Os últimos 2 meses impuseram à humanidade a um dos maiores desafios do sec. XXI, desafiando tudo e todos e expondo o mundo a algo que nem o maior dos pessimistas poderia antecipar. De facto por muitas previsões que se pudessem fazer, nenhuma faria antever tal acontecimento, realidade e impacto. Pergunta-se hoje como será o mundo, como serão os negócios que industrias e setores irão sobreviver, já não se fala de crescer, mas sim de sobreviver e manter, a pandemia mudou radicalmente a perspetiva do mundo, dos negócios e da sociedade.

A realidade mostra-nos também que Portugal e o seu povo mais uma vez demonstrou ter a sabedoria para ultrapassar todos estes constrangimentos e perigos e enquanto povo devemo-nos sentir orgulhosos e sobretudo confiantes naquilo que somos capazes de ultrapassar e criar. Sendo esta confiança, em todos nós, um dos maiores ativos que temos à nossa disposição.

Muitas são as previsões e expectativa que podemos fazer em relação ao impacto da pandemia no setor imobiliário, contudo mais do que previsões, proponho-me introduzir alguns pontos que nos ajudam a refletir sobre a sua evolução.

Hoje o setor imobiliário apresenta-se como um dos mais evoluídos a nível global, no geral, e após o inicio da recuperação da ultima crise a partir de 2014, o mercado tem  crescido a uma taxa média anual de cerca de 20%. Este crescimento, sustentado, teve por base não só o incremento da procura interna como também por parte da procura de investidores e compradores internacionais, permitindo a este importante setor uma recuperação quase completa da sua dinâmica, encontrando-se por isso hoje mais bem preparado para aguentar um embate.

Comparando também com a crise verificada entre 2009/2014 existem diferenças a destacar, nessa época tivemos uma redução abrupta ao nível da procura, causada pelo colapso do sistema financeiro, que originou uma falta generalizada de crédito à economia, contraindo, nessa época, o setor a cerca de 50% da sua atividade. A pandemia é essencialmente uma paragem da economia, limitando de modo semelhante a oferta e a procura e de carater, espera-se, temporário, não sendo por isso de esperar uma descida abrupta nos níveis de valor por m2, algo que poderia desequilibrar toda a sua evolução.
Prova disso é que apesar de todo este constrangimento, os preços de venda não têm descido e de acordo com os últimos dados disponíveis confirmam a tendência de estabilização que se vem a verificar desde o 2ª semestre de 2019, não derivando assim  para nenhum novo ciclo de desvalorização.

Outro aspeto a destacar são também as várias previsões macroeconómicas que consideram que pela sua natureza e razões acima invocadas a pandemia não terá um forte impacto negativo no setor imobiliário, focando-se principalmente em outros como o turismo, transportes e comercio internacional, a resposta transversal dada pela banca relativamente às moratórias fortalecem também esta convicção e contribuem para o equilíbrio e sustentabilidade das famílias e do mercado.

Deste modo, desta vez, talvez o impacto da pandemia no setor imobiliário, que impacta mais de 70% das famílias portuguesas, não seja tão avassalador como noutros “tempos” e que em conjunto consigamos com que no final “Tudo Fique Bem”.