1 Quais são os maiores desafios que, na atualidade, se apresentam nos seguros à exportação?
2 O que cobre o seguro de crédito em Portugal em termos de PIB e de exportações?
3 Como define o exportador que trabalha a partir de Portugal?
4 Qual o impacto das alterações políticas que se avizinham na Europa? O Brexit tornará o Reino Unido Numa geografia com mais risco para os seguradores? Onde estão os riscos políticos na Europa?
5 Quais as geografias que melhoraram, quais pioraram e quais são os principais destinos das exportações nacionais?
6 Houve países com aumento de custo no seguro de crédito à exportação em 2018?
7 Os novos riscos que se colocam às empresas exportadoras, não Só a morosidade mas também os riscos cibernéticos e as fraudes com a digitalização dos processos, estão cobertos pelo risco-país?
8 Em Portugal a tendência global continua ser a descida dos prémios dos seguradores?
9 Quais os novos serviços lançados em 2018, nomeadamente com a utilização da digitalização, e quais as novidades para 2019?
10 É relevante para um seguro de risco de crédito incluir a possibilidade de um seguro de caução? Em que situações é aplicável o seguro de caução?
11 A alteração ao enquadramento jurídico na concessão de garantias pelo Estado às operações
de crédito ou de seguro à exportação, com a criação do Conselho de Garantias Financeiras à Exportação, vai significar uma alteração à gestão desse negócio que está atualmente com a Cosec?
12 Faz sentido a entrada de outros ‘players’ neste negócio dos seguros de crédito comercial?
13 A entrada no mercado de seguradores e bancos especializados, nomeadamente a operarem nas mercadorias ou no factoring tecnológico, ou no factoring de vendas internacionais, é um problema ou uma oportunidade para os atuais operadores?
14 Qual o volume de prémios processados em 2018 e qual a projeção para 2019?
Paulo Morais, Diretor-Geral da Crédito y Caución
1 Os maiores desafios prendem-se com a ordem económica mundial e com as incertezas que existem em termos globais e que podem afetar as garantias que podemos dar para certos mercados. Os riscos que ameaçam a solidez do crescimento e do comércio global aumentaram no segundo semestre de 2018 e constituem uma ameaça para o crescimento em 2019. As expectativas são de abrandamento da economia global em 2019, o que antecipa um aumento das insolvências globais e um abrandamento do crescimento, em particular, nos mercados emergentes.
2 As mais recentes estimativas da Associação Portuguesa de Seguradores, referentes a 2016, colocam Portugal como o quarto país, em termos mundiais, com maior penetração do seguro de crédito na economia. Este ranking é estabelecido pela análise da relação entre os prémios e o PIB e pela evolução das vendas cobertas pelas seguradoras face ao PIB, que é de 14.5%. Em 2016, no seu conjunto, o setor segurador nacional garantiu vendas equivalentes a quase 15% do PIB e perto de 20% das exportações. Acreditamos que este rácio está a crescer, acompanhando a maior dinâmica exportadora do país.
3 O exportador nacional tem um bom perfil. É experiente e experimentado nestas matérias e muito conhecedor dos mecanismos de exportação. Está muito focado na atividade e nas necessidades e riscos associados. Tem ambição, mas atua com cautela e ponderação e está cada vez mais informado quanto às ferramentas a que pode recorrer para reduzir os riscos e as incertezas e proteger a sua empresa e as suas transações em mercados externos.
4 O impacto dependerá da afirmação de políticas de maior ou menor protecionismo que possam condicionar o crescimento económico e as relações comerciais inter-europeias e com terceiros, em particular com os Estados Unidos. Embora as incertezas geopolíticas se tenham agravado no segundo semestre de 2018 em resultado das tensões intra-europeias e da rutura dos EUA com os seus aliados tradicionais, o alastrar da guerra comercial é o principal risco para a economia global em 2019. Se os Estados Unidos avançarem com tarifas mais elevadas sobre as importações chinesas ou se alargarem as tarifas atuais a outros produtos, a China irá responder com contra-medidas. O alastrar desta guerra também poderá acontecer se a Administração norte-americana se afastar da trégua com a União Europeia e começar a impor tarifas. Nesta eventualidade, o crescimento global sofreria um rude golpe, claramente superior a 0,8% em 2019, comparativamente com o impacto de uma guerra comercial mais moderada.
A possibilidade de um Brexit não negociado terá um impacto significativo no Reino Unido e menor na União Europeia. As nossas previsões apontam para um aumento das insolvências no Reino Unido na ordem dos 7% em 2019, depois de um aumento de 10% em 2018. Esta deterioração do tecido empresarial no Reino Unido aumentará o risco do mercado para as seguradoras. Por seu lado, o Brexit, a situação económica e fiscal na Itália, a sucessão política na Alemanha e um possível resultado das eleições para o Parlamento Europeu já em maio próximo que favoreça a afirmação de grupos eurocéticos, são os principais riscos políticos na Europa. Pelo peso da economia espanhola teremos de considerar também a situação política em Espanha e a forma como será gerida a questão da Catalunha.
5 Os principais destinos das exportações nacionais mantêm-se os mesmos: Espanha, Alemanha, França e Reino Unido.
O ano de 2019 estará marcado por uma crescente preocupação com as perspectivas de crescimento das economias emergentes. A guerra comercial entre os EUA e a China e o ajustamento monetário da Reserva Federal estão a provocar um impacto negativo nos mercados mais endividados, em especial aqueles cuja dívida está nominada em moeda estrangeira e que têm poucas reservas. No entanto, as perspectivas para a Ásia emergente são muito otimistas. As economias mais importantes da região, como a chinesa e a indiana, vão continuar a contribuir fortemente para o crescimento do PIB mundial, impulsionadas por uma procura interna forte e pela margem que ainda detêm para o desenvolvimento de políticas de incentivo à atividade económica. Uma evolução estável, condições comerciais favoráveis, um comportamento sólido em termos de pagamentos e oportunidades de crescimento em vários setores levam-nos a destacar como principais mercados emergentes em 2019 a Bulgária, Indonésia, Vietname, Peru e Marrocos. Destacaria também o Brasil como um mercado que está a melhorar as suas perspectivas económicas.
6 O custo do seguro de crédito não tem exclusivamente a ver com os países, mas com os riscos inerentes às próprias operações comerciais. Se analisarmos um exportador que trabalha com mercados avançados na Europa, com menor incerteza associada às suas transações, o custo do seguro será certamente inferior a um exportador que trabalhe com economias menos desenvolvidas, com maior risco de incumprimento.
7 Não estão cobertos pelo risco-país. Existem seguros específicos para o risco cibernético.
8 A descida dos prémios prende-se com as melhorias no enquadramento macroeconómico do país e com a diminuição da sinistralidade a nível internacional. O contexto de incerteza global que marcou 2018, e que se acentuou no segundo semestre do ano passado, elevou os riscos e as previsões são de desaceleração da economia global em 2019. Os mercados emergentes revelam problemas, a zona euro está em desaceleração e espera-se que 2019 traga um aumento global das insolvências. Todos estes factores menos positivos vão gerar impacto nos prémios em 2019.
9 Em 2018, lançámos uma nova interface que integra todas as ferramentas de gestão de risco e prospeção comercial da Crédito y Caución numa única plataforma que reduz em 40% o tempo necessário para realização de operações básicas de seguro de crédito e permite que cada segurado tenha uma visão completa dos seus clientes. A plataforma integra todos os nossos serviços de valor acrescentado nas áreas comercial e financeira como o CyCred Maps, para localização de mercado potencial, o CyC Target, para valoração de risco, o CyComex, para soluções de internacionalização, ou os serviços financeiros de administração de faturas, automatização de avisos de cobrança ou detalhe financeiro dos clientes.
Ainda em 2018 lançámos o nosso Seguro de Caução e a Apólice Start, um seguro de crédito direcionado, exclusivamente, para as pequenas e médias empresas nacionais.
O ano de 2019 começou com a disponibilização da plataforma CyCaución que permite a realização online todas as operações relacionadas com um seguro de caução. É possível solicitar garantias e consultar as que se encontram em processo. O sistema simplifica ao máximo as operações e permite que 99% dos pedidos de caução sejam solucionados em 24 horas. Além disso, as empresas dispõem de uma visão global da sua situação, com acesso ao seu limite de caução e ao valor disponível.
A digitalização de serviços tem sido uma aposta forte para a Crédito y Caución. Temos os nossos serviços acessíveis 24 horas por dia em plataformas muito intuitivas, interativas e abrangentes que, além de agilizarem os processos, tornam a informação mais acessível e transparente. A segurança é um requisito essencial e primordial ao qual temos dados especial atenção.
11 Gostaríamos que significasse alguma alteração e que essa permitisse que os benefícios dessas garantias do Estado fossem transversais a todo o setor e a todos os operadores. Em termos de coberturas para fora da OCDE para operações de curto prazo, as garantias do Estado deveriam ser transversais a todas as seguradoras a atuar no mercado.
14 O volume de prémios processados em 2018 foi na ordem dos 66 milhões de euros, valor que inclui o mercado doméstico e a exportação, e traduz um incremento de 4,6% face ao ano anterior. Em 2019 esperamos manter este ritmo de crescimento.
José Monteiro, Diretor-Geral da Coface Portugal
1 Os desafios são cada vez maiores, uma vez que vivemos num mundo global e incerto, em que a capacidade de previsão é muito difícil de assegurar e onde os riscos políticos se agravam de forma acentuada, impactando significativamente na actividade das empresas, nomeadamente nas suas trocas comerciais, quer a nível doméstico, quer, fundamentalmente, na exportação.
Deste modo teremos de proporcionar ao mercado ofertas diferenciadoras, que vão ao encontro das necessidades das empresas, independentemente de serem ou não exportadoras. Não basta cobrir o risco, é necessário estudar e avaliar a qualidade do mesmo e do ambiente geopolítico em que se enquadra, com vista a transmitir aos segurados confiança nas decisões e, fundamentalmente, assegurar a liquidez através da indemnização, sempre que o comprador não cumpra os seus compromissos. Nos mercados externos, e no sentido de garantirmos a melhor qualidade ao conteúdo da informação sobre as empresas e o ambiente em que operam, contamos com o acompanhamento efectuado pelas diversas sucursais ou filiais do grupo Coface, que possibilitam a cobertura do risco de crédito em 200 países e que, utilizando um modelo comum de análise e gestão de informação e risco, garantem a qualidade de serviço global aos nossos segurados. Na exportação, é importante ainda realçar a inclusão no nosso contrato da cobertura do risco político e catastrófico, cobertura que, em Portugal, somente é disponibilizada pela Coface na sua apólice base.
Para além de uma forte capacidade de análise e Gestão de risco, é muito importante assegurar as comunicações com os segurados via plataforma online, simplificando a comunicação e reduzindo drasticamente os tempos de resposta.
A Coface distingue-se pelo pioneirismo neste aspecto, uma vez que tem sempre assegurado, e em antecipação ao mercado, diversas formas de acesso pelos segurados, quer através da CofaNet, a nossa plataforma online, onde se incluem ferramentas poderosas de gestão das apólices e indicadores de acompanhamento e controle das mesmas pelo segurado, tal como o DashBoard; como a possibilidade de integração do sistema informático do segurado no sistema informático da Coface, permitindo uma gestão do contrato totalmente integrada, automatizando sistemas e reduzindo drasticamente os custos administrativos. Em qualquer destas plataformas é possível aceder à nossa base de dados de 80 milhões de empresas localizadas em todo o mundo, facilitando a prospecção comercial dos nossos clientes em condições muito vantajosas, quer de preço, quer de cobertura de risco.
4 A magnitude da desaceleração económica no Reino Unido e o seu impacto nas empresas exportadoras irá depender dos termos do acordo final do Brexit ou, no pior dos cenários, da ausência deste. Se necessário, a retirada do Reino Unido da UE poderá ser adiada, por forma a evitar um Brexit sem acordo. Este ambiente de incerteza constante será um fator chave na recuperação do investimento empresarial, que já foi afetado em 2018. Os investimentos vão continuar a abrandar devido ao aumento dos custos de crédito. Além disso, mesmo no caso de existir um acordo Brexit, as incertezas quanto à futura relação comercial com a UE irão dificultar ainda mais o desenvolvimento da capacidade de produção, incluindo as cadeias de valor. A menos que haja um Brexit sem compromisso, as exportações devem permanecer resilientes, apesar da desaceleração dos principais parceiros (zona do euro, China, Estados Unidos). No entanto, com as importações a recuperarem em 2019, a contribuição positiva do comércio exterior para o crescimento diminuirá. No cenário atual de restrições financeiras e baixa confiança das famílias, o que não é propício para o investimento e consumo, o sector automóvel deverá permanecer entre os mais afetados, após registar uma queda de 7% nos novos veículos nos primeiros dez meses de 2018 e um declínio de 6% em 2017.
Na Zona Euro, Itália é a segunda soberania mais endividada e isso acarreta riscos, principalmente em alguns sectores de atividade, como a construção, o têxtil, a energia e a indústria metalúrgica. No entanto, também observamos que, se monitorizados, estes riscos podem ser controlados. Depois de se recuperar fortemente em 2017, a economia italiana não conseguiu fugir da desaceleração que atingiu a zona do euro em 2018. Além dos fatores externos, as incertezas políticas no país aumentaram após as eleições parlamentares de Março de 2018. As posteriores tensões no mercado comprometeram a confiança das empresas e afetaram negativamente a atividade nos dois últimos trimestres. É expectável que o investimento, principal impulsionador da recuperação económica do país, seja moderado devido a uma confiança mais frágil e a um agravamento das condições de financiamento das empresas. Os aumentos da taxa de juros continuam a afetar os balanços patrimoniais dos bancos italianos e, por essa razão, estes limitam os empréstimos às empresas. Em 2019, a política fiscal expansionista projetada pelo governo deve apoiar a procura interna, mas a eficácia dessas medidas continuará a depender de um regresso da confiança económica. No entanto, ao contrário do que sucedeu em 2018, a Coface prevê que o comércio externo contribuirá positivamente para a retoma da atividade
7 A cobertura de risco país, cobre exclusivamente a ocorrência de guerras ou tumultos, desvalorização cambial, nacionalizações, ou seja, os chamados risco de natureza política.
8 Portugal tem um mercado pequeno e muito competitivo. Existe uma forte pressão nos preços praticados pelo sector, o que origina naturalmente uma redução transversal da taxa dos prémios no mercado, que tem sido compensada pelo aumento dos capitais seguráveis, como consequência do crescimento sustentado do comércio mundial.
9 Através da nossa plataforma on-line, lançámos em 2018 os serviços de Opinião de Crédito @rating, um indicador sobre a capacidade creditícia de uma empresa honrar os seus compromissos financeiros. Esta avaliação não só identifica as empresas que apresentam maior solidez financeira, como também indica o nível de exposição máximo recomendado sobre as mesmas, de acordo com uma escala que é indicada. Para além disso, os nossos clientes podem solicitar Opiniões de Crédito @rating sobre compradores localizados em países abrangidos e não abrangidos pela cobertura do Contrato, estes últimos ao abrigo da zona discricionária. A diferenciação desta oferta da Coface reside na particularidade do cliente, caso decida concretizar a venda para a empresa sobre a qual obteve a opinião de crédito, poder transformar essa opinião de crédito num limite de crédito, com um montante de cobertura de crédito definido para esse negócio.
Em 2019, e sempre através da nossa plataforma on-line CofaNet, vamos lançar a nova oferta de informação a qual consiste na distribuição de três formatos de relatórios de informação comercial, de acordo com o seu conteúdo. Estes relatórios, permitem o acesso a informação legal, económica e financeira sobre as empresas. O formato e o conteúdo dos relatórios têm uma estrutura uniformizada, independentemente do país de origem, proporcionando uma informação ampla e detalhada; e permitindo efectuar uma análise aprofundada do risco de crédito associado a uma determinada empresa.
Também em 2019 vamos disponibilizar ao mercado um produto inovador, destinado à cobertura do risco de crédito de PME, por forma a alargar o acesso ao seguro de crédito a uma importante franja do universo empresarial português.
10 Sem dúvida. As empresas exportadoras, que necessitam de prestar garantias exigidas pelas autoridades alfandegárias por exemplo, recorrem ao seguro de caução para fazer face a estas exigências. Paralelamente o seguro de crédito apoia a internacionalização das empresas, independentemente da sua origem ou do destino do investimento. A Coface oferece coberturas sobre todos os riscos inerentes às transacções comerciais, qualquer que seja a sua fase de execução, em mais de 200 países.
Por essa razão, no início deste ano, após detectarmos junto dos nossos segurados a necessidade de uma solução integral, que combinasse o seguro de crédito com seguros de caução, para uma protecção e desenvolvimento eficazes do seu projecto de negócio, estabelecemos uma parceria estratégica com a Abarca Seguros, especialista no mercado de seguro de caução, ao qual se dedica exclusivamente. Com este acordo estratégico, fechamos o círculo desses seguros relacionados com a actividade comercial, beneficiando todos os nossos actuais e potenciais clientes, que terão a possibilidade de usufruir não só das nossas habituais soluções de seguro de crédito, mas também da possibilidade de solicitar linhas adicionais de caução para o desenvolvimento de suas operações.
11 A alteração introduzida pressupõe, na nossa opinião, que o Governo terá considerado importante que a entidade gestora seja seleccionada de forma a evitar privilegiar qualquer operador em relação aos seus concorrentes, uma vez que o pretendido é assegurar um serviço de apoio às empresas, cuja responsabilidade é do Estado.
De facto, as políticas públicas de apoio à exportação das empresas portuguesas devem ser definidas pelo Governo, e implementadas por empresas ou organismos exclusivamente ligados ao Estado. Quando tal não acontece, não deverão ser realizadas através de uma entidade que desenvolva também a sua actividade privada no mesmo sector, porque isso irá permitir-lhe uma oferta ao mercado que não está disponível para os seus concorrentes.
Trata-se de uma situação de clara desigualdade que parece estar a ser analisada pelo Governo, uma vez que existem, já há muito tempo, entidades ligadas ao Estado que podem, sem qualquer dificuldade, assegurar esse importante serviço de apoio às exportações do país.
Julgamos que Estado detém a participação ou controle sobre entidades públicas ou privadas, que poderão assegurar, sem qualquer dificuldade, esse importante serviço de apoio às empresas, podendo a título meramente exemplificativo, uma vez que é possível identificar outros, referir a SOFID que está inclusivamente com uma nova dinâmica no apoio às empresas.
Celeste Hagatong, CEO da COSEC
1 Como acontece na generalidade dos serviços financeiros, o principal desafio é o decorrente da introdução de novas tecnologias – digitalização, big data, inteligência artificial e robótica – que alteram os processos internos das Companhias, ganhando mais eficiência e com vantagens nos serviços oferecidos aos clientes. Um segundo ponto muito importante são as exigências regulatórias no que se refere à implementação de “Solvência II”, introduzida em 2006 e cuja regulamentação prossegue. Mas também há a referir a necessária adaptação às novas regras contabilísticas IFRS17 e IFRS19 que irão ser introduzidas nos próximos 3 anos.
Tudo isto se passa numa altura em que pairam grandes incertezas ao nível mundial, que podem arrefecer a qualquer momento o crescimento económico previsto para este ano, já mais lento e com impacto no comércio mundial e, portanto, na atividade dos seguros de crédito. Por outro lado, um outro grande desafio é o de fazer chegar os seguros de crédito às PME, tal como a COSEC tem vindo a assumir como um dos seus principais eixos estratégicos já há alguns anos.
2 As transações cobertas por seguro de crédito da COSEC atingiram em 2018 cerca de 10% do PIB. Considerando a quota de mercado da COSEC de cerca de 51%, uma estimativa grosseira apontaria para que os seguros de crédito cubram transações correspondentes a 20% do PIB.
3 O número de empresas exportadoras em Portugal situa-se entre 20 a 25 mil empresas, número que não tem sofrido grande alteração ao longo dos anos. Existe um número muito limitado de grandes exportadores, comparando com as milhares de empresas de pequena dimensão, que exportam valores bastante baixos e apenas para um país. Mas também verificamos que as PME exportadoras são as que mais têm crescido.
Por este motivo a COSEC tem vindo a desenvolver nos últimos anos grandes esforços para chegar ao mercado das PME, em especial das exportadoras. Considerando como referência as PME Líder e Excelência, a COSEC já tem uma quota relevante junto destas empresas. Em 2018, a COSEC assinou um acordo de parceria com o IAPMEI e o Turismo de Portugal, destinado a ter uma oferta dedicada aos seguros de crédito para as PME Líder.
Para chegar a este segmento das PME tem sido muito importante não só a colaboração com os tradicionais parceiros da COSEC (mediadores e agentes de seguros), mas sobretudo o acordo de distribuição assinado em 2006 com o BPI, acionista da COSEC e que anualmente aporta 40% dos novos clientes.
Em Julho de 2018, a COSEC assinou um novo acordo com a CGD, em tudo similar ao do BPI, tendo em vista a disponibilização dos produtos da COSEC na sua rede bancária – a maior do país. Estamos certos que irá reforçar também a penetração da COSEC neste segmento de mercado das PME.
9 Em 2018, o novo serviço fornecido pela COSEC aos seus segurados foi a “COSEC App”. Esta aplicação permite através de um smartphone o acesso à “COSEC Net” e possibilita a verificação por parte dos segurados de informação sobre entidades e a gestão de limites de crédito atribuídos aos seus clientes. É uma solução de mobilidade que permite aos nossos segurados estar em tempo real ligados à COSEC e assim poderem gerir as suas apólices em qualquer parte do mundo e a qualquer hora.
Já em 2017, a COSEC no âmbito da sua transformação digital lançou o produto “Garantia Dinâmica” que possibilita aos seus segurados, através de informações de risco e de limites de crédito disponibilizados on line pela COSEC, tomar decisões de forma rápida em relação a negócios com os seus clientes ou potenciais clientes, tanto nacionais como estrangeiros.
Há poucos dias, foi lançada uma nova plataforma digital, a “COSEC Go”, para a COSEC interagir com os seus parceiros de distribuição – mediadores e agentes de seguros – de forma a que estes tenham acesso em tempo real a informações sobre as apólices por eles intermediadas. Estamos certos que com a “COSEC Go” será prestado um melhor serviço aos segurados da COSEC, através destes nossos parceiros. Soluções idênticas estão previstas entrar brevemente em funcionamento para os nossos parceiros bancários, BPI e CGD.
10 O seguro de risco de crédito e o seguro caução são ramos de seguro que a COSEC tem vindo a explorar quase desde o início da sua atividade em 1969. Com a paragem havida no sector da construção e obras públicas e com o agravamento de risco verificado em muitas empresas, o seguro de caução teve uma quebra muito grande sobretudo a partir de 2007, situação que se inverteu nos últimos dois anos.
Até 2017, a oferta COSEC de produtos de seguro de caução baseava-se em produtos tradicionais, como sejam:
o Cauções de Empreitadas – garantem a boa execução das obrigações contratuais assumidas pela Empresa empreiteiro (Tomador de Seguro) perante o beneficiário da caução (Segurado dono da obra).
o Cauções de Fornecimentos (prestação de serviços) – garantem a boa execução das obrigações contratuais assumidas pela Empresa fornecedor (Tomador de Seguro) perante o beneficiário da caução (cliente do fornecimento).
o Cauções Aduaneiras – garantem ao beneficiário da caução, a Autoridade Tributária (Segurado), o pagamento dos direitos aduaneiros e outras imposições devidas pela Empresa que contrata o seguro (Tomador de Seguro).
o Cauções Diversas – garantem o bom cumprimento de obrigações legais ou contratuais.
No final de 2017, a COSEC alargou o portefólio de produtos, introduzindo 2 novos produtos, aproveitando a experiência do Grupo Euler Hermes:
o Cauções de Bom Pagamento – Estas garantias asseguram o bom cumprimento de pagamento, sendo exigidas por contrato celebrado entre duas entidades privadas ou entre uma entidade privada e uma entidade pública;
o Cauções Fiscais – Asseguram a suspensão da execução fiscal após a oposição do contribuinte mediante impugnação judicial ou dedução de oposição.
Estes novos produtos permitiram-nos, por um lado, “entrar” em setores de atividade que tradicionalmente não utilizavam o seguro caução e, por outro lado, atingir um crescimento acima de 11% no valor dos prémios de seguro caução da COSEC em 2018.
11 O que posso dizer é que o Conselho de Garantias Financeiras à Exportação como foi criado pelo atual Governo, é a reposição de um órgão que sempre existiu e que foi extinto no âmbito da simplificação de organismos da Administração Pública, durante o período de intervenção da Troika. Na maioria dos países da União Europeia existe um órgão colegial semelhante, como aliás sempre aconteceu em Portugal, desde o início deste sistema em 1969.
Podemos dizer que o ano de 2018 correu bem nesta atividade, não só em termos de novas operações, como também de recuperações de sinistros. A exposição total do sistema de seguros de crédito com garantia de Estado atingiu no final do ano 1,3 mil milhões de euros, só ultrapassado em 2011 (1,6 mil milhões de euros). Também os prémios processados para o Estado tiveram uma evolução muito significativa no último ano, de mais de 168%.
Quanto aos sinistros e recuperações tiveram uma melhoria muito expressiva. Tudo isto mostra a dinâmica que se tem vindo a imprimir nesta área, com o reconhecimento da importância deste instrumento de política pública para a dinamização das exportações e, também, para a internacionalização das empresas portuguesas em países de risco agravado.
Nos últimos dois anos, iniciámos uma grande revolução nesta área da COSEC com a digitalização do arquivo, redefinindo processos. Em Outubro de 2018, foi lançado um novo site dedicado só a estes produtos www.scge.pt. Nele são dadas informações sobre a oferta standard, assim como de linhas especiais existentes.
Lançámos também uma plataforma transacional para os seguros de crédito com garantia do Estado, por onde são canalizadas todas as candidaturas – “SCGE Net”. No que se refere aos seguros de crédito com garantia do Estado de curto prazo, os segurados têm nesta plataforma uma solução muito idêntica à da “COSEC Net”. Neste momento cerca de 90% dos segurados ativos já aderiram ao “SCGE Net”.
Mas até ao final do primeiro semestre deste ano esperamos ter um workflow digital entre a entrada das propostas até à sua decisão, no âmbito dos poderes delegados atribuídos à COSEC, o que será mais um avanço importante.
Acerca de internacionalização sublinho que a linha de seguro de crédito de curto prazo para países de risco agravado, aberta há 10 anos, já conseguiu segurar exportações para 114 países. Potenciou exportações da ordem dos 6,6 mil milhões de euros, com relevância para os mercados africanos de língua oficial portuguesa. Cerca de 90% das empresas que recorreram a esta linha são PME. Estes números são muito expressivos da importância deste sistema. Também a linha da Convenção Portugal Angola tem permitido o acesso de empresas portuguesas a projetos naquele país. Desde a assinatura inicial desta Convenção em 2004 já foram adjudicados contratos de cerca de 1,5 mil milhões de euros. Nestes números não estão considerados os novos projetos a enquadrar no reforço de mais 500 milhões de euros, assinado em setembro de 2018 durante a visita do Senhor Primeiro Ministro a Angola.
12 É importante referir que tomando um indicador do sector que relaciona os prémios de seguros com o PIB, por exemplo, no caso português é 0,38%, e no caso espanhol é de 0,65%, resulta que ainda há espaço para o seguro de crédito crescer na sua penetração em Portugal. Mas o mercado dos seguros de crédito comercial em Portugal é de reduzida dimensão e já está coberto por importantes operadores europeus e mesmo de nível mundial. Por isso, não se prevê a entrada de novos players.
14 O volume de prémios processados em 2018 atingiu cerca de 35,6 milhões de euros. Mas é importante referir que no último ano a COSEC atingiu dois números record na sua história, o nível de exposição ao risco no final do ano, cerca de 13 mil milhões de euros, e de transações garantidas, cerca de 20 mil milhões de euros. Esperamos para 2019, de acordo com os cenários macroeconómicos já divulgados por várias entidades, um abrandamento no crescimento económico em Portugal e também nos seus principais parceiros comerciais, o que terá imediatas consequências na atividade dos seguros de crédito. Mesmo assim, projetamos um ligeiro crescimento, mas abaixo do verificado no ano de 2018.
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