[weglot_switcher]

Segunda-feira negra para Wall Street, Dow Jones caiu 4,6%

O el Dorado de Wall Street da era Trump terá chegado ao fim? A “desculpa”para explicar este comportamento das ações é o medo do mercado de que a conjuntura benéfica em que a economia dos EUA está imersa possa terminar nalgum momento em 2018, com uma subida da inflação.
  • Traders work on the floor of the New York Stock Exchange (NYSE) shortly before the closing bell in New York, U.S., January 6, 2017. REUTERS/Lucas Jackson
5 Fevereiro 2018, 21h51

O Dow Jones chegou a cair 6% durante a sessão, ou 1.500 pontos, mas fechou a cair 4,60% para 24.345,75 pontos, longe dos 26 mil pontos que ultrapassou há umas semanas. O S&P 500 caiu 4,1% para 2.648,94 pontos e o Nasdaq perdeu 3,78% para 6.967,52 pontos. Já o índice que mede a volatilidade de Wall Street, o Vix, disparou 124,15% para o valor mais alto desde 2015.

Wall Street fechou com a maior queda em 10 anos.

Segundo a CNBC este mês de fevereiro o S&P 500 já perdeu mais 1 trilião de dólares de valor de mercado em três dias.

Esta queda aparatosa de Wall Street ocorre no mesmo dia em que Jerome Powell tomou posse como novo presidente do Federal Reserve (Fed), no lugar de Janet Yellen. Powell foi indicado em novembro pelo presidente americano Donald Trump para liderar o banco central dos EUA para um mandato de quatro anos.

A “desculpa” fundamental para explicar este comportamento das ações é o medo do mercado de que a conjuntura benéfica em que a economia dos EUA está imersa possa terminar nalgum momento em 2018.  Os receios de uma subida da inflação e uma aceleração na subida de juros por parte da Reserva Federal são os argumentos avançados pelos sites internacionais.

Esta expectativa de alta na inflação intensificou-se na sexta-feira, depois dos Estados Unidos terem revelado que os salários cresceram ao ritmo mais forte em oito anos. Saliente-se que os dados revelados na passada sexta-feira constatam que o rendimento do trabalho registou em janeiro uma variação de +0,3% em relação aos valores de dezembro, enquanto face ao período homólogo verificou-se uma subida de 2.9%, valores acima das estimativas (0,2% face ao mês anterior e 2,6% face ao ano anterior) e acima dos valores verificados em dezembro (0,4%  face ao mês anterior e +2,7% face ao ano anterior).

Com a economia em pleno emprego e o impulso ao crescimento do PIB que a reforma tributária de Trump terá, surgiu o medo que a Federal Reserve (Fed) seja forçada a apertar mais a política monetária do que o previsto. Neste contexto, o novo presidente do banco central, Jerome Powell, disse que vai  continuar a normalizar a política monetária (aumentar os juros e reduzir o balanço da instituição) sem afetar o ciclo económico atual, que está num estágio muito maduro e é o terceiro mais longo da história dos EUA.

Jerome Powell disse hoje que “o desemprego é baixo, a economia está em crescimento e a inflação é baixa. Através de nossas decisões de política monetária, vamos sustentar um crescimento económico continuado, um mercado de trabalho saudável e a estabilidade de preços”, afirmou. “O nosso sistema financeiro é agora muito mais forte e resiliente do que era antes da crise financeira que começou há uma década. Nós pretendemos manter isso”, disse.

O mandato de Powell começa com um período agitado no mercado da dívida pública, já que a yield da dívida americana a 10 anos cresceu 16% desde o início do ano, para 2,88%.

O mercado antecipa que o Fed aumentará os juros de referência três vezes este ano, a primeira vez a 21 de março. Será nessa reunião que Powell realizará a sua primeira conferência de imprensa e enviará as suas primeiras mensagens ao mercado.

Atualmente, o  índice do Institute for Supply Management (ISM) usado para medir a evolução dos Serviços nos Estados Unidos da América – o sector com maior peso na economia norte-americana (representa dois terços da economia) – em janeiro superou as previsões, aumentando de 56,0 para 59,9, muito acima dos 56,5 esperados .

A nível corporate, o banco Wells Fargo é o protagonista pela negativa ao tombar 9,22%, depois de ter confirmado que as sanções impostas pela Fed, relacionadas com a abertura de contas sem a permissão dos clientes, reduzirão seu lucro anual em aproximadamente 400 milhões de dólares.

Além disso, a fabricante de chips Broadcom aumentou sua oferta para comprar a sua concorrente Qualcomm de 72 dólares para 82 dólares por ação. No total, a operação é avaliada em 121.000 milhões de dólares.

No Dow Jones a empresa petrolífera Exxon Mobil (-5,69%), a Boeing (-5,74%), a farmacêutica Pfizer (-5,30%) e outra companhia de petróleo a Chevron (-5,03%), a Cisco (-5,25%), a 3M (-5,60%) lideram as quedas. Mas todos os títulos fecharam com perdas.

No capítulo dos resultados esta semana será a vez de empresas como Walt Disney e General Motors (terça-feira), Tesla Motors (quarta-feira) e Twitter (quinta-feira). Até o momento, 251 empresas do S&P 500 apresentaram a suas contas e os lucros por ação médios superam o consenso.

O euro cai face ao dólar 0,62% para 1,2386 dólares

No mercado de commodities, o petróleo do West Texas cai 2,99% para 63,49 dólares, enquanto o petróleo bruto Brent cai 2,14% para 67,11 dólares, depois de marcar o máximo desde dezembro de 2014  a 25 de janeiro ao atingir 71,28 dólares.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.