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Sociedade que gere fundo que adquiriu créditos de Luís Filipe Vieira ao Novo Banco alvo de buscas

A C2 Capital Partners confirmou que foi alvo de buscas pela AT e DCIAP, “incidindo exclusivamente na sua qualidade de sociedade gestora do Fundo de Investimento Alternativo Especializado (FIAE) Promoção e Turismo”.
7 Julho 2021, 18h26

A C2 Capital Partners – SCR que gere o Fundo de Investimento Alternativo Especializado (FIAE) Promoção e Turismo que protagonizou a operação de reestruturação de créditos do banco da Promovalor de Luís Filipe Vieira, confirmou em comunicado que foi “nesta data” alvo de buscas não domiciliárias, “incidindo exclusivamente na sua qualidade de sociedade gestora do Fundo de Investimento Alternativo Especializado (FIAE) Promoção e Turismo”.

A sociedade gestora liderada por Nuno Gaioso Ribeiro diz que “como não poderia deixar de ser, a C2 Capital colaborou voluntária e livremente nas diligências em curso, tanto mais que, nem a sociedade nem qualquer dos seus administradores foram constituídos arguidos ou têm qualquer outra posição processual”.

A gestora diz ainda que “não houve lugar a qualquer outra diligência processual”. A informação solicitada “teve como único e exclusivo objeto elementos relacionados com o FIAE”.

“A C2 Capital reitera, tal como já fez publicamente noutros momentos, incluindo na Comissão Parlamentar de Inquérito, a legalidade e a integridade da sua conduta no processo de constituição e gestão do FIAE”, frisa a sociedade gestora que tem os créditos de Luís Filipe Vieira ao Novo Banco.

Na reestruturação da dívida da Promovalor foi constituído o fundo FIAE (Fundo de Investimento Alternativo Especializado) da então Capital Criativo.  Este fundo teve como objetivo a aquisição dos créditos detidos pelo Novo Banco sobre a Promovalor. Arrancou com um capital inicial de 146 milhões.

O acordo a que Luís Filipe Vieira chegou com o Novo Banco no fim de 2017 para reestruturar a dívida implicou a aquisição pelo fundo FIAE (Fundo de Investimento Alternativo Especializado) dos créditos detidos pelo Novo Banco sobre a Promovalor, sendo o Novo Banco também dono desse fundo (detentor de unidades de participação).

A participação do Novo Banco é de 96%, no fundo da C2 Capital Partners e está avalizada a título pessoal por Luís Filipe Vieira. Isto é, os avales dos sócios da Promovalor  estão vivos e podem ser acionados pelo Novo Banco havendo incumprimento da dívida ou da devolução do capital.

O devedor entregou ao Fundo o ativo e manteve o aval sobre a dívida. “Foi feito um mecanismo, em que o Novo Banco colocou metas de recuperação de capital, que se não forem cumpridas o banco tem a opção de venda da participação do fundo ao sócio do fundo [Esse sócio é o presidente do Benfica] por um valor que está avalizado”, explicou na sua audição na CPI, Nuno Gaioso Ribeiro.

O Novo Banco entrou com dinheiro no fundo e esse dinheiro é que foi usado para comprar os créditos.

O fundo da ex-Capital Criativo está a gerir a dívida que a Promovalor tinha no Novo Banco e foi chamado responder sobre a reestruturação da dívida da empresa que era a cabeça de um grupo imobiliário no qual Luís Filipe Vieira detinha 80% do capital. Recorde-se que o Fundo de Resolução pediu uma auditoria a uma reestruturação feita pelo Novo Banco à dívida da Promovalor, que está a ser feita pela BDO.

Detenção de Luís Filipe Vieira e José António dos Santos

A detenção do presidente do Benfica ocorre no âmbito das buscas hoje efetuadas por suspeitas de crimes de burla qualificada, crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. O empresário José António dos Santos, conhecido por “Rei dos Frangos”, também foi detido. No processo investigam-se negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros.

A informação relativa a esta operação foi avançada inicialmente pelo semanário Nascer do Sol. O presidente do Benfica é ainda suspeito do crime de abuso de confiança referente a ganhos milionários obtidos na venda de 25% do capital do Benfica SAD a um empresário estrangeiro.

Luís Filipe Vieira e José António dos Santos vão ser presentes ao juiz Carlos Alexandre, que está a liderar o processo, esta quinta-feira, ou seja, vão passar esta noite na prisão.

O envolvimento de José António dos Santos com Luís Filipe Vieira está ainda relacionado com os créditos da Imosteps e foi relatado na CPI ao Novo Banco pelo presidente do Benfica que ficou com uma dívida de 55 milhões de euros, que foi parar às suas mãos através de um entendimento com Ricardo Salgado.  A passagem da propriedade da Imostep para o empresário foi instrumental, mas ainda assim quer Luís Filipe Vieira quer o seu sócio no Brasil deram ao banco avais pessoais da dívida da Imosteps.

O presidente do Benfica apresentou o negócio a um dos sócios da SAD do Benfica, José António dos Santos, que é conhecido como ‘Rei dos Frangos’ por ser um dos donos da Valouro, para se livrar do fundo Davidson Kempner que no Nata II tinha comprado o crédito ao Novo Banco por cerca de cinco milhões de euros.  O Davidson Kempner vendeu ao “conhecido” de Luís Filipe Vieira por oito milhões de euros os créditos da Imosteps.

Antes José António dos Santos tinha tentado comprar a dívida de Luís Filipe Vieira da Imosteps por 10 milhões de euros, mas o Novo Banco recusou.

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