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Sergey Lavrov anuncia encontro com a Ucrânia a 2 de junho

O ministros dos Negócios Estrangeiros disse que já há um memorando sobre a matéria. Fontes próximas dizem que o documento pode incluir a exigência de uma declaração escrita de sobre o não-alargamento da NATO para o leste da Europa.
POOL/Reuters
29 Maio 2025, 07h00

As condições do presidente Vladimir Putin para o fim da guerra na Ucrânia incluem a exigência de que os líderes ocidentais se comprometam por escrito a interromper a expansão da NATO para o leste e suspendam parte das sanções impostas à Rússia. Parece ser este o ‘caderno de encargos’ que os negociadores russos levarão para a Turquia (Istambul) – um país da NATO onde a Rússia deseja sediar a ronda prevista, em princípio, para o próximo dia 2 de junho.

A delegação russa, liderada pelo assessor presidencial Vladimir Medinsky, está pronta para apresentar à Ucrânia o memorando de Moscovo sobre a superação das causas profundas da crise entre os dois países a 2 de junho em Istambul, disse o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, numa declaração citada pela imprensa russa. “Conforme acordado, a parte russa elaborou prontamente um memorando pertinente, delineando a nossa posição sobre todos os aspetos para superar de forma confiável as causas profundas da crise. A nossa delegação, chefiada por Vladimir Medinsky, está pronta para apresentar este memorando à delegação ucraniana e fornecer os esclarecimentos necessários durante a segunda ronda de negociações diretas em Istambul, na próxima segunda-feira, 2 de junho”, destacou Lavrov.

Após conversar com o presidente norte-americano Donald Trump por mais de duas horas na semana passada, Putin afirmou ter concordado em trabalhar com a Ucrânia num memorando que estabeleceria os contornos de um acordo de paz, incluindo um cronograma para um cessar-fogo.

Fontes russas citadas pela agência Reuters relataram que Putin deseja uma promessa “por escrito” das principais potências ocidentais de que a NATO não expandirá a aliança para o leste da Europa. No âmbito dessa ‘não-expansão’, parece caber uma cláusula para descartar formalmente a adesão da Ucrânia, Geórgia, Moldávia, entre outras antigas repúblicas soviéticas que poderiam ser ‘aliciadas’ a juntar-se à aliança. Não se sabe ao certo se será difícil ou não conseguir o ‘papel passado’, mas, quanto à questão da expansão, Trump não deverá colocar grandes entraves.

Ainda segundo a Reuters, a Rússia quer também que a Ucrânia mantenha uma posição neutra, que algumas sanções ocidentais sejam suspensas, que a questão dos ativos soberanos russos congelados no Ocidente seja resolvida e que os falantes de russo na Ucrânia sejam protegidos. Se Putin perceber que não consegue chegar a um acordo de paz nos seus próprios termos, tentará mostrar aos ucranianos e aos europeus, por meio de ações militares, que “a paz amanhã será ainda mais dolorosa”.

Kiev tem afirmado repetidamente que a Rússia não deve ter poder de veto sobre as suas aspirações de ingressar na NATO – mas também já percebeu, tanto com Trump como com o seu antecessor, o democrata Joe Biden, que a Casa Branca não está disponível para aceitar a Ucrânia no seio do agrupamento militar. A Ucrânia afirma que precisa que o Ocidente lhe forneça uma forte garantia de segurança, capaz de dissuadir qualquer futuro ataque russo.

Entretanto, a Alemanha acordou um novo pacote de ajuda de 5 mil milhões de euros para a Ucrânia e a produção conjunta de sistemas de armas de longo alcance durante a visita de Volodymyr Zelenskyy a Berlim. O chanceler alemão Friedrich Merz afirmou que o seu país tentará ajudar a Ucrânia a desenvolver conjuntamente novas armas de longo alcance que possam atacar mais profundamente o território da Rússia, conforme relata a agência Euronews.

Merz anunciou o início de uma “nova forma de cooperação industrial militar entre os dois países”, afirmando que a Alemanha e a Ucrânia procurarão “permitir a produção conjunta” de armas. Os sistemas serão fabricados na Ucrânia em instalações industriais já existentes e utilizarão conhecimentos técnicos já desenvolvidos. Na sequência da declaração de Merz, os ministros da Defesa dos dois países assinaram um memorando que inclui também o investimento direto alemão na indústria de defesa ucraniana e um acordo mais amplo entre a Ucrânia e os fabricantes de armas alemães.

“Este é o início de uma nova forma de cooperação militar-industrial entre os nossos países, que tem um potencial significativo”, afirmou Merz numa conferência de imprensa conjunta com Volodymyr Zelenskyy, em Berlim. Já o ministério alemão da Defesa afirmou que um número “significativo” de sistemas deverá ser fabricado até ao final de 2025, estando o primeiro lote pronto a ser utilizado nas próximas semanas. Berlim também reiterou o seu compromisso de fornecer à Ucrânia mais armas e munições, incluindo defesa aérea e artilharia.

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