O fundador da Nova Expressão acompanha atentamente a realidade do Sporting e, perante o cenário de instabilidade que o clube atravessa, considera que a empresa que gere o futebol do Sporting deve adotar um modelo designado de minoria musculada, em que é dado mais poder aos investidores. Sobre a atual gestão, Pedro Baltazar não vê um rumo estratégico e adverte que, se nada for feito, o clube pode mesmo ser obrigado a vender a maioria do capital da SAD.
A Nova Expressão SGPS é o quarto maior acionista da SAD do Sporting. O que defendem para a gestão da SAD?
A Nova Expressão SGPS já teve 12,5% do capital da SAD, mas foi obrigada a vender a participação ao próprio clube. O que queria, no entanto, ressalvar é que isto tem tudo a ver com a qualidade da administração da SAD. Não reconheço capacidade a esta gestão da SAD, não vejo qualquer plano estratégico, nem know-how do futebol. Existindo qualidade internamente, pode haver um modelo que seja mais eficaz e que defenda a posição dos sócios.
Defende para a Sporting SAD um modelo em que se dê poder aos investidor, designado de minoria musculada?
Somos claramente adeptos do modelo de minoria musculada. Pode-se gerir com 50% mais um, mas o Sporting, que será sempre maioritário, tem que respeitar e atrair um conjunto de acionistas com um know-how que ajude à gestão. No Sporting, a direção do clube cumpre o seu papel, mas a administração da SAD é o mais negativo, até porque tem alguma tendência para não respeitar os acionistas atuais. Há o problema das VMOCS e é extremamente perigoso não respeitar esses acionistas. É importante dar mais poder aos investidores e trazer novas ideias para o clube.
Como vê o estado atual do Sporting?
Péssimo. Não vejo nada de positivo. Isto das claques é uma má desculpa relativamente à ineficiência da gestão. O Sporting não pode ter uma equipa com esta qualidade exibicional e, ao longo de ano e meio, não vejo resultados nem plano estratégico. Neste período, a SAD acabou por investir muito acima do que estava a pensar mas fê-lo mal. Mais do que isso, é preciso organização, liderança e um treinador ‘à prova de bala’. O Sporting pode correr para caminhos ainda mais negativos e chegar a um ponto em que haja uma maioria externa de capital e, nesse caso, quem vai dirigir o clube será alguém que se vai aproveitar desse investimento. Não antevejo nenhum português que possa gerir o Sporting na atual condição em que se encontra.
Como olha para o processo da OPA à Benfica SAD e para o rumo do FC Porto?
O SL Benfica, com o processo de OPA do clube à SAD, vai atrair investidores minoritários que, por sua vez, lhe vai trazer uma robustez diferente. Por outro lado, o FC Porto tem uma dívida elevadíssima, mas tem um credor forte que é a sua tesouraria e um modelo que está a atingir algum limite. Creio que a FC Porto SAD será a primeira SAD com maioria não portuguesa.
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