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SIM denuncia “graves limitações” nas urgências do Hospital Garcia de Orta e alerta para “sério risco” de encerramento

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) denuncia “graves limitações” no Serviço de Urgência Geral no Hospital Garcia de Orta (HGO) tal como na Urgência de Pediatria. E alerta para o “sério risco” no encerramento das urgências.
28 Setembro 2020, 17h12

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) denuncia “graves limitações” no Serviço de Urgência Geral no Hospital Garcia de Orta (HGO) tal como na Urgência de Pediatria. E alerta para o “sério risco” no encerramento das urgências. Sindicato critica reduzido número de médicos especialistas em medicina interna e saída de outras especialidades do SUG com perda da “desejada multidisciplinariedade na abordagem aos doentes”.

“As dificuldades de resposta do Serviço Nacional de Saúde à pandemia Covid-19 são uma realidade incontornável, fruto da degradação das condições físicas, da falta de investimento, de más políticas de recursos humanos e da exaustão dos médicos e de outros profissionais de saúde”, avançou o SIM nesta segunda-feira, 28 de setembro, realçando que no  Hospital Garcia de Orta (HGO), o Serviço de Urgência Geral (SUG) “é disso reflexo”.

Em comunicado, o sindicato explica que ao nível do espaço, este é “muito reduzido e de difícil ajuste nesta fase em que se torna necessária a criação de circuitos autónomos para doentes respiratórios e não-respiratórios”. E alerta para o “reduzido número de médicos especialistas em Medicina Interna e saída de outras especialidades do SUG com perda da desejada multidisciplinariedade na abordagem aos doentes”.

O SIM dá ainda conta, em comunicado, de “exaustão” dos médicos e de “uma ausência de estratégia e de capacidade de ouvir as sugestões por parte do director clínico, reduzindo as potencialidades de um Hospital que no passado foi uma referência e termo de comparação com a gestão privada ou das parcerias público privadas”.

Segundo o sindicato, esta realidade tem vindo a ser denunciada pelos chefes de equipa de urgência, sobretudo, realça, “porque esta situação se reflecte na diminuição da qualidade dos cuidados prestados e na falta de segurança para doentes, médicos e outros profissionais de saúde”.

O SIM recorda que o HGO é um hospital central, com um serviço de urgência geral Polivalente, com uma afluência média de 300 doentes por dia e com uma área de influência directa de 350.000 habitantes, acrescentando que existem recomendações acerca do número mínimo de médicos e diferenciação das equipas, emanadas pela Ordem dos Médicos, que, diz, “não são de todo cumpridas”.

De acordo com o SIM, a 2 de setembro de 2020, os médicos especialistas e internos de medicina interna, depois de “ultrapassarem em muito o número” de horas obrigatórias legalmente estipuladas, “apresentaram a sua indisponibilidade para prestar mais trabalho suplementar como forma de protesto pelo agravamento das condições de segurança gerado pela reestruturação das equipas médicas de urgência imposta pela direcção clínica”.

Com a ampliação do SUG para responder às necessidades da actual pandemia, o SIM estima-que sejam necessários por turno no mínimo cinco médicos especialistas ou equiparados mas, realça, “até à presente data, não estão formalizadas quaisquer soluções e as escalas apresentadas são constituídas, na maioria dos dias, por apenas dois médicos especialistas”.

“O SIM vem assim denunciar esta situação dramática que se reflete na qualidade do trabalho médico e de saúde prestado à população. Apesar de nos encontrarmos neste período de pandemia, não é admissível oferecer aos utentes, nesta altura de maior necessidade, cuidados prestados por equipas altamente desgastadas, com número insuficiente de médicos especialistas, médicos esses com horas de trabalho suplementar já prestadas muito para além do admissível, traduzindo-se em menor qualidade de serviço e em extraordinária falta de segurança”, frisa o sindicato. E deixa o alerta: “se nada for feito será impossível garantir a manutenção do Serviço de Urgência Geral 24h diariamente” e que o SIM responsabiliza a direção clínica e o conselho de administração por esse facto, tal como os responsabiliza pela manutenção do encerramento do SU de Pediatria durante a noite.

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