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Semana negra leva FED a entrar em cena, será suficiente?

No total foram mais de $3 triliões que desaparecerem em apenas cinco dias de negociação só no mercado norte-americano, com a particularidade de na sexta-feira o volume ter sido absolutamente inusitado com 19.31 biliões de negócios efectuados, mais do dobro da média do último mês que está os 9.25 biliões e ainda mais do que a média normal que se situa nos 7 biliões por dia.
2 Março 2020, 13h05

O comportamento de Wall Street na sexta-feira não foi propriamente uma surpresa, com o pessimismo ainda bem presente no sentimento a dominar logo na abertura mas, tal como referi possível na análise do dia, a sessão não terminou sem um forte rebound técnico no final do dia que permitiu ao tecnológico Nasdaq terminar em território positivo, e ao S&P500 fechar com uma perda de -0,82%, bem melhor que os mais de -3% de desvalorização que chegou a registar uns minutos antes. Mas não obstante esta recuperação é de realçar o facto dos índices norte-americanos terem tido a pior semana desde 2008, com um deslize de -11%, o que é certamente um dado muito importante, desde logo porque foi a mais rápida incursão para território de correcção após novos máximos, mas ainda assim não é o fim do mundo e estamos apenas a um pouco mais de metade do trajecto até ao nível decisivo, a zona dos Ursos, ou o Bear market, que começa nos -20% de perda.

No total foram mais de $3 triliões que desaparecerem em apenas cinco dias de negociação só no mercado norte-americano, com a particularidade de na sexta-feira o volume ter sido absolutamente inusitado com 19.31 biliões de negócios efectuados, mais do dobro da média do último mês que está os 9.25 biliões e ainda mais do que a média normal que se situa nos 7 biliões por dia, ou seja foi certamente um dia típico de esgotamento, ou exaustão para utilizar o termo mais técnico de mercado. Isto não quer dizer que a correcção ficou por aqui até porque o sentimento ainda está bastante instável, no entanto e tal como referi a semana passada o aumento do ruído do receio levou à previsível intervenção do FED, nesta fase ainda muito cautelosa com o seu presidente Jerome Powell a dizer que a maior economia do mundo ainda está com um crescimento robusto, mas que o banco central está preparado para intervir caso seja necessário.

Estas e outras indicações fazem com que os analistas antecipem já para este mês um corte nos juros nos EUA, com o Bank of America a indicar inclusive que tal será de 0,5%, o que a ocorrer poderá levar a um rebound de alivio, veremos se será suficiente. Seja como for a instabilidade e a cautela poderão dominar esta semana, até porque os dados que saíram da China no Sábado sobre o manufacturing purchasing managers’ index foram devastadores, com uma contracção para os 35,7, bem abaixo dos 50 que indicam uma estagnação e com o sector dos serviços a cair no abismo para o valor mais baixo de sempre nos 29,6. As estimativas apontam para que nesta fase as fábricas estejam a operar entre os 60% e 70% da sua capacidade na segunda maior economia do mundo, sendo que no final do mês o número poderá estar nos 91%, portanto uma normalização demorada e caso não ocorra um agravamento da situação da progressão do coronavírus na China.

O gráfico de hoje é do S&P500, o time-frame é Diário.

O principal índice accionista encontrou suporte nos mínimos de Outubro do ano passado, no topo superior de um canal de suporte que abrange os mínimos de Agosto (linhas azuis).

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