A Covid-19 e a crise que esta provocou têm tido impactos no mercado laboral que se traduzem em perda de emprego, redução de horas trabalhadas e pressão salarial na maioria das economias desenvolvidas analisadas pela Sixty Degrees, como mostra a nota divulgada pela sociedade gestora de fundos esta segunda-feira.
Para a Sixty Degrees, a retoma do consumo será chave na recuperação das economias avançadas, cujo desenvolvimento assenta fortemente nesta rubrica. Para tal, muito contribuíram os esquemas de proteção do emprego, que permitiram manter as estruturas produtivas de cada país e diminuir as perdas de rendimento das famílias.
Um foco sobre a situação europeia mostra aumentos abaixo do expectável nas taxas de desemprego de cada país, fenómeno em parte explicável pela não contabilização dos trabalhadores abrangidos por regimes como o ‘lay-off’ nas estatísticas do desemprego, mas com descidas significativas do salário médio real.
Estes regimes de manutenção dos postos de emprego permitiram reduzir de 6,4% para 3,1% a perda de salário decorrente da redução das horas trabalhadas, isto numa análise a 10 países europeus.
Além disso, os mecanismos colocados em funcionamento nas economias mais avançadas do mundo para evitar a massificação do desemprego tiveram um alcance considerável, com mais de 6,2 mil milhões de euros despendidos entre os G20 em medidas de estímulo à economia.
Por contraste, outro efeito interessante prende-se com a subida do salário médio verificado nas economias em que o efeito da crise se fez sentir sobretudo nos sectores com vencimentos mais baixos.
Este cenário verificou-se nos EUA, Noruega, Brasil, Itália ou França, sendo que nestes dois últimos casos a dificuldade em procurar emprego criada pelas medidas de confinamento até resultou numa descida da taxa de desemprego, visto que muitos dos trabalhadores que perderam o seu posto de trabalho não poderiam ser considerados desempregados por não conseguirem estar ativamente à procura de nova ocupação.
Ainda assim, um inquérito revelou que, numa amostra de trabalhadores que foram pagos em abril, uma parte considerável reportou rendimentos inferiores aos de janeiro e fevereiro. Em concreto, estas percentagens foram de 35% nos EUA, 30% no Reino Unido e 20% na Alemanha.
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