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Sete maiores bancos com lucros de 1,3 mil milhões em queda anual de 1,3%

No conjunto, a Caixa Geral de Depósitos, o BCP, o Santander Totta, o Novobanco, o BPI, o Crédito Agrícola e o Banco Montepio, tiveram lucros de 1.353,5 milhões de euros, o que compara com 1.371,6 milhões de euros nos primeiros três meses de 2024, o que traduz uma queda de 1,3%.
26 Maio 2025, 07h00

Os sete maiores bancos portugueses já apresentaram as suas contas do primeiro trimestre. No conjunto, a Caixa Geral de Depósitos, o BCP, o Santander Totta, o Novobanco, o BPI, o Crédito Agrícola e o Banco Montepio tiveram lucros de 1.353,5 milhões de euros, o que compara com 1.371,6 milhões de euros nos primeiros três meses de 2024, traduzindo uma queda de 1,3%.

Nada que não se esperasse, num contexto de descida de taxas de juro pelo BCE iniciado no fim de 2023.

Apesar de no conglomerado ter havido uma queda dos lucros, e de o primeiro trimestre dos bancos ter tido em comum a queda das receitas de juros (margem financeira) e a subida da carteira de crédito ajudada pela subida do crédito à habitação que beneficiou da garantia do Estado ao crédito jovem, nem todos os bancos tiveram a mesma evolução.

Por exemplo, o BPI obteve um resultado líquido de 137 milhões no primeiro trimestre de 2025, o que representa uma subida de 13% face aos 121 milhões registados no mesmo período do ano anterior. Refira-se que este resultado inclui o dividendo do BFA relativo a 2024, de 46 milhões (no ano anterior o registo ocorreu no segundo trimestre). O BPI regista o dividendo do BFA quando é aprovado  pelos seus acionistas. Pois a atividade em Portugal contribuiu com 98 milhões de euros, o que representa uma diminuição de 13% anual refletindo o repricing do crédito com indexantes mais baixos.

O BCP também escapou à queda dos lucros, ao subir 3,9% para 243,5 milhões de euros, sendo que em Portugal a subida dos lucros foi de 218,9 milhões, crescendo 7,6%. “Para a evolução favorável do resultado líquido na atividade em Portugal contribuiu em larga medida a redução das imparidades e provisões verificada no último ano, com a melhoria do perfil de risco da carteira”.

Portanto, a “consumir” o resultado consolidado do BCP esteve a atividade do banco em Moçambique, com os resultados do Millennium BIM, em Moçambique, a caírem 84,3%. O mesmo aconteceu à CGD e BPI que juntos têm em Moçambique o BCI que teve lucros de cerca de 30 milhões de euros no trimestre. Por causa da queda do rating do país os bancos donos do BCI tiveram de registar imparidades.

O Banco Montepio também está entre os bancos que escaparam à queda dos resultados líquidos no primeiro trimestre, pois os lucros subiram face ao período homólogo 6,7%.

A maior queda dos lucros verificou-se no Crédito Agrícola, que obteve um resultado líquido de 99,8 milhões de euros, justificado por uma queda da margem financeira de 16,8%. Licinio Pina, Presidente do Grupo Crédito Agrícola, considerou que “o desempenho do Grupo no primeiro trimestre de 2025 revelou-se muito positivo face às condições de ajustamento de taxas verificadas nos mercados, na sequência da descida constante e persistente das taxas Euribor auxiliadas pelos cortes sucessivos das taxas diretoras do BCE”.

Também relevante é a queda dos lucros do Santander Portugal, de 8,7% para 268,8 milhões de euros. Também aqui empurrado pela queda de receita dos juros (a margem financeira caiu 19,6%). No banco a subida dos volumes de crédito mitigou a queda da receita da margem financeira e o seu impacto nos lucros. No Santander Totta o crédito total a clientes (bruto), no montante de 50,7 mil milhões de euros, registou um crescimento homólogo de 8,7%, suportado na elevada originação de novos créditos à habitação e a empresas.

O Novobanco, por sua vez, registou um lucro de 177,2 milhões de euros, a caírem 1,9% graças à queda da margem financeira. Apesar disso, o CEO disse que o Novobanco está no bom caminho para cumprir as orientações para 2025. A margem financeira caiu 6,7% num ano para 279,1 milhões de euros. A Moody’s aponta algumas fragilidades que permanecem no Novobanco que quer entrar em bolsa. “Apesar da redução significativa nos últimos anos, as métricas de qualidade dos ativos do banco são ainda fracas em comparação com as dos seus pares nacionais e europeus”, diz.

Por fim a CGD manteve os lucros em linha com o ano anterior.  O banco liderado por Paulo Macedo registou lucros de 393 milhões de euros no primeiro trimestre, menos dois milhões que no mesmo período do ano anterior. Com a margem financeira em queda de 11% para 636 milhões de euros.

Mas como a rentabilidade é que é a medida certa da lucratividade, o banco mais rentável é a CGD com um ROE de 24%. Segue-se o Santander Totta com 23,9%. Depois o Novobanco com um RoTE  de 21,7%. O BPI com um RoTE em Portugal de 17,5% é o banco que se segue. O Crédito Agrícola surge a seguir com um ROE de 14,5% e o BCP segue-se com 13,5%. O Banco Montepio continua a ser o que ainda não atingiu a rentabilidade de dois dígitos, sendo essa a sua fragilidade. O ROE é de 6,7%.

Na qualidade do stock da carteira de crédito, o melhor banco, com menor rácio de crédito malparado é o BPI com 1,3% e o pior é o Crédito Agrícola com 4,5%. Este é também o banco com menor cobertura por imparidades (apenas 56,8% quando na CGD esse rácio de cobertura é de 167%).

O custo do risco, refere-se às novas imparidades sobre o stock da carteira e aqui os melhores foram o Banco Montepio (-0,40%); a CGD (-0,25%); o Crédito Agrícola (-0,10%); o Santander (-0,02%); o BPI com 0,10%; e o pior o BCO com 0,38%.

Os rácios de eficiência da banca portuguesa destacam-se pela positiva entre os bancos europeus, estando quase todos abaixo de 40%, exceto o Crédito Agrícola, onde o rácio de custos sobre proveitos está em 49,1%, e o pior é o Banco Montepio com 67,7%.

O melhor é, neste indicador, o Santander com 26,9%. Depois a CGD com 29,9%, o Novobanco com 33,6% e empatados os BCP e BPI com 37%.

Os bancos tiveram subidas de custos, como seria de esperar, mas, com as receitas prejudicadas pela queda dos juros os seus rácios de eficiência, em geral, deterioram-se, ainda que não tenha sido de forma muito grave.

Onde os custos mais subiram foi no BCP e no Montepio (10,4% e 10%, respetivamente).

De seguida aparecem o Crédito Agrícola e o Novobanco, tendo a subida sido de 6,9% e de 5,3%. Com um aumento de 3%, os custos da CGD elevaram o rácio de eficiência de 32,6% para 37,3%.

O Santander reportou uma subida do custos de 1% e 0 BPI revelou uma queda de 4%.

Por fim, olhemos para o capital. O rácio de CET1 do Crédito Agrícola é o maior com 24,3%; segue-se a CGD com 20,7%. Aqui há que explicar que o rácio CET1 da Caixa é o dobro do exigido com um buffer de cerca de 12 pontos percentuais. Isto já incluindo a distribuição de resultados de 850 milhões de euros, “após dedução de dividendo anual e do payout do trimestre”. Na conferência de imprensa o CEO da CGD, Paulo Macedo, explicou que esse buffer é de 3,5 mil milhões a 5,5 mil milhões de euros.  

O Banco Montepio reportou um rácio de 16,3%. Já o Novobanco, depois da distribuição de resultados fica com o CET1 de 16%.

O BCP por sua vez tem um rácio de CET1 de 15,9%, o Santander de 14,20% e o BPI de 13,9%.

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