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Sondagem: Marcelo tem cinco vezes mais votos do que todos os outros candidatos juntos

Eleitores do PS seriam aqueles que mais votariam no Chefe de Estado se eleições marcadas para 2021 fossem agora. Com vantagem esmagadora à direita e à esquerda, resta saber se quer recandidatar-se.
13 Dezembro 2019, 08h18

A dimensão da vantagem de Marcelo Rebelo de Sousa na sondagem realizada pela Aximage para o Jornal Económico na qual foi perguntado aos portugueses em que candidato votariam se as eleições presidenciais, que irão realizar-se em janeiro de 2021, fossem realizadas agora pode resumir-se numa única frase: o Chefe de Estado tem, com 69,6%, cinco vezes mais intenções de voto do que a soma dos outros cinco possíveis candidatos que foram apresentados aos entrevistados, o que faria desse ato eleitoral pouco mais do que uma mera formalidade.

Sendo verdade que até hoje nenhum Presidente da República eleito no pós-25 de abril foi derrotado ao candidatar-se a um segundo mandato, com Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva a conseguirem manter-se no Palácio de Belém com maiores (Cavaco Silva não foi além de 52,9% dos votos em 2011) ou menores dificuldades (Mário Soares obteve 70,35% em 1991), os 69,6% de intenções de voto que a sondagem atribui a Marcelo Rebelo de Sousa tornam-se ainda mais relevantes na medida em que os 12,0% de inquiridos que não votariam nessas presidenciais são três vezes mais do que aqueles que escolheriam o segundo possível candidato com maiores intenções de voto: Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP – ainda que possa deixar de o ser no XXI Congresso do partido, marcado para novembro de 2020 -, com apenas 4,0%.

A vantagem de Marcelo Rebelo de Sousa é esmagadora em todo o eleitorado, mas é entre aqueles que votaram PS nas últimas legislativas que atinge maior nível de apoio, com 83,9%, o que superaria os 75,9% de eleitores do PSD que votariam no atual Chefe de Estado (ex-líder desse partido). E também contaria com 68,1% daqueles que votaram no Bloco de Esquerda, 60,9% de quem optou por outros partidos (incluindo o CDS-PP, PAN, Chega, Iniciativa Liberal e Livre) ou votou branco e nulo, e 51,1% dos eleitores da CDU.

Apesar dessa vantagem, o eleitorado da CDU é o único que se apresenta relativamente dividido, pois 32,0% apoiariam uma eventual candidatura de Jerónimo de Sousa, enquanto outros 10,5% dariam o voto ao fundador do Bloco de Esquerda (e atual conselheiro de Estado) Francisco Louçã. Curiosamente, a percentagem daqueles que apoiariam Louçã é inferior entre os eleitores do Bloco de Esquerda (9,5%), sendo a ex-eurodeputada socialista Ana Gomes aquela que mais intenções de voto consegue entre os bloquistas (exceto o atual Presidente da República), com 11,6%, entre os nomes de potenciais candidatos.

A falta de alternativas claras a Marcelo Rebelo de Sousa entre os eleitorados de outros partidos também é evidente no PSD. Apesar de a lista de nomes elaborada pela Aximage e pelo Jornal Económico incluir dois ex-militantes (um dos quais ex-líder do partido), e das divergências entre a liderança social-democrata e o Chefe de Estado, a verdade é que apenas 7,3% daqueles que votaram no PSD nas legislativas escolheriam André Ventura, deputado único e presidente do Chega, se as presidenciais de 2021 decorressem agora, e o resultado de Pedro Santana Lopes, líder do Aliança, seria ainda pior, com apenas 3,5%, menos do que aqueles que prefeririam ver Ana Gomes em Belém (5,1%).

André Ventura consegue também ser o segundo possível candidato presidencial com maiores intenções de voto entre quem votou branco, nulo ou nos outros partidos, atingindo 9,6%, bastante à frente de Ana Gomes (4,3%), ainda que a tendência mais relevante detetada pela sondagem da Aximage seja o elevado peso daqueles que não votariam, chegando a 16,6% enquanto tal percentagem varia entre 2,4% nos eleitores do Bloco de Esquerda e 6,4% nos da CDU.

Mais velhos com Marcelo
Sendo dominante a posição do atual Presidente da República, que tem protelado o anúncio da recandidatura devido a problemas de saúde – prometendo uma definição até outubro de 2020 -, ainda o é mais nos eleitores mais velhos: atinge 80,2% entre aqueles que têm 65 anos ou mais. Por outro lado, entre os mais jovens (de 18 a 34 anos) não vai além de 58,4%, ainda assim a longuíssima distância de Jerónimo de Sousa, com 5,8% num universo de eleitores em que um em cada quatro entrevistados disseram que não votariam ou que não sabem e não respondem.

Mais uma vez, nenhum dos políticos apontados como potenciais adversários do atual Presidente da República obteve fortes apoios em qualquer escalão etário. Nas segundas posições, além do secretário-geral do PCP entre os mais jovens, André Ventura obteve 5,9% dos eleitores entre 35 e 49 anos, Francisco Louçã chegou aos 6,5% naqueles que têm entre 50 e 64 anos, e Ana Gomes atingiu 3,5% entre os que têm 65 ou mais – sendo também esse o melhor eleitorado para Santana Lopes, com 2,5%.

A pouco mais de um ano das presidenciais de janeiro de 2021, Marcelo Rebelo de Sousa, que terá então 72 anos, está numa corrida consigo próprio, tendo a certeza que pode tornar-se o mais velho reeleito desde 1976: Ramalho Eanes tinha apenas 54 anos em 1980, Mário Soares contava 66 anos em 1991, Jorge Sampaio chegara aos 61 anos em 2001 e Cavaco Silva tinha 71 anos em 2011.

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