Estamos na época das festas, o que em teoria é uma altura para nos focarmos na família, nos amigos, nos bons jantares e nas decorações luminosas. Também é a época em que alguns discutem o verdadeiro significado do Natal. Será que o Natal se tornou demasiado consumista e comercial?

De facto, o Natal representa uma época com grande significado para os resultados financeiros de muitas empresas, em particular as de retalho. Consequentemente, é uma época de grande investimento em publicidade que, obviamente, é desenhada para nos levar a consumir.

A minha reflexão não se prende com a necessidade de fazer publicidade impactante, mas antes com a natureza dos anúncios mais recentes que são promovidos por um grande leque de empresas. No passado, existiam algumas empresas que tinham a tradição “do anúncio do Natal”. A John Lewis, no Reino Unido, ficou tão conhecida por isso que tanto os clientes como as agências e publicitários aguardavam, expectantes, pela novidade do ano.

Em Portugal, quem não se recorda com carinho dos anúncios do Pai Natal da Coca-Cola e, mais recentemente, da famosa Popota do grupo Sonae? Ora, este fim de semana, enquanto via televisão recreacional, fui impactada por uma exibição de anúncios natalícios que tentam o seu melhor para levar o espectador à emoção.

Eu sou fã de anúncios emocionais, pois resultam bem com a audiência e ficam-nos na memória. Ainda hoje me recordo de um anúncio da Edeka, uma cadeia de supermercados na Alemanha, que contava a história de um senhor idoso que forjou uma mensagem de crise para reunir a família no Natal. E eu não sou cliente… Este ano, o que me criou prurido é que os anúncios parecem seguir uma fórmula pré-empacotada, ou uma check list de histórias triste ou lamechas. Falta-lhes autenticidade e um real insight para criar a ligação emocional tão pretendida com o espetador.

Forçam alguns temas socais pertinentes, como a discriminação, diversidade, saúde mental, entre outros, mas de forma dissociada da marca ou empresa anunciante. E fica a pergunta, será que esta organização faz algo de facto, no sentido de mitigar o tema que eles próprios apresentam, ou será apenas manipulação comunicacional?

Por outro lado, porque é que a maioria dos anúncios que eu vi este fim de semana nos remetem para emoções fortes negativas? Esta época não deveria ser de celebração e de felicidade? O mundo atual está tão cheio de incertezas, lamentos e angústias. Será que não merecemos todos um pequeno intervalo de luz, paz e de amor?

Se por um lado questiono a eficácia deste tipo de comunicação, em particular quando todos implementam cegamente o mesmo modelo, por outro, questiono a necessidade de criar narrativas pesadas numa época que pede algo diferente.

Fico o meu desejo de Natal, que sejamos felizes! Que nos recordemos do bom desta época e espero que consigamos aproveitar em paz esta época com os nossos mais próximos. A todos um FELIZ Natal!