Sintra apresenta-se como um dos municípios em que o PSD deposita as maiores esperanças na reconquista. Daí a aposta em Marco Almeida. Um emendar a mão face a 2013.
Sintra é propícia a nevoeiros. Talvez, por isso, o PSD não tenha vislumbrado que Marco Almeida se apresentava como o sucessor natural de Fernando Seara. A caminhada conjunta de 2001 a 2013 a servir de argumento.
Como quem semeia ventos colhe tempestades, os resultados constituíram um dilúvio para a aliança de PSD, CDS-PP e MPT, cujo cabeça de lista, Pedro Pinto, piou baixinho e só logrou o terceiro posto com 16 945 votos e 2 eleitos. Com a agravante de Marco Almeida ter desafiado a decisão partidária ao criar um movimento que obteve valores bem superiores: 31 246 votos e 4 eleitos. Aliás, Almeida perdeu para Basílio Horta, o candidato do PS, por apenas 1 738 votos.
Como diria Guterres: basta fazer as contas! Foi o que o PSD fez em 2017. Tarefa que, à primeira vista, dispensava a calculadora. Por isso, se virou para o anterior proscrito. Uma má adaptação da parábola do filho pródigo. Primeiro, o filho regressou a chamamento do pai. Segundo, o pai é que tinha sido pródigo no esbanjar de votos. Porém, como o todo não resulta da soma das partes mas do seu condicionamento, há dados que terão de ser tomados em linha de conta.
Assim, urge perceber a avaliação que os sintrenses fazem do exercício de Basílio Horta. Um democrata-cristão que, depois de uma fracassada tentativa presidencial, apagou o slogan “Um Homem às Direitas”, baixou as expectativas, aderiu ao ideal socialista e contentou-se com a vila do palácio. Percurso que não o ajudou na arte de dominar os números. Daí a confusão entre as classes dos milhares e dos milhões.
Há, ainda, que quantificar o grau de cumprimento das promessas eleitorais numa vila antiga que não dispõe de saneamento básico no seu núcleo. Um concelho tipo mosaico multicultural marcado por clivagens sociais. Um município onde o verde da serra contrasta com os reduzidos espaços de lazer. A natureza não pode fazer tudo.
Além disso, importa questionar se o movimento formado por Marco Almeida não acaba por perder a identidade e dissolver-se na amálgama de partidos que o apoiam. Será que a designação do movimento – Sintrenses com Marco Almeida – continua a ter tradução prática?
Quanto às restantes candidaturas, com exceção da CDU, habituada à certeza do voto duro e que, em 2013, elegeu o sexto dos 11 vereadores, não devem obter qualquer mandato. A derrota face aos votos brancos não enriqueceu o currículo.
Em Sintra haverá sintonia entre o número de candidatos à vitória e as duas chaminés do logótipo municipal. Entre a incoerência ideológica de Basílio, que foi primeiro sem ser primo, apesar das deambulações de Eça por estas paragens, e a inconstância partidário-independentista de Marco, que ambiciona ser um marco no concelho, venham os sintrenses e escolham.