Sebastião Gaspar Martins, presidente executivo da Sonangol, diz que “há muita pressão” para vender a posição de 19,49% que a petrolífera angolana detém no BCP.
“O ativo (BCP) está numa situação muito positiva, e antes de tomar qualquer decisão, temos de concertar com o Estado”, disse o presidente da Sonangol na conferência de imprensa, cuja gravação o Jornal Económico teve acesso.
Questionado sobre a venda da participação no BCP, Sebastião Gaspar Martins referiu que “há muitas empresas e fundos do exterior interessados em que isso aconteça, mas nós só o vamos fazer em concertação com o Estado”.
De momento não há indicação de vender a participação do BCP, frisou.
Sobre a privatização da Sonangol, o presidente da petrolífera angolana disse que estava previsto dispersar na bolsa até 30%, “mas não vamos colocar tudo de uma vez”.
“Para tal temos de concluir uma série de passos”, acrescentou. A administração da empresa disse que foi contratada a EY para avaliar o grau de preparação da petrolífera e identificou os gaps em termos de práticas de gestão.
“O road map foi feito”, disse a empresa que admitiu que estão agora a trabalhar com a sociedade Rothschild nas questões da governance, porque a Sonangol quer ser cotada não só na bolsa local como numa bolsa no estrangeiro.
“O passo seguinte que foi dado foi a emissão de dívida obrigacionista”, adiantou a administração.
A Sonangol vai concluir a adopção das normas contabilísticas internacionais (IFRS), admitiu a empresa que disse que estava a trabalhar com a KPMG neste processo.
Depois é preciso obter ratings das agências internacionais, e a Sonangol espera conseguir ter ratings em 2025.
“Antes do IPO (Oferta Pública Inicial) pode haver a emissão de eurobonds”, disse ainda a empresa na conferência de imprensa.
Sobre a Unitel, da parte que é da Sonangol, a venda em bolsa está sob gestão direta do Estado, explicou a gestão.
Resultado líquido da petrolífera angolana Sonangol caiu 41,5% em 2023
A Lusa avançou que a petrolífera angolana Sonangol anunciou um resultado líquido de 3,1 mil milhões de dólares (2,8 mil milhões de euros) em 2023, contra os 5,3 mil milhões de dólares (4,8 mil milhões de euros) de 2022.
Este resultado representa uma queda de 41,5%, num ano que a petrolífera estatal angolana sublinha ter sido “marcado por múltiplos desafios, cujas consequências têm sido visivelmente nocivas, à escala global”.
Em 2023, o volume de negócios da Sonangol foi de 10,9 mil milhões de dólares (10 mil milhões de euros), contra os 13,4 mil milhões de dólares (12,3 mil milhões de euros) de 2022, uma descida de 18,6%.
De acordo com o comunicado sobre o desempenho operacional e financeiro da petrolífera referente a 2023, a instabilidade no ambiente geopolítico e o seu consequente impacto no comportamento dos mercados refletiram-se no preço do barril de petróleo e na rentabilidade dos agentes económicos.
Nesse cenário, as ramas angolanas foram comercializadas ao preço médio de 82,04 dólares por barril contra os 102,21 dólares comercializados em 2022.
O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado atingiu 3,2 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros).
A petrolífera fez investimentos de cerca de 2 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros), dos quais 98% na cadeia primária de valor, com destaque para projetos de desenvolvimento dos blocos 0, 15/06 e 17/20 e desembolsos referentes aos projetos de construção das Refinarias do Lobito e de Cabinda.
Com os referidos investimentos, que representam um aumento de 41% em relação ano anterior, a empresa “reforça a posição no mercado, focando-se na cadeia primária de valor e nas energias renováveis”, salientou a Sonangol.
“Alinhada à sua estratégia de expansão das operações de exploração, a Sonangol retomou as atividades onshore na Bacia do Kwanza, com a perfuração de dois poços nos blocos KON 11 e KON 12, o que resultou na identificação de recursos prospetivos estimados em 80 milhões de barris”, refere-se no comunicado.
Em relação à promoção da autonomia doméstica em termos de produtos refinados, em 2023, a nova Unidade Platforming da Refinaria de Luanda alcançou 221.000 toneladas métricas de gasolina, um aumento de 162% em relação a 2022.
A Sonangol refere ainda que, no âmbito da privatização dos seus ativos não nucleares, foram contratualizados, desde 2019, um total de 190 milhões de dólares (175,6 milhões de euros) e recebidos 66,2 milhões de dólares (61,2 milhões de euros), com 31 ativos privatizados e cinco em curso.
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