O sector metalomecânico e metalúrgico português está tranquilo perante a imposição de tarifas norte-americanas, lembrando que, por um lado, as suas exportações vão bastante para lá daquele mercado e, por outro, são compostas sobretudo por produtos trabalhados, não a matéria-prima. Mais gravoso para os produtores portugueses, lembra o presidente da associação que representa o ramo, são as medidas semelhantes desenhadas pela União Europeia (UE) sobre os metais chineses.
Donald Trump deu mais um passo na guerra comercial de frentes múltiplas este fim-de-semana, ao avançar com novas tarifas de 25% sobre as importações norte-americanas de aço e alumínio, prometendo mais medidas do género caso haja retaliações. O Brasil, Austrália, Canadá e México deverão ser as economias mais afetadas (estas duas últimas já visadas pelo regressado presidente no seu segundo mandato), mas a União Europeia (UE) também fica incluída na legislação.
Para Portugal, Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), afirma ao JE não haver razões de preocupação caso as tarifas se apliquem apenas a matérias-primas, que não são o objeto das exportações nacionais. Nesse caso, a política norte-americana “não nos afeta em nada”.
No entanto, há ainda alguma incerteza sobre a abrangência da medida, cujos detalhes não são ainda conhecidos. Caso Washington opte por uma política mais abrangente e inclua produtos acabados, o impacto para o sector nacional já existe, mas não deve ser sobrestimado: em 24 mil milhões de euros de exportações em 2023 (ano mais recente para o qual existem dados consolidados e um recorde máximo), apenas mil milhões tiveram como destino o mercado norte-americano.
Como tal, os empresários “estão tranquilos” com a situação, garante o representante da AIMMAP.
Mais penalizador para o sector nacional, continua Rafael Campos Pereira, foram as tarifas prolongadas pela União Europeia (UE) no ano passado sobre estes mesmos materiais oriundos da China. “As pessoas parece que já não se lembram”, mas Bruxelas impôs restrições às importações de determinados metais oriundos da China em 2018, restrições essas prolongadas no ano passado até 2026.
Ao afetarem os preços pagos pelos produtores nacionais, essas medidas “impactam muito mais” o sector português do que tarifas impostas nos EUA – e, portanto, suportadas pelos importadores norte-americanos.
Recorde-se que esta não é a primeira vez que Trump visa as importações norte-americanas de aço e alumínio, isto depois de ter avançado com tarifas no seu primeiro mandato. A UE até ficou inicialmente isenta das taxas anunciadas em março de 2018 de 25% sobre o alumínio e 10% sobre o aço importado, mas acabaria por ser incluída também na lista de economias visadas.
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