Os sindicatos da banca filiados na UGT insistem em aumentos salariais superiores a 3%. Em comunicado o Mais Sindicato, o SBN e o SBC dizem que rejeitaram a revisão salarial imposta pela banca e já tem três processos de conciliação a decorrer no Ministério do Trabalho.
Os sindicatos acrescentam que “se não houver acordo nesta fase” e por isso “avançam para as restantes fases de resolução de conflitos”.
Dos três processos de conciliação que deram entrada na Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) do Porto, o relativo à APB teve já a primeira reunião no final de julho; o do BCP terá início esta semana e do Montepio deverá ser marcado para meados de setembro, resumem os sindicatos em comunicado.
O Mais Sindicato, o SBN e o SBC lembram que tanto na revisão salarial para 2024 do Banco Montepio como na do ACT do Setor, os bancos bloquearam as negociações diretas com o Mais Sindicato, o SBN e o SBC ao limitarem os aumentos a 3%, percentagem acordada com outro sindicato.
“O caso do BCP é ainda mais grave, pois o banco limitou-se a apresentar uma contraproposta de 2,25% sem ter sequer a dignidade de honrar os trâmites da negociação coletiva e reunir-se com os sindicatos”, acusam.
Estes sindicatos da banca realçam que, “tanto o BCP como as Instituições de Crédito subscritoras do ACT do Setor Bancário aplicaram os respetivos aumentos por ato de gestão (decisão unilateral das Administrações), mesmo sem o acordo destes sindicatos”.
“O Mais, SBN e SBC não podem ser acusados de intransigência ou má-fé negocial, ao contrário da banca. Num esforço para um consenso que permitisse chegar a acordo nas diferentes mesas negociais, reformularam por cinco vezes a sua proposta inicial que, lembre-se, era de 6% de aumento nas tabelas salariais e cláusulas de expressão pecuniária, para ativos e reformados”.
Os Sindicatos da UGT não aceitam o aumento de 3% porque “entre 2011 e 2015 (cinco anos) os bancários não tiveram aumentos salariais”.
Mas também porque “durante a pandemia, logo seguida pela guerra na Ucrânia, a vida dos trabalhadores bancários agravou-se brutalmente devido ao aumento dos preços e à inflação, que atingiu valores insuportáveis – mas para as Instituições de Crédito a situação manteve-se tranquila, não se tendo verificado a catástrofe preconizada, embora utilizada como argumento para limitar os aumentos salariais”.
Os sindicatos da UGT lembram que em 2021, a inflação foi de 1,3% e os aumentos de 0,5%; em 2022, a inflação foi de 7,8% e os aumentos de 1,1%.
Os mesmos sindicatos sublinham que quer em 2023 e 2024 os bancos anunciaram trimestralmente “aumentos crescentes dos seus lucros, registando valores extraordinários .
“Os lucros históricos levaram os bancos a bater um recorde de rentabilidade em 2023 (superando a de Espanha e a média europeia), com a grande banca a lucrar quase 12 milhões de euros por dia; e sobre estes valores, só no primeiro semestre deste ano os cinco maiores bancos viram os lucros aumentar 31,4%, para 2.619 milhões de euros”, realçam no comunicado.
“Dirão alguns que os prémios atribuídos por conta dos lucros compensam os baixos salários, mas é isso absolutamente falso”, acusam os sindicatos que dizem que os prémios, atribuídos com critérios pouco claros, não são para todos os trabalhadores nem igual para todos – além disso, não contam para o futuro cálculo de reforma dos bancários.
O Mais, o SBC e o SBN lembram que em Espanha, os banco (nomeadamente Banco Santander, BPI e Abanca, entre muitas outras) aceitaram acordaram aumentos de 4,25% em 2024 e 4% em 2025. “Porque é diferente em Portugal, inclusive nos bancos com capitais nos dois países? Os lucros são só para distribuir pelos acionistas e pelos administradores?”, referem os sindicatos da UGT.
“Em 2024 o salário mínimo em Portugal passou de 760 euros para 820 euros, um acréscimo de 60 euros face a 2023, o que representa o maior aumento de sempre. No setor privado há um acordo que prevê um referencial de 5,0% para os aumentos salariais durante o ano de 2024 – e o aumento médio está em cerca de 4%. E no setor bancário? Aqueles que produzem os muitos milhões de lucros da banca merecem ser compensados apenas com migalhas, horários prolongados, ritmos intensos e humilhação?”, lê-se no comunicado das estruturas sindicais.
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