A meio do processo de negociação entre a TAP e os sindicatos sobre o plano de reestruturação da companhia aérea, o Bloco de Esquerda (BE) propôs uma auditoria à gestão privada da TAP que apenas terá apoio à esquerda – do PCP, do PAN e de Os Verdes –, esbarrando com a oposição da IL, do CDS-PP, do PSD e do PS. Os sindicatos da TAP foram avisados pelo BE desta iniciativa.
A TAP não comenta, remetendo a “política para a política”. Ricardo Penarroias, diretor do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) – recordando que o seu sindicato é independente e que não se quer colar a qualquer iniciativa partidária –, adianta ao Jornal Económico que, “pessoalmente não tenho nada contra porque uma auditoria permitiria esclarecer se a TAP teria ou não direito a apoios relacionados com os efeitos da crise pandémica da Covid-19, ou se, pelo contrário, por causa de problemas de gestão privada, não teria acesso a esses apoios”.
“Não me choca que seja proposta uma auditoria, mas isso é a minha posição a título pessoal”, sublinha o sindicalista, explicando que a sua posição não vincula o SNPVAC. Apesar dos sindicatos terem sido avisados pelo BE, as posições assumidas pelos partidos também não deverão viabilizar a auditoria. “Essas são questões políticas que ficam entre os partidos”, comenta ainda Ricardo Penarroias.
Assim, o projeto de resolução entregue pelo BE no Parlamento a recomendar ao Governo uma auditoria à gestão privada da TAP, não chegará a qualquer conclusão no sentido de saber quais são as efetivas responsabilidades do empresário David Neeleman na gestão da TAP e na situação financeira em que a companhia aérea se encontra, e se lesou, ou não, o interesse público.
Num contexto diferente, e sem viabilizar a proposta de auditoria do Bloco, o IL e o PSD poderão concordar com outro tipo de auditoria. O IL poderá mesmo querer esclarecer o âmbito da reversão da privatização da TAP e a consequente renacionalização da companhia.
Sobre as negociações que decorrem entre a TAP e os sindicatos relativas ao plano de reestruturação da companhia, os sindicatos não pretendem fazer comentários sobre as propostas que vão sendo debatidas. No entanto, o CEO interino, Ramiro Sequeira, enviou recentemente um comunicado aos trabalhadores da companhia a referir que “continuamos a dialogar com todas as entidades representativas dos trabalhadores e estamos a envolver progressivamente todas as áreas”.
“De novo asseguramos que assim tenhamos todos os detalhes definidos, os mesmos serão comunicados a toda a organização”, adiantou no comunicado, referindo que “permanecemos convictos que o plano de reestruturação do Grupo TAP apresentado, que agora carece de definição e implementação concreta, permitirá o seu gradual e progressivo reequilíbrio económico-financeiro e, dessa forma, assegurará a sua sobrevivência sustentável”.
O CEO interino da TAP adianta, no mesmo comunicado, que a companhia teve de reajustar o seu plano de voos aos desenvolvimentos entretanto registados na evolução da pandemia da Covid-19. Assim, Ramiro Sequeira anunciou que no primeiro trimestre de 2021 a TAP prevê “voar em fevereiro entre 19% e 22% dos níveis voados em fevereiro de 2020, na pré-pandemia” e que, em março, estima “uma oferta de voos entre os 25% e os 28% face a março de 2020, que foi o primeiro mês em que sentimos o impacto da pandemia, durante o qual cortamos a nossa capacidade em 34%”, refere.
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