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Setor da energia aposta na transição digital e na IA

Segundo o mais recente estudo internacional da CGI, ‘Voice of Our Clients’, a transição digital e a IA são uma tendência no mercado neste momento, sendo que os “dados são a matéria-prima do século XXI”, de acordo com a opinião de João Ribeiro, diretor de Vice President, Consulting Expert na CGI.
25 Março 2025, 07h00

A Inteligência Artificial (IA) tem vindo a revolucionar vários setores, sendo uma prioridade para muitas empresas. Uma das áreas que tem apostado nesta tecnologia é o setor de energia e utilities.

Segundo o mais recente estudo internacional da CGI, ‘Voice of Our Clients’, a transição digital e a IA são uma tendência no mercado neste momento, sendo que “os dados são a matéria-prima do século XXI”, de acordo com a opinião de João Ribeiro, Vice President, Consulting Expert da CGI.

“A ideia que nos tem sido passada pelos nossos clientes é que a IA está a obrigar a uma modernização tecnológica e a um acelerar da transição digital”, referiu ao Jornal Económico (JE) João Ribeiro. Apesar desta aceleração necessária, o diretor de Vice President revela que “enquanto as organizações não têm os seus dados organizados, as suas aplicações modernizadas não estão a tirar partido dos novos mecanismos de IA”.

Esta tendência está a gerar “não só negócio na área e no desenvolvimento de ferramentas de IA, mas também na consolidação do parque aplicacional, para que as empresas estejam apetrechadas para dar este passo”, salienta João Ribeiro.

As empresas desta área regem-se por regulamentos muito apertados, pelo que esta transição tem de ser realizada com cautela. Para as utilities, a IA divide-se em duas áreas principais: uma é “nós trazermos mecanismos de IA que nos ajudem a fazer aquilo que já fazemos hoje, melhor e mais depressa, os chamados mecanismos de IA enablement”, refere o diretor de Vice President.

Isto traduz-se, por exemplo, na aplicação de IA em chatbots, para ajudar os clientes, e na sua utilização para melhorar as performances dos técnicos no terreno. A outra área é aplicada no alargamento da abrangência de IA para as tarefas do dia a dia e para outras que surgem no contexto desta tecnologia. Esta aplicação nas empresas de utilities é utilizada, por exemplo, na manutenção de ativos, em “saber com a tecnologia como está a performance destes equipamentos”, revelou João Ribeiro.

“Este é um setor que gera um imenso número de dados, logo há uma base muito boa para ser explorada, quer nas operações internas, quer para os clientes finais”, explicou o diretor de Vice President.

Em Portugal, esta transição está a par com a dos restantes países. “Estamos a falar de empresas nacionais que se comparam com as suas congéneres europeias e americanas, ou seja, não há uma diferença muito grande do ponto de vista de maturidade destes processos”.

“Este é um setor onde a Europa compara muito bem com os Estados Unidos, no sentido em que o setor energético europeu sempre andou um bocadinho à frente do americano. Por isso, as nossas empresas comparam muitíssimo bem com aquilo que são as tendências do mercado”, referiu.

O setor tem enfrentado vários desafios, sendo o principal a transição energética, a revisão das cadeias de valor do setor, uma vez que atualmente os clientes podem ser consumidores e vendedores, e a questão da aceleração da transição digital, uma vez que as empresas “têm de estar capazes de encaixar mecanismos de IA nas suas operações e forma de trabalhar”, refere João Ribeiro.

“As empresas têm realizado um investimento significativo na melhoria do seu ecossistema aplicacional, de forma a garantirem que estão preparadas para o que aí vem”, afirmou.

O principal desafio da transição que se vive nas empresas é “a dimensão da tarefa”, uma vez que estas geram muitos dados, e muitas vezes estes dados estão “espalhados por vários servidores”.

A regulamentação é outro desafio. “Em Portugal e na Europa, há algum cuidado na adoção de IA, porque tem de ser feito tudo consoante os regulamentos, e ainda existem áreas cinzentas”, explicou.

Segundo João Ribeiro, a IA poderá ajudar as empresas na transição energética de duas formas. “A IA é um consumidor muito significativo de recursos de energia. O que estamos a ver, principalmente, nas empresas desta área, é que não é suficiente dizer que o mecanismo de IA vai trazer aqui uma vantagem; elas têm de perceber quais são os recursos que este mecanismo está a consumir e que tipo de recursos são”, referiu.

“Daí vermos o aparecimento de data centers verdes, que são alimentados por energias limpas”, afirmou João Ribeiro. Desta forma, as empresas dizem “IA sim, mas como é um grande consumidor, querem ter a garantia de que essa energia é de energias limpas”.

Outra forma de a IA ajudar nesta transição é que os seus mecanismos podem “ajudar as empresas a produzir energia verde de forma mais eficiente”. “Hoje em dia existem mecanismos de seleção quanto ao tipo de energia a produzir ao longo do dia”, refere o diretor de Vice President, sublinhando que se tem visto um “grande investimento das empresas em modelos preditivos”.

Apesar desta vontade e desta ajuda que esta transição pode dar às empresas, o grau de industrialização ainda é “relativamente baixo”, ou seja, “os use cases chegam ao fim e ainda são poucos os que concluem que vale a pena instaurar esta solução”, explicou.

Sendo assim, ainda não há dados que possam prever quando é que este setor termina a transição. No entanto, é importante ressaltar que as empresas já estão no terreno a trabalhar para que esta aconteça.

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