a parte difícil). Muitas não o conseguirão fazer e basta um pequeno desvio nos lucros ou uma pequena mudança no ambiente externo — como aconteceu no passado mês de agosto — para provocar uma reação exagerada no preço das ações das hot stocks”, acrescenta a gestora de ativos.
A Schroders diz que as empresas que vencem a longo prazo não são, muitas vezes, as que apresentam melhores desempenhos num determinado ano, mas sim as que conseguem crescer de forma sustentável a longo prazo (ou seja, conseguem manter esse crescimento, não numa referência à sustentabilidade no sentido ESG, embora esses conceitos possam estar relacionados).
“Vários anos de bons resultados e desempenho podem facilmente ser combinados ao longo do tempo para proporcionar melhores retornos de investimento, de uma forma menos instável, do que se estiver tentado a perseguir os melhores desempenhos”, conclui.
Por exemplo, 100 dólares investidos numa ação que sobe 10% ao ano durante três anos valerão 133 dólares no final. A rendibilidade média anual (aritmética) de uma ação que sobe 20%, desce 10% e sobe 20% é também de 10%. Mas 100 dólares investidos nesta ação só valeriam 130 dólares ao fim de três anos.
O “momentum” tem sido uma estratégia de investimento popular nos últimos anos, “mas seguir ingenuamente o sucesso é provável que resulte em custos elevados e retornos medíocres. Citando as superestrelas do hip-hop, os Public Enemy: não acreditem em tudo o que dizem”, refere a gestora de ativos.
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