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Schroders Crystal Ball 2026: “A médio prazo preocupa-nos os níveis crescentes da dívida pública”

A gestora de ativos britânica Schroders publicou na semana passada o “Schroders Crystal Ball 2026 Investment Outlook” que abordou o contexto macroeconómico e o seu impacto para os mercados.
25 Novembro 2025, 20h30

A gestora de ativos britânica Schroders publicou na semana passada o “Schroders Crystal Ball 2026 Investment Outlook” que abordou o contexto macroeconómico e o seu impacto para os mercados.

As principais conclusões do Schroders Crystal Ball 2026 apontam para um cenário de crescimento económico global mais forte do que o consenso de mercado, com especial destaque para os EUA, e a necessidade de uma gestão ativa e diversificada das carteiras de investimento para navegar num ambiente de inflação persistente e incerteza geopolítica.

“Num ano marcado pela incerteza, 2025 ficou definido pela dívida, pela inteligência artificial e pelo debate em torno da independência dos bancos centrais. O próximo ano não se afigura menos desafiante, com as tensões globais a persistirem e as principais economias ainda a enfrentarem um ambiente comercial incerto”, defende a gestora de ativos britânica.

A Schroders contextualiza que os s mercados acionistas continuaram a ser dominados por um número reduzido de empresas, revelando sinais de excesso de entusiasmo em torno da IA. A ascensão do ouro como ativo de diversificação ganhou destaque ao longo do ano, impulsionada em parte pelo escrutínio sobre a independência da Reserva Federal e pela desvalorização do dólar norte-americano

No Schroders Crystal Ball 2026, Johanna Kyrklund, Chief Investment Officer da Schroders, abordou estas tendências e as possíveis implicações para os mercados públicos em 2026, ao lado de Nils Rode, CIO da Schroders Capital, que explorou as consequências para os ativos privados.

A CIO destacou que “à medida que nos aproximamos de 2026, há muita preocupação com as avaliações do mercado de ações e estão a ser feitas comparações com a bolha das empresas dot.com. Analisando as avaliações de mercado, acreditamos que os mercados bolsistas ainda são sustentados pelo facto de os rendimentos das obrigações se estarem a comportar bem, a inflação estar calma por enquanto e os bancos centrais irão provavelmente flexibilizar um pouco mais as suas políticas monetárias”.

“A médio prazo, preocupa-me os níveis crescentes da dívida pública e o potencial de aceleração da inflação, levando a taxas de desconto mais elevadas, mas nos próximos seis meses este risco é baixo”, acrescentou.

A Schroeders  vê também “um baixo risco de recessão nos EUA – embora o mercado de trabalho esteja a enfraquecer, o desemprego ainda é baixo e os balanços das empresas do sector privado estão em boa forma”.

“Mas, em síntese, ainda vemos oportunidades ao nível das ações”, disse Johanna Kyrklund que acrescentou que “a dívida dos mercados emergentes oferece uma melhor dinâmica e rendimentos reais mais elevados do que a dívida dos mercados desenvolvidos, e há oportunidades para gerar rendimentos com a diversificação de investimentos, como obrigações ligadas a seguros e dívida de infraestruturas”.

“Assim, para 2026, vemos um baixo risco de recessão, rendimentos de obrigações controlados e um bom ritmo de crescimento dos lucros, o que nos leva a manter uma perspetiva positiva”, conclui.

Já Nils Rode afirmou que “A inflação continua elevada, as pressões fiscais estão a aumentar e os pontos de tensão geopolítica continuam a testar a estabilidade global. Períodos como este desafiam os investidores a olhar para além do impulso de curto prazo e a concentrarem-se na durabilidade dos retornos – e na criação de valor de baixo para cima. Neste contexto, os mercados privados podem ser vistos como uma área fundamental onde as forças cíclicas e estruturais estão a alinhar-se para criar oportunidades”.

“À medida que avançamos para 2026, os investidores mais bem-sucedidos serão aqueles que são capazes de combinar a alocação constante com a seletividade. Os mercados privados, com o seu capital de longo prazo e envolvimento ativo, não são imunes à incerteza – mas estão bem posicionados para contribuir para carteiras diversificadas e resilientes”, defende Rode.


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