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“Se é dramatico não fazer a reforma laboral? Drama é, tendo a oportunidade, que não o façamos”, alerta responsável da Michael Page

Especialistas debateram esta sexta-feira, em conferência do JE, a necessidade de avançar com a reforma da lei laboral, se forem colocados em cima da mesa os temas que possam alavancar a produtividade da economia nacional.
19 Setembro 2025, 14h44

É importante que a reforma laboral avance e se isso não se concretizar, pode ser dramático sobretudo para as empresas que já investem e para aquelas que estão a pensar investir em Portugal. A reflexão foi deixada por Álvaro Fernandez, diretor-geral da Michael Page, na conferência do JE dedicado ao tema.

O Jornal Económico organizou esta sexta-feira, em Lisboa, um encontro dedicado à Reforma da Lei Laboral, tema central da atual agenda política e social em Portugal.

A sessão juntou juristas, empresários e responsáveis políticos para discutir os impactos e desafios das mudanças em curso. O debate contou com a presença de Jorge Henriques, presidente da FIPA, Alcides Cruz,  sócio fundador da Elo Sistemas de Informação e Álvaro Fernandez, diretor-geral da Michael Page.

“O timing da mudança de legislação laboral pode ser dramático para os investidores. O drama é que tendo a oportunidade, não o façamos”, começou por referir o responsável neste debate.

E que áreas são mais importantes que sejam focadas nesta reforma? “A flexibilidade dos contratos”, destaca o responsável da Michael Page. E justifica: “porque é uma mudança grande para Portugal”. Este responsável dá destaque à questão do banco de horas e realça que “vai ser importante para a organização das empresas e não só para a indústria até porque há a questão da sazonalidade”.

Além disso, Álvaro Fernandez sublinha que é importante “tratar do tema do teletrabalho: melhor regulação para que as empresas encontrem um melhor equilíbrio porque é preciso perceber o que é melhor para as empresas”.

Outro medida enfatizada por este responsável passa pelo tema das pessoas com deficiência e da sua integração no tecido empresarial. A atual lei estabelece um sistema de quotas de emprego para pessoas com deficiência, com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%, com o objetivo de promover a inclusão no mercado de trabalho. No entanto, o responsável máximo da Michael Page em Portugal revela que as empresas “não conseguem contratar pessoas ao abrigo dessa lei” e que há milhares de empresas que gostariam de contratar essas pessoas.

Alcides Cruz,  sócio fundador da Elo Sistemas de Informação (agora empresa do Grupo Seresco), falou na perspetiva das empresas que têm de desenvolver os softwares nos quais assentam várias alterações que tenham de ser feitas, neste caso referente à reforma laboral. Sobre esta legislação em específico, este responsável destacou que “muitas vezes as empresas têm necessidade de criar novas posições no sentido de inovar tecnologicamente” porque o risco “só é possível com mais recursos e se correr mal, o ónus fica do lado das empresas”.

“A lei deve ser estimulante para que as empresas procurem mercados e inovem mais. A nossa legislação está num limbo: as pessoas devem ser diferenciadas pelo mérito”, sublinhou.

Jorge Henriques, presidente da FIPA, considera que temas como a possibilidade de compra de dias de férias distorcem o debate em torno do que é fundamental discutir relativamente à reforma laboral: “Quando precisamos tanto de trabalhar, esta não deve ser a lógica de discussão neste momento”. Este dirigente responsável pela Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares prefere discutir “tudo deve ser equacionado relativamente à competitividade do país”.
“Nos contratos a prazo por exemplo, quando as empresas querem mão de obra qualificada vão buscá-la sem termo. Temos uma economia com pouco crescimento e pouco produtiva e temos que perceber que desígnio queremos cumprir. Temos que nos levantar de manhã e perguntar como estão as vendas, o que é que o país cresceu. Na maior parte dos sectores não temos marcas e as que chegam lá fora são gotas de água nos mercados internacionais”, lamentou.
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