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Sociólogos discutem no Porto as bizarrias da sociedade moderna

Num mundo onde segundo alguns as sociedades tal como as conhecemos desde 1945 estão em acelerada desagregação, vale a pena ouvir o que têm os técnicos e os cientistas a dizer sobre o incerto futuro que nos espera.
22 Agosto 2024, 13h28

A 16ª Conferência da Associação Europeia de Sociologia traz ao Porto cerca de quatro mil sociólogos focados na “transformação do mundo num lugar onde a confiança supere as tensões globais”, naquela que é a maior conferência europeia presencial de sociologia já realizada, refere a organização.

“Como pode a sociologia transformar a tensão em confiança e desenhar cenários alternativos, que viabilizem um mundo melhor e assim transformem a vida das pessoas?” Esta é a pergunta que se impõe na 16ª edição da conferência da Associação Europeia de Sociologia (ESA), que decorre entre os dias 27 e 30 de agosto, no Porto. “É a estreia do evento na cidade Invicta e a segunda vez que chega a Portugal, depois de 15 anos a viajar por diferentes cidades europeias, entre as quais Lisboa, em 2009. A conferência de 2024, no Porto, é a primeira conferência em modo presencial depois da pandemia e é esperada como um marco de reencontro da sociologia europeia, depois da conferência de Manchester em 2019”.

A organização refere que sociólogos e cientistas de todo o mundo vão juntar-se para discutir os grandes problemas da sociedade, espoletados pelas crises e desafios globais dos últimos tempos, e mostrar que, como defende Lígia Ferro, presidente da ESA, “o impacto da sociologia na vida das pessoas é tangível e, eventualmente, até salvífico”. O evento, que celebra também os 30 anos da ESA, e que culminará com a eleição da nova presidente da instituição, em Portugal, vai passar pelo Pavilhão Rosa Mota, Alfândega do Porto, Casa da Música e, naturalmente, várias faculdades da Universidade do Porto.

A Conferência Anual da Associação Europeia de Sociologia (ESA) atingiu, este ano, o número recorde de 4.800 submissões, provindas de todos os cantos da Europa. Para lá da oferta de 50 bolsas a participantes europeus, todos os académicos ucranianos deslocados devido à guerra tiveram acesso a inscrição gratuita para o evento, no âmbito do ESA Solidarity Fund. Este será também o palco para apresentar, discutir e aprofundar o contributo da ESA para a Ciência em acesso livre, numa parceria com a MIT Press que promove o conhecimento e a partilha científicos junto de todos os cidadãos.

“A escolha de Portugal pela segunda vez (primeira vez no Porto) para este evento traduz a importância da Sociologia portuguesa na sociologia europeia, e vai colocar no mesmo palco Michael Burawoy (Berkeley, EUA) e Anália Torres (UL, Portugal); e os britânicos Chantelle Jessica Lewis (Oxford), Jason Arday (o mais jovem professor negro contratado por Cambridge), Nira Yuva-Davis (East London) e Michael Biggs (Oxford) e Jana Hainsworth (Eurochild) a trazerem pensamento crítico sobre o colonialismo de hoje em Israel e na África do Sul, o campo de batalha que são as questões de género, a sobrevivência da raça e da classe nas hegemonias atuais, a desumanização do outro como arma de defesa comum dos discursos políticos de esquerda e de direita, o impacto das teorias queer e de raça no mundo real e o papel da UE no combate pelos direitos das crianças. Já Lígia Ferro e Paulo Peixoto olham, numa sessão de debate com Virgílio Borges Pereira e Vânia Rodrigues, para a transformação do Porto a partir do prisma cultural e os co-chairs da conferência, Teresa Sordé (Autónoma de Barcelona) e Gary Pollock (Manchester) mergulham no reforço da inclusão social da crianças e famílias refugiadas no nosso continente”.

Além da Associação Europeia de Sociologia, estão envolvidos na organização do certame no Porto (que é antecedido nos dias 25 e 26 de agosto por uma “Escola de Verão” de emancipação científica em que cada um dos 25 alunos de doutoramento selecionados é financiado em 300€ e tem acesso gratuito à Conferência), um consórcio de Centros de Investigação e Universidades da Zona Norte e Centro de Portugal, entre os quais o Instituto de Sociologia da Universidade do Porto, sempre em articulação com a Associação Portuguesa de Sociologia (APS), a segunda associação com maior número de membros a nível global, considerando ponderadamente este número relativamente à população do país, em termos de densidade de afiliados e da atividade que estes realizam no contexto da European Sociological Association, presidida nos últimos 3 anos pela portuguesa Lígia Ferro (U. Porto), a segunda portuguesa a presidir, em 30 anos, à associação europeia, depois da presidência assegurada por Anália Torres (ISCSP), entre 2009 e 2011.

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