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Siderurgia Nacional afirma que nada na sua produção justifica poluição em Paio Pires

O diretor de relações institucionais da Siderurgia Nacional (SN-Seixal) afirmou hoje que não ocorreu nada de “anormal” no processo produtivo da empresa que justifique as poeiras negras e brancas na Aldeia de Paio Pires, no Seixal, distrito de Setúbal.
15 Fevereiro 2019, 20h43

O diretor de relações institucionais da Siderurgia Nacional (SN-Seixal) afirmou hoje que não ocorreu nada de “anormal” no processo produtivo da empresa que justifique as poeiras negras e brancas na Aldeia de Paio Pires, no Seixal, distrito de Setúbal.

“Nós não tivemos nada de anormal e invulgar no nosso processo produtivo que justifique a ocorrência e somos os primeiros interessados em saber o que se passa. O que podemos dizer é que todo o processo é tomado com todo o cuidado, utilizamos canhões desmobilizadores e aspersores”, garantiu Luís Morais.

O responsável falava aos jornalistas após a visita da comissão parlamentar de ambiente às instalações da SN-Seixal, detida pelo grupo espanhol Megasa, que tem sido acusada pelos moradores, autarquia e associações de poluir Paio Pires.

A empresa garantiu que tem “total abertura” para que vejam a fábrica e explicou que tem analisado as reclamações dos moradores em relação às poeiras brancas e negras que se acumulam nas habitações e viaturas, para determinar “se é da responsabilidade da empresa”.

Quando questionado se já foi possível investigar as partículas que se acumulam na freguesia, o diretor da Megasa indicou que essa determinação “não é tão simples como se possa pensar”, devido aos materiais que não estão tratados.

Além da poluição atmosférica, os moradores também se queixam do barulho que a fábrica provoca e, segundo o presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos, em setembro de 2018, a fábrica “ultrapassou os limites legais de ruído”.

No entanto, o diretor afirmou que “o ruído no envolvente de uma fábrica existe sempre”, referindo-se à estrada nacional, situada mesmo ao lado da unidade.

“Todos os ruídos que são nossos, temos resolvido. A fábrica de gases industriais foi um investimento de 20 milhões de euros e que se destinava também a reduzir o ruído e reduziu”, explicou.

Luís Morais garantiu, assim, que a Siderurgia Nacional tem efetuado todas as medidas necessárias para evitar o impacto no ambiente.

“Da nossa atividade, nós tomámos todas as medidas necessárias para garantir o mínimo impacto possível na envolvente. O que equacionamos, e não se verificou, foi avaliar se algo possa ter corrido mal que possa gerar isto e o que concluímos é que não ocorreu. Caso tivesse corrido, éramos os primeiros interessados em resolver o assunto. Estamos aqui há mais de 20 anos, já fizemos investimentos de mais de 370 milhões e continuaremos a investir porque é aqui que queremos ficar”, frisou.

O diretor da Siderurgia avançou ainda que existem vários investimentos previstos a nível ambiental, como a insonorização das naves de aciaria para reduzir o ruído, a construção de barreiras acústicas e o alargamento de zonas de basculamento de escória.

Contudo, Luís Morais desmentiu as declarações do grupo de moradores Os Contaminados, de que quando é efetuada a medição da qualidade do ar na Siderurgia, de seis em seis meses, a empresa “trabalha a mínimos”.

“Isso não é verdade, aliás, já me constou que disseram que ontem fizemos o mesmo e posso dizer que ontem produzimos mais de cinco mil toneladas de produto nesta fábrica. Por isso, não é verdade que trabalhamos a mínimos e que estamos a reduzir a atividade quando vêm visitas, muito pelo contrário”, sublinhou.

Desde 2014 que se verificam poeiras negras sobre varandas e quintais em Paio Pires e, mais recentemente, um pó branco difícil de sair, o que já levou a Associação da Terra da Morte Lenta a entregar uma ação popular em tribunal contra a Siderurgia Nacional.

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