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“Sotaque pode ser um problema”. Ex-porta voz de Barack Obama discriminada em Espanha

A antiga diretora para os media espanhóis, e ativista, chegou a Espanha em setembro de ano passado, depois de ter sido contratada por uma grande empresa tecnológica norte-americana para coordenar a operação. Quando chegou, Vargas admitiu que teve ajuda de uma “amiga com que tinha trabalhado” para alugar uma casa, uma vez que o “o sotaque podia ser um problema”.
7 Agosto 2020, 13h27

Katherine Vargas desempenhou o cargo de porta-voz do ex-presidente norte-americano Barack Obama entre 2013 e 2015, para os cidadãos de origem latina, e agora, segundo a própria, foi vítima de discriminação racial em Espanha, de acordo com o “El Confidencial”.

A antiga diretora para os media espanhóis, e ativista, chegou a Espanha em setembro de ano passado, depois de ter sido contratada por uma grande empresa tecnológica norte-americana para coordenar a operação. Quando chegou, Vargas admitiu que teve ajuda de uma “amiga com que tinha trabalhado” para alugar uma casa, uma vez que o “o sotaque podia ser um problema”.

“Pareceu-me exagerado e disse-lhe que não, que o melhor era saberem desde o início quem sou. E a verdade é que não tive problemas”, disse Vargas, acrescentando que o problema foi quando quis mudar para uma casa mais espaçosa, para conseguir trabalhar durante o confinamento obrigatório.

“Coloquei-me em contacto com um dos anunciantes do Idealista, uma casa na rua Trafalgar (no coração de Chamberí), e começou a perguntar de onde sou e onde trabalho. Respondi que vivo em Madrid e disse-lhe onde trabalho, mas continuou a insistir, perguntando com insistência de onde sou”, descreve a ex-diretora de comunicação para a comunidade latina.

“Disse-lhe o meu salário, e que o podia comprovar com documentos. Mas como não desistiu, acabei por lhe dizer de onde sou e disse-me que não nos vamos entender e recusa-se a mostrar o apartamento. Nunca nos conhecemos. Protestei mas disse-me que, uma vez que era a dona, decidia a quem alugava a casa”, confessou ao “El Confidencial”.

Na verdade, esta é uma nova dinâmica para Katherine Vargas, uma vez que a legislação norte-americana proíbe os senhorios de fazer perguntas ou comentários relacionados com a nacionalidade de origem a quem tenha interesse em alugar um apartamento.

Só quando se viu confrontada com esta situação é que a ex-porta-voz de Obama descobriu ser um problema comum em Espanha. “Acho importante ressalvar que isto não é uma anedota, porque a maioria das pessoas que sofrem discriminação não têm contacto com jornalistas como eu, nem são americanos como eu”, sustentou à publicação.

Na opinião da ex-porta-voz, plataformas como o Idealista deviam ter um guia claro para estas situações, tomando como exemplo o Airbnb. “Eles devem deixar as regras do jogo claras na altura de utilizar os serviços, alertando que ninguém pode ser discriminado por causa da nacionalidade de origem. Entendo que se façam todas as perguntas sobre a capacidade de pagamento, mas ninguém quer saber onde nasci”.

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