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Seguradoras resistiram melhor que a banca à crise

O setor segurador reuniu-se no Fórum Seguros para debater os desafios. Companhias e regulador fazem balanço positivo dos anos de crise.
17 Março 2017, 08h47

O salão Nobre do Hotel Ritz, em Lisboa, encheu-se com mais de 200 pessoas para debater o setor segurador. Companhias, regulador, associações e especialistas  estiveram presentes no Fórum Seguros, organizado pelo Jornal Económico e pela PwC, a discutir quais os principais desafios e tendências.

Sendo um setor muito próximo da banca as comparações foram inevitáveis por parte dos oradores, e até porque alguns também passaram pela banca. Na comparação entre os dois setores todos foram unânimes: as seguradoras resistiram muito melhor à crise do que a banca. “O setor segurador passou pelas pingas da chuva da crise”, frisou José Almaça, presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF). Além disso, o supervisor acredita que essa resiliência se ficou também a dever ao facto das companhias serem bem geridas.

No Fórum Seguros, o presidente da PwC, alertou que a conjuntura económica e geopolítica está a afetar o setor dos seguros. José Manuel Bernardo considerou que os agentes do setor têm de se adaptar a uma realidade dinâmica. “É uma época complexa. Estamos num momento de incerteza em termos geopolíticos e de evolução tecnológica”, referiu o responsável, sublinhando que estes desenvolvimentos afetam toda a economia mas o setor dos seguros em particular. “Os players têm de se adaptar. Os desafios não são fáceis”, frisou.

Foram vários os desafios identificados por todos os intervenientes. As taxas de juro muito baixas foram um deles, nomeadamente em termos de rentabilidade. Além disso, a tecnologia foi referida como uma tendência que simultaneamente levanta vários desafios às companhias, inclusivamente em termos de proteção de dados. Algo que tanto consultoras como as próprias seguradoras reconhecem ainda não estarem verdadeiramente preparadas.

Outro dos grandes desafios reconhecidos pelo setor é a regulação, nomeadamente a aplicação do regime de Solvência II, que entrou em vigor a 1 de janeiro de 2016.
Este regime, à semelhança do que acontece com Basileia  para os bancos, aumentou a pressão regulatória sobre as companhias,  em termos de capital de adequação de ativos.

A Solvência II assenta em três pilares: requisitos quantitativos associados a capital de solvência e capital mínimo (pilar I), requisitos qualitativos relativos à governação, controlo interno e gestão de risco (pilar II) e requisitos de transparência e de obrigatoriedade de reporte às autoridades de supervisão (pilar III). Tanto o supervisor, como as seguradoras, reconhecerem que ainda se estão adaptar e aprender com Solvência II mas fazem um balanço positivo da transição.

José Almaça aproveitou ainda para deixar algumas críticas a quem defendeu a alteração do modelo de supervisão financeira nacional para o twin peaks. Neste modelo, em vez das três autoridades – Banco de Portugal, CMVM e ASF (ex ISP) – passariam a existir apenas duas autoridades. O Banco de Portugal ficaria  com supervisão prudencial e a CMVM com a comportamental. O supervisor dos seguros desaparecia e as suas funções distribuíam-se pelas duas outras autoridades.

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