Os fundos de investimento fazem negócios altamente rentáveis com ativos problemáticos, comprando barato e vendendo caro.
Na página oficial da internet, a Lone Star explica a estratégia de investimento: encontrar “oportunidades em mercados que passaram por uma crise económica ou bancária, da qual resultou um ‘deslocamento’ do preço dos ativos”.
“Especificamente, a Lone Star procura capitalizar nas condições de mercado nas quais os balanços das instituições financeiras estão sob pressão e nas quais é necessário vender elevados volumes de ativos para gerir o capital e reforçar a liquidez”, lê-se.
Deste auto-retrato, parece claro por onde passa a vontade da dona de 75% do Novo Banco desde outubro de 2017.
Obrigado a seguir à risca até 2021 com o plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia, António Ramalho, CEO do Novo Banco, está numa espécie de corrida contra o tempo para agradar ao acionista maioritário: colocar o Novo Banco em posição financeiramente sustentável para que permita à Lone Star vender a sua participação com um premium.
Na conferência de imprensa de apresentação de resultados relativos a 2018, em março deste ano, António Ramalho admitiu mesmo que o Novo Banco poderá obter resultados positivos em 2021.
A resposta à pergunta sobre quem comprar à empresa norte-americana valerá muitos milhões, provavelmente mais do que os mil milhões de euros que a Lone Star ‘depositou’ nos cofres do Novo Banco.
Em Portugal, a Caixa Geral de Depósitos, detida pelo Estado, não é opção. E, em igual sentido, está o BPI, detido pelo banco espanhol CaixaBank.
Depois de, em 2014, o BPI ter formalizado interesse no ‘banco bom’ do Novo Banco, esta semana, Gonzalo Gortázar, presidente executivo do CaixaBank, afastou o interesse numa futura compra desta instituição de crédito, explicando que “gostamos do crescimento orgânico” e “não temos previstas aquisições em Portugal”.
Entre os bancos de maior dimensão a atuar em Portugal, sobram assim o Millennium bcp e o Santander. Se em 2016 saíram notícias a dar conta do interesse do BCP em comprar o Novo Banco por ser, na altura, o segundo banco mais exposto ao banco, em 2021, a compra do Novo Banco poderá inserir-se no terceiro eixo estratégico do plano do BCP: o crescimento e a liderança em Portugal.
Olhando apenas para clientes e depósitos, se o BCP comprasse o Novo Banco aos dias de hoje, aumentaria a base de clientes em 56% em Portugal, para de 3,6 milhões de clientes, o que compara com os atuais 2,3 milhões, e os depósitos cresceriam 67% para 66,8 mil milhões de euros, contra os atuais cerca de 40 mil milhões. Mas só Miguel Maya saberá, melhor do que ninguém, se a evolução do Novo Banco for suficientemente interessante que justifique obter o apoio dos acionistas do BCP, a Fosun e a Sonangol.
O Santander, dono do banco Santander Totta, também formalizou o interesse na compra do ‘banco bom’ do Novo Banco em 2014. Atualmente, o Santander Totta tem por objetivo tornar-se num banco virado para as empresas e tem o apoio do capital do Santander, que tem mais de cem mil milhões de euros em cash e um rácio de capital de 11,30%.
Depois da compra do Banif, que reforçou a posição do banco liderado por Pedro Castro e Almeida nas ilhas, o Santander Totta atingiu uma quota de mercado no crédito a empresas de 20,5%.
Independentemente da existência de interessados na compra do Novo Banco, a operação estará sempre sujeita à autorização do Banco Central Europeu.
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