A Jenova é uma ‘software house’ portuguesa, que tem como proposta de valor trazer simplicidade ao quotidiano das PME portuguesas, nomeadamente aquelas que operam na indústria de produção, garante que pode trazer uma poupança a estas empresas que pode chegar em média aos 120 mil euros.
Em entrevista ao JE, Pedro Lima, fundador da Maidot, explica como projetou a Jenova com um investimento de 300 mil euros e um ano de estudo de mercado ao qual se aliaram três anos de desenvolvimento.
De que forma se propõem a ajudar as empresas da indústria de produção a ter uma poupança de 120 mil euros por ano às PME?
Antes do projeto Jenova sequer ter nome, realizámos um estudo de mercado exaustivo durante vários meses. Segundo este, que envolveu a análise junto de mais de 10 empresas diferentes e mais de 15 diferentes softwares concorrentes, juntando a isso os casos com os nossos atuais clientes, conseguimos uma estimativa de poupança, em valores anuais para uma PME com cerca de 12 pessoas e faturação próximo de um milhão de euros e que não tenha ainda um software similar ou tenha mas não utilize corretamente (por ser complexo ou pouco útil), pode rondar cerca de 35 mil euros em RH, 29 mil euros em inventário e 56 mil euros em todos os processos de produção (desde as fases iniciais à entrega). Concretamente, a plataforma Jenova viu no estudo a oportunidade de simplificar processos. A maior reclamação, de longe, que o estudo revelou vou o facto de as plataformas existentes serem muito complexas, com curvas de aprendizagem acentuada e um nível de aceitação por parte do pessoal no chão-de-fábrica muito fraca. Por outro lado, plataformas mais simples acabam por ser demasiado básicas e não tem praticamente automatismos nenhuns. Com a Jenova, o nosso intuito é oferecer uma ferramenta visualmente atrativa, simples de utilizar, com as funcionalidades essenciais para o negócio e, para negócios mais exigentes/complexos, tanto podemos rapidamente realizar alterações/melhorias na plataforma, como podemos simplesmente integrar com qualquer outras plataformas, graças à nossa API bastante completa. Por fim, os processos que recorrem a técnicas de inteligência artificial para automatizar processos administrativos, gerar alertas automáticos com base nas informações da produção, provenientes de sensores, equipamentos, tempos de trabalho, trabalhadores, etc. tudo junto acaba por se traduzir num sistema que visa permitir um nível de autonomia e automação avançada e verdadeiramente útil, ao contrário de vários supostos sistemas automatizados que existem no mercado e que acabam por frustrar as empresas com ofertas que não conseguem cumprir, fazendo com que por vezes o mercado acabe por desacreditar no potencial de criação de automatismos para melhoria dos processos internos.
Qual foi a proveniência deste investimento de 300 mil euros e com foi o processo de captação desse investimento?
Inicialmente o projeto era para ser feito de forma muito mais simples, um MVP para depois tentarmos encontrar clientes e investidores, mas logo numa fase inicial tivemos a sorte de contar com clientes que acreditaram no projeto e também uma entidade pública que, ao termos ganho um concurso público, conseguimos implementar uma plataforma baseada na base da Jenova. O total desses três projetos, que foram adjudicados antes sequer de arrancarmos com o desenvolvimento, somava a um valor superior a 300 mil euros, contudo um desses (para uma entidade privada em Angola), acabou por ficar com o desenvolvimento a meio por motivos pessoais por parte do cliente e para conseguirmos nós concluir os desenvolvimentos tivemos que aplicar o restante com o tempo dos nossos recursos para o podermos concluir.
Nesse período de estudo de mercado, que necessidades sentiram por parte das empresas da indústria de produção?
A maior necessidade já foi identificada: o facto de todas as empresas com quem falámos sentirem que ferramentas existentes e mais úteis, são na verdade muito complexas de utilizar, de entender, pouco práticas para o dia-a-dia e com design desatualizado, com funcionalidades em demasia que não se aplica à esmagadora maioria das PME. Ou seja, as plataformas existentes que são mais robustas, são boas para grandes empresas. Nessas sim faz sentido uma ferramenta desse género e nesse mercado a Jenova não quer competir, por enquanto, pois faz parte do nosso planeamento chegar lá. Mas um passo de cada vez, pois não queremos cometer o erro de pensarmos que isto dá para todas as empresas, temos que ter muito foco, conhecermos muito bem o nosso público alvo e avançarmos rápido, mas com consciência. Algo também interessante é que quase todas as empresas baseiam muito registo e controlo através de folhas Excel. E nós até compreendemos, porque é fácil de usar, já “toda a gente” sabe trabalhar e é intuitivo. Mas tem vários aspetos negativos, como por exemplo a incapacidade de análise histórica, não ter alertas automáticos, não ter a possibilidade de criar mecanismos de automação, não conseguir facilmente a interligação de dados, não conseguir um bom cruzamento entre orçamentação, vendas, produção e clientes, entre outras questões.
A aposta em software desenvolvido por empresas portuguesas é cada vez mais uma realidade?
Claramente! Somos orgulhosamente “tugas” e acreditamos mesmo que somos bons no que fazemos. Ponto. Pelo que tenho visto do mercado, em conversas com parceiros na mesma área e da percepção externa com clientes internacionais e outros parceiros, em Portugal temos excelentes especialistas na área de desenvolvimento de software e acredito que a tendência é só para melhorar.
Em que mercados é que operam?
Com a plataforma Jenova, estamos focados em Portugal apenas, mas já temos planos e contactos para expandirmos para os EUA. Estamos inclusive em conversações com parceiros para nos representarem e inclusive já potenciais clientes.
Como pretendem evoluir nos próximos meses?
O mercado, com todo o cenário a nível mundial, está muito receoso e com tempos de decisão e resposta muito mais dilatados face ao medo e à incerteza, o que leva a que os investimentos das empresas acabem muitas vezes por ser baseado em tudo isso, especialmente em situações como as que estamos a viver, com a questão da guerra na Ucrânia, a inflação a nível mundial, os conflitos políticos entre outros países em crescente e até mesmo no nosso caso, as nossas próprias crises internas no nosso país. Assim que, muito embora o feedback tenha sido incrível de todos os potenciais clientes com quem falamos, a resposta é muito unânime e acaba sempre por ser sensivelmente dentro do mesmo: vamos só aguardar mais uns meses e voltamos ao tema. No fundo este acaba por ser o padrão de resposta desde há cerca de 6 meses, altura em que começámos a tentar penetrar no mercado com a plataforma Jenova. Portanto, muito embora estivéssemos a querer evitar, talvez tenhamos que recorrer a potenciais investidores que acreditem no projeto e consigam ter os contactos certos para podermos acelerar as vendas, isto porque mais do que dinheiro (muito embora este faça falta e seja importante), neste momento precisamos de exposição mediática, precisamos ser reconhecidos e acima de tudo, chegar ao máximo junto do nosso público alvo e atualmente sem capitais para o fazermos, acabamos por estar bastante limitados na forma como podemos comunicar com as massas. Ao conseguirmos investimento para além de apoio na comunicação, seria para contratarmos mais recursos e evoluirmos a plataforma para tornar esta num verdadeiro SaaS, com mais e melhores técnicas de inteligência artificial que temos no pipeline, junto de outros desenvolvimentos planeados que, segundo o nosso estudo de mercado, serão bastante úteis às empresas e irá fazer com que a plataforma seja ainda mais abrangente, inclusive sendo útil nesse caso para qualquer empresa, não só para a indústria de produção e aí sim, a plataforma torna-se muito mais rentável.
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