Numa entrevista à Reuters, o Chief Executive Officer (CEO) da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins, revelou que está concluído o diagnóstico da empresa e o roadmap necessário para o processo de cotação da empresa em bolsa, até um total de 30%.
“O IPO da Sonangol deverá realizar-se tão logo estejam criadas as condições para o fazer. Pelas tarefas prévias necessárias, prevemos que, até 2027, este processo possa estar concluído”, disse o CEO da petrolífera angolana à Reuters em Portugal.
O CEO adiantou que “estratégia do IPO passa, também, numa primeira fase, por abrir capital na bolsa nacional Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) e, posteriormente, numa bolsa internacional”.
Na mesma entrevista Sebastião Gaspar Martins revelou que vários bancos de investimento demonstraram forte interesse numa Oferta Pública Inicial (IPO) da petrolífera controlada pelo Estado angolano.
A Sonangol está em contacto com vários bancos de investimento e instituições financeiras nos principais mercados de capitais internacionais, que “demonstram um forte interesse em participar e apoiar a Sonangol no processo de listagem”, revela o gestor à Reuters.
Sebastião Gaspar Martins disse ainda que a emissão de 150 milhões de dólares de dívida obrigacionista na BODIVA que está a ser lançada “servirá, igualmente, de ensaio à exigência de preparação de um prospecto, embora com exigência menos rigorosa comparado a um IPO”.
O CEO disse que a Sonangol, que tem um capital social de 12 mil milhões de dólares, tem realizado “estudos sobre a valorização que estão a ser actualizados com o apoio de consultoras especializadas”, na mesma entrevista.
“Importa realçar que o capital social reflecte apenas o montante investido pelo acionista ao longo dos anos, sem ter em conta a projecção da valorização da empresa no futuro,” frisou o CEO.
A Sonangol vai divulgar os resultados de 2022 em Fevereiro e o presidente executivo avança que será revelada a mesma “tendência de melhoria” que se tem verificado, depois de o lucro líquido ter subido 152% para 2,1 mil milhões de dólares em 2021, revertendo perdas anteriores e atingindo o melhor resultado em oito anos. “Para o ano de 2022 é esperado um bom resultado líquido, menos influenciado pelas reversões de imparidades, fruto da boa performance operacional da empresa e a evolução favorável do mercado que constitui o principal ‘driver’ do sector petrolífero”, disse.
O mesmo responsável adiantou que “a sustentabilidade desta performance está a ser assegurada com a entrada da Sonangol no segmento de energias renováveis”.
Sob a liderança do presidente João Lourenço, Angola que é membro africano da OPEP, está a executar reformas ambiciosas para reformular a economia dominada pelo Estado e quer privatizar dezenas de activos, incluindo a ‘jóia da coroa’ Sonangol, cujo IPO estava inicialmente programado para antes de 2022, revela a Reuters.
O CEO da Sonangol diz que Angola está a tomar medidas para mitigar o declínio da produção de petróleo, e que tem o objetivo de investir em novas descobertas. “A longo prazo, a estratégia é continuar a investir na exploração em novas áreas para que novas descobertas possam então substituir as reservas actualmente em produção”, disse. Isto na sequência da Fitch Solutions ter previsto que a produção em Angola caia 20% até 2031 devido à maturação de poços de petróleo cruciais e a uma falta crónica de investimento.
A Reuters confrontou o CEO da petrolífera com o facto de a maioria dos campos petrolíferos de Angola estar em declínio desde há sete anos. Actualmente, o país estará a produzir em média cerca 1,175 milhões de barris por dia (bpd) (de Janeiro a Agosto) – ainda abaixo da quota de 1,45 milhões de bpd da quota da OPEP, segundo a agência. Na resposta o CEO disse que acredita “ser possível reverter esse quadro de declínio para uma taxa menos acentuada”.
O gestor angolano referiu ainda que, “das grandes empresas internacionais a operar em Angola nenhuma começou o processo de alienação de activos” no país africano, “muito pelo contrário, algumas até consolidaram a sua posição, como é o caso da criação da Azule, uma joint-venture entre os britânicos da BP e a italiana ENI.
“Não me parece que no curto/médio prazo venhamos a ter as grandes empresas petrolíferas a abandonarem as suas operações em Angola” disse o CEO da Sonangol, explicando que “uma boa indicação disso é que algumas dessas concessões foram prorrogadas por mais alguns anos”.
O responsável pela Sonangol espera que, nos próximos meses, o preço do petróleo varie entre 60 e 85 dólares por barril.
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